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MTP: o MVP que você confia

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MVP: não se fala em startup sem essas três letras. Elas criaram negócios de bilhões de dólares. Elas são a base da inovação ágil, como conhecemos no mundo da tecnologia. Elas mudam tudo. Elas formam o Minimum Viable Product, ou melhor dizendo, a versão mais simples de uma inovação que consegue provar a sua tese e trazer algo novo para seus clientes e potenciais clientes. Mas o que acontece quando uma empresa precisa inovar rapidamente, para sair na frente de um concorrente, mas não pode correr o risco de explodir no espaço, e aqui, literalmente como no caso da disputa de Bezos e Branson? Ou então, correr contra o tempo para a busca de uma vacina mas tendo que garantir a saúde e a vida das pessoas? Em resumo, o que acontece quando uma empresa não pode se dar ao luxo de errar rápido até acertar? Conheçam o Minimum Trustable Product, ou MTP.

MTP?!

Se vocês já acompanham o Morse não é de hoje, sabem que já questionamos um tanto o modelo de MVP, chegamos, inclusive, a falar sobre o Most Awesome Product (MAP) e sobre o Most Lovable Product (MLP). Agora, vamos ao MTP. Diferente do MVP, o MTP, ou Minimum Trustable Product, já foi testado algumas vezes antes de ser lançado, afinal, é preciso de testes para se criar produtos seguros o bastante. E, no caso de algumas indústrias, como a farmacêutica, a medicina, a automotiva ou a espacial, segurança e inovação precisam andar lado a lado. Isso não significa, no entanto, que o ciclo de lançamento dos produtos tem que ser mais longo…

Trust in the air

Uma das formas de chegar no MTP é seguir a cartilha de Elon Musk: ir para o espaço, ou melhor, diminuir o espaço de ir para o espaço. Aqui ninguém deve duvidar que lançar um foguete é um trabalho que custa MUITO caro – Jeff Bezos está aí para provar. Desde os anos 70 até mais ou menos 2000, o custo de enviar uma aeronave para fora da órbita da Terra foi em média de US$ 18.5 mil por quilo (da espaçonave). Alguns lançamentos da NASA chegaram a custar US$ 54,5 mil por quilo. Quando entrou nesse mercado, Musk, atento a esses números, entendeu que eles eram um grande entrave para se lançar um produto espacial rapidamente; a saída? Cortar o custo onde podia, mas sem colocar a segurança em risco. E para isso foram atrás de aprender com o erro dos outros e usaram a análise de dados e aprendizado rápido de todas as tentativas de ir ao espaço. Com um sistema centralizado de análise de dados, todas as equipes da SpaceX têm acesso às informações detalhadas sobre os lançamentos passados e futuros da empresa; assim, antes de colocar o bichão de algumas toneladas para sair da terra, os engenheiros e designers comandados por Musk fazem diversos testes em um ambiente de software; no chão da fábrica. Quem desenvolve o foguete também tem acesso às mesmas informações, incluindo aí dados sobre o interior do foguete. Outro caminho que levou a Space X a diminuir bastante os custos e, com isso, o ciclo de lançamento (do foguete até o espaço) foi a reutilização de partes de foguetes anteriores para os novos, “refurbishing” de partes que funcionaram. Colocando todos esses fatores, a empresa de Musk não só levou menos de seis anos entre ser criada e fazer um lançamento de sucesso para o espaço, como também chegou a um custo médio de US$ 2,72 mil por quilo. Com essa diminuição brutal, a Space X conseguiu levar para uma indústria, especialmente difícil, um processo típico de um MVP, ou melhor, MTP: a iteração (não escrevemos errado não, palavra nova em seu vocabulário). Usando as palavras de David Giger, um engenheiro da Space X: “a Space X foi construída em teste, teste, teste, teste. Nós testamos enquanto voamos”. E essa combinação de testes e mais testes, cruzadas ao processo criativo, e de inovar, que é a grande diferença entre o MVP e o MTP.

