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Flintstones & Jetsons

E uma reflexão sobre Inovação e Futurologia

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Quebrando as pedras da inovação

Quem aqui nunca resolveu um problema do dia a dia de forma não muito tecnológica? Dos post-its espalhados pela casa à bolacha de chopp dobrada para calçar uma mesa no boteco. Usar os recursos ao seu redor, por mais estranhos que possam parecer, para solucionar problemas e desafios foi a base da série de desenho animado criada por  William Hanna e Joseph Barbera, os Flintstones, lançada em 1960, na qual o uso de pedras, madeiras e animais (no caso os dinossauros) recriavam as inovações da época de forma rudimentar, mas transmitindo um conceito de eficiência. Outras séries também traziam esse conceito como McGyver, de 1985, no qual o agente secreto conseguia salvar o mundo de qualquer problema usando recursos como um grampo de cabelo, uma goma de mascar e alguns outros acessórios do dia a dia. Ou seja, a busca por inovação sempre esteve presente na vida das pessoas, tanto pessoal quanto profissional, e sendo retratada no mundo do entretenimento.

Desenhando o futuro

Já que estamos inspirados nos desenhos e séries antigas, aqui vai mais uma ( e prometemos que a última por hoje). Saindo da praticidade de resolver os problemas com itens que estão ali ao seu alcance, que tal ir para o extremo da futurologia que poderia ser imaginada na época? Em os Jetsons, produção que contrapunha a idade da pedra dos Flintstones com um mundo vivido no espaço e altamente tecnológico, Hanna e Barbera, apresentaram ao mundo, dezenas de anos antes, conceitos que hoje em dia começam a se materializar como um robô assistente na casa de qualquer pessoa, a telepresença e diversas outras inovações tecnológicas.

Inovação vs Futurologia

Ambos os desenhos de Hanna Barbera, Os Flintstones e Os Jetsons, tinham claramente conceitos de inovação ao exagerar em situações e problemas do dia a dia com soluções criativas, sejam elas rudimentares ou altamente tecnológicas. E aqui, acho que abrimos um ponto super importante para uma análise sobre inovação dentro das empresas. No mundo em que vivemos o avanço exponencial da tecnologia cria sim um ecossistema complexo para qualquer tipo de negócio, no qual conseguir se antecipar a essas mudanças pode ser uma grande vantagem competitiva, ou até mesmo a garantia de subsistência em alguns casos. Dito isso, o tema futurologia entrou de vez na agenda das empresas, futurólogos ou futuristas (aqui cabe um Morse só para falar sobre as opiniões sobre qual nomenclatura utilizar) viraram palestrantes, consultores e até celebridades. A Emy Webb é um desses exemplos. Criadora do Future Today Institute, Emy ficou conhecida pelos seus relatórios completos de projeções e tendências tecnológicas, o “Tech Trend Report” lançado