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Business retrofit: você conhece?

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O que um prédio tem a ver com o seu negócio? Ambos são construídos por pessoas, exercem uma ou múltiplas funções para a sociedade e, em algum momento, ambos precisam de uma reforma. No caso dos prédios, existem aqueles que preferem demolir e construir do zero. No caso das empresas, também – o famoso “pivot”. Mas o que queremos falar aqui é diferente: quando o prédio antigo passa por uma remodelagem, mas segue mantendo a mesma estrutura e alicerces e a mesma função para o lugar.

Mas por que estamos falando disso aqui?

Com tudo que vem acontecendo no mundo da transformação digital, não é incomum encontrar empresas, e aqui não estamos falando de StartUps, mas sim de “firmas” mesmo, com desafios existenciais, derivados das mudanças do mercado, que podem da noite pro dia fazer que um negócio se torne desatualizado, perdendo mercado, receita e valor… No caso de uma StartUp, ainda em formação, sem uma tese provada, com sua leveza e agilidade para mudar, quando isso ocorre é muito comum fazerem o pivot, que é praticamente “meter o pé no freio” e puxar um cavalo de pau. Mas e numa grande corporação? Será que vale mais a pena o pivot, e correr o risco de acabar encalhado no meio do cavalo de pau, como uma embarcação no Canal de Suez, ou fazer um “business retrofit”? Trazendo as novas metodologias de gestão e modelo de negócios para alicerces que muitas vezes já estão formados mas que precisam de um extreme makeover, tanto da porta pra dentro, quanto pra fora.

“Business Retrofit” como tese de investimento

Boa parte dos investidores, sejam pessoas físicas, sejam estruturas profissionais, pensam em investimentos de risco em inovação olhando para StartUps que estejam surgindo. São negócios ainda em formação ou provação, mas que tem um grande potencial de alavancagem. Porém, existem algumas teses de investimento que, assim como na construção civil, que estamos usando como paralelo de raciocínio dessa news, buscam investir em empresas que já possuem seus alicerces e que querem agora fazer o retrofit para se adequar ao novo mercado e se tornarem mais escaláveis, inovadoras, e por consequência, mais valiosas.

De loja de presentes à SuperApp

Querem um exemplo prático da oportunidade que citamos acima? O que existe de mais “antigo” no mundo dos negócios no Brasil? Uma rede familiar de varejo físico poderia entrar na lista? E o que existe de mais atual? SuperApps? E dizer que um dos mais tradicionais varejos físicos do Brasil, que obviamente veio se transformando nos últimos tempos, é hoje quem está mais a frente em se tornar um SuperApp no Brasil? Sim, estamos falando do Magazine Luiza, o varejo que se tornou e-commerce e depois se tornou marketplace e agora migra para ser não só um superapp, mas um ecossistema do varejo digital brasileiro, contando com área de ads, área de conteúdo e diversas marcas acopladas ao varejo. Seus concorrentes, e benchmark, são todos nativos digitais, e aqui um business retrofit colocou o Magalu pari passu com as inovações do mercado. Falando em varejo, o MadeiraMadeira também foi um site que começou pensando apenas em e-commerce e acabou migrando para ser mais um marketplace e também um fornecedor para o segmento – o que ajudou quando chegou ao seu valuation de unicórnio recentemente.

Mas antes, um café!

Para ler esse caso gringo, indicamos tomar um café. Porque a Starbucks é um dos principais exemplos de “business retrofit” contínuo no mundo dos serviços. Para quem não sabe, a empresa foi fundada em 1971 com um lema: levar café de qualidade para o público em geral. O “como” que mudou com os anos. Lá nos anos 70, eles vendiam máquinas de café espresso. Depois, passaram a ter uma rede pequena de cafeterias, mas o negócio não estava decolando. Foi só quando Howard Schultz entrou na empresa, lá no final dos anos 80, que o rebranding aconteceu: ele levou para a rede a ideia de criar lojas menores, com um conceito de “grab and go”, e oferecendo o mesmo café “premium” das máquinas que vendiam. E se você acha que parou por aí, não. Porque, lá no começo dos anos 2010, a empresa passou a aumentar a sua pegada mobile e digital e criou o Starbucks Rewards, uma plataforma de fidelidade que funciona num app e também habilita o pagamento móvel (por um tempo, foi um dos principais meios de pagamento digital dos Estados Unidos).

Nova moda!

Aqui no Brasil, algumas empresas passaram por esse movimento. A mais recente foi o banco Modal. Conversamos com Herman Bessler, CEO da Templo.cc consultoria que ajudou na transformação digital e organizacional do banco Modal antes do IPO. E ele contou para a gente um pouco do processo. “Chegamos no momento que o Credit Suisse tinha comprado parte do negócio e já tinham intenção de abrir o capital e dar o próximo passo. O que acabamos fazendo foi desenhar cenários de futuro para o banco olhando para as fintechs e para os bancos brasileiros, construímos o entendimento de que, para estar no ambiente de investimentos, é preciso pensar no bem estar financeiro do cliente”, explicou Bessler. A discussão levou o Modal a comprar sete startups, duas delas foram neste ano, uma de big data e outra de open finance, tudo de olho nessa nova visão de que estão num negócio de bem estar financeiro, e não exatamente no negócio de bancos. Com isso, eles também passaram a investir no ecossistema e no investment as a service no ambiente de open banking. “O importante é que toda essa mudança aconteceu, mas eles continuam sendo um banco digital de investimento. Continuam com o mesmo DNA, mas agora com outros modelos de negócios”, disse Herman. Ou seja, um retrofit de sucesso!