Trust the Vaccine

A capacidade de testar rápido porque cortou custos na hora de produzir os protótipos mais seguros também foi essencial para algo que está, nesse momento, salvando algumas milhões de vidas pelo mundo: a vacina contra a Covid 19. Sim, estamos falando das tais “vacinas de mRNA”, distribuídas pela Moderna e pela Pfizer. Em linhas gerais, um RNA modificado, ou mRNA, é um RNA sintético, mais ou menos “imitando” as ações do vírus dentro do nosso corpo, permitindo que ele crie anticorpos contra esse vírus. No mundo real, o que elas trouxeram foi rapidez para a fase inicial de pesquisa, já que, produzir uma cepa de vírus correta e em massa, bem como manter as culturas celulares e os sistemas todos que mantém esses vírus no laboratório, acrescentam não só custo, como também tempo para a fase mais inicial da criação de uma vacina. Com o “plug and play” do mRNA, as farmacêuticas puderam se concentrar no que importa: o “trustable”, ou seja, os testes em pessoas. Depois que recebeu a sequência do genoma do SARS-Cov2, a Moderna levou quatro dias para criar o mRNA necessário para a vacina. Isso porque eles conseguiram entender um grande diferencial do vírus, a tal da coroa, logo, eles focaram a “ação” do mRNA em atacar essa parte. A companhia começou, então, a fazer pequenos testes em ratos para entender se o produto poderia funcionar e, em menos de dois meses, chegaram aos testes em humanos.

Trust the Botox

A rapidez ao entender a resposta do público foi o que a Allergan, criadora do Botox, acabou trazendo para transformar o seu produto – e trazer o tal agile para a mesa quando se trata de criação de novos serviços. O que eles fizeram foi trilhar um caminho que muitas marcas de fora do mundo farmacêutico estão fazendo: falar diretamente com os consumidores. Eles lançaram três ventures voltadas, exatamente, para entender o consumidor final e, assim, diminuir o tempo de revisão dos seus produtos e melhorá-los a tempo de testes mais rápidos.

In data we Trust

Talvez um ponto que permeia todos os casos que falamos aqui sejam os dados, são eles que tornam possível se criar ambientes de testes seguros, antes do fatídico lançamento final. E é entendendo eles de uma maneira mais abrangente, que grandes companhias conseguem fazer o ciclo de melhoria dos produtos, algo crucial no modelo do MTP – e do MVP também.

Trust the Process

Além dos dados, há um pensamento importante a se passar aqui: pensar nos processos. Nem sempre inovar é algo que está só no produto final. Tanto a Space X, quanto a Moderna, ou a Blue Origin, deram um passo para trás para poder inovar, olhando quais eram as partes mais controláveis de todo o grande ciclo de desenvolvimento de um produto que, se der errado, pode ser catastrófico. E, assim, conseguiram cortar custos, cortar tempo e, no final das contas, chegar ao MTP. Um produto confiável, testado, mas lançado como se fosse uma startup.

E o que um foguete tem haver com a sua empresa?

A necessidade contínua de inovar, com novos produtos, serviços e modelos de negócios, e fazendo isso rapidamente para sair a frente de seus concorrentes, tem criado novas dinâmicas dentro das empresas. O desenvolvimento ágil e o uso dos MVP’s possibilitaram essa aceleração. Mas, é sempre importante mapear quais erros não podem acontecer, quais riscos não se podem correr, e com isso deixar claro em todo processo criativo, onde a corda pode esticar, e onde os riscos precisam ser mitigados, e o quão necessário será. Assim como nos OQR’s, uma visão complementar aos OKR’s que já falamos aqui, abrir espaço para inovar já com alinhamento geral sobre os riscos que uma empresa pode ou não correr mapeados, é a melhor forma de dar a liberdade para inovação fluir. E sim, sabemos que nem todo mundo que nos lê desenvolve foguetes, mas sabemos que todos correm o risco de levar o seu negócio pro espaço, e aqui no sentido que vocês não gostariam, se não organizarem seus processos para inovar. Que a ida de Branson e Bezos ao espaço, e principalmente a volta deles em segurança, mostre que é possível sim inovar, e muito, sem colocar o seu negócio em risco de se ver perdido no espaço…

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