Vindo lá de BH…

Outra empresa que passou por um processo parecido? A financeira Intermedium, fundada em 1994 em Belo Horizonte. Conhecem? Um negócio familiar, criado como negócio adjacente a uma empresa de engenharia, a MRV, com foco em crédito imobiliário. Mas porque estamos falando dela? Porque um “business retrofit” transformou a operação financeira de BH numa fintech de peso, batendo de frente com Nubank e grandes bancos. Sim, você já ter ter matado a charada, estamos falando do Banco Inter, ou, depois da mais recente etapa de seu retrofit, o Inter.

Uma barbearia móvel

Para os meros mortais que leem todos esses exemplos e começam a achar que o retrofit é apenas para as grandes empresas, queremos falar apenas um nome Matheus Ernica. O paulistano é barbeiro e se viu numa situação extremamente complicada durante o começo da pandemia, já que a barbearia em que trabalhava foi obrigada a fechar. Ernica então pensou em como poderia fazer para servir os seus clientes sem ter o espaço físico e chegou a um plano de atender os seus clientes em domicílio, ele pegou a sua cartela de clientes e disparou mensagens, informando da nova modalidade. O resultado: sua agenda estourou. Para isso, ele usou algumas ferramentas digitais super simples, como o WhatsApp, o Google (ambas que, segundo Ernica, ele aprendeu a setar com tutoriais do YouTube) e as soluções de agendamento online. Isso não foi um caso isolado, de acordo com pesquisa do Sebrae, 92% das pequenas e médias empresas tiveram que reinventar seus negócios durante a pandemia. É só pensar na quantidade de restaurantes que acabou optando por se tornar apenas uma dark kitchen.. Isso tudo, a nosso ver, é um retrofit parecido com o do Banco Modal, ou BrMalls ou Starbucks: afinal, o DNA da empresa se manteve o mesmo, mas houve uma mudança na maneira de se praticar o core. E aqui é importante mostrar que as ferramentas de tecnologia foram apenas um meio, o mais importante foi o pensamento como o de Matheus: como posso servir meu cliente melhor nesse momento?

Não é só a pandemia!

E se você já passou por essa “reforma” e está sentindo aquele alívio, pensando que acabou e agora só na próxima década, saiba que não é bem assim que a banda toca. “Hoje a mudança do mundo é exponencial, não é mais a previsibilidade que é importante. O mudo muda muito rápido. E nenhuma organização pode se dar ao luxo, hoje em dia, de falar que já passou pela transformação e parar por aí. Ela precisa ganhar adaptabilidade”, falou Bessler. Para ele, a adaptabilidade faz com que o negócio – e, principalmente, as pessoas dentro dos negócios – ganhem resiliência e tornem a mudança um hábito. Assim não há navio que encalhe, já que todo mundo ali já está atento para cada mudança de vento ou do mar.

Plim-plim

Falar de cases que já aconteceram às vezes nos faz parecer engenheiro de obra pronta, no caso, arquiteto de obra pronta, já que estamos falando de um retrofit. Por isso, é importante também comentar sobre as empresas que estão, nesse exato momento, passando por esse quebra-quebra para dar um up no “visual”. Uma delas é a rede Globo! A maior empresa de mídia do País tem caminhado cada vez mais para transformar o seu produto, indo de “apenas” televisão para entretenimento digital. Com isso, já vimos o lançamento do Globo Play, todas as iniciativas de conteúdo mobile da empresa e, principalmente, os esforços para entenderem os dados dos usuários para, em retorno, oferecer um serviço para as marcas. Durante o Big Brother Brasil deste ano, a Globo testou a “mesa de perfomance”, uma plataforma que capta dados pela internet, e permite saber não só o momento em que o consumidor viu a publicidade, mas também a hora em que ele decidiu comprar o produto – ou baixar o aplicativo. Para os anunciantes, é possível entender o impacto das campanhas na televisão, só que de forma digital, inclusive com granularidade de analytics. Em outras palavras: a Globo está se tornando, silenciosamente, uma Big Tech. Que grande retrofit, né?!

Engenharia da transformação digital

Se no retrofit da construção civil existem os players que possuem o know-how e a capacidade de execução para essa transformação, no mundo dos negócios não seria diferente. E justamente pela crescente demanda de empresas precisando readequar seus negócios, o “Business Retrofit” virou um business em si e, vejam só, também tem passado pelo seu retrofit… Ficou confuso? É simples, o que no passado era vendido como Consultoria Empresarial ou Consultoria de TI evoluiu para um novo modelo de negócio, no qual empresas especializadas ajudam não apenas a identificar as oportunidades de evolução para seus Clientes mas entram também para ajudar na execução, aplicando suas metodologias mas entrando também no dia a dia, montando squads dentro dentro dos seus Clientes, para facilitar e agilizar essas transformações. Negócio esse que explodiu na pandemia e tem seus próprios unicórnios mundo afora, e inclusive no Brasil, com a CI&T que deve fazer o seu IPO em breve.

Dá o Play no Playbook

O mais interessante de muito do que falamos aqui é que, em sua maior parte, seguem playbooks já testados e validados mundo afora. Magalu seguiu no começo o Playbook da Amazon e depois dos chineses do Alibaba. Modal seguiu o Playbook do Eric Ries, adotando conceito de lean startup. Isso não tira de forma alguma o mérito de quem executou os projetos, pois de visão de mercado a capacidade de execução, existem diversas habilidades necessárias para fazer acontecer. Mas o ponto aqui é mostrar os caminhos para quem quiser iniciar um retrofit em seus negócios, já que muitos estão sendo desafiados. De livros como Organizações Exponenciais, do Salim Ismail, a cursos e viagens de imersão no Silicon Valley, realizadas por empresas como a StartSe, o primeiro passo para fazer o extreme makeover do seu negócio está logo ali. E também aqui, no Morse 🙂

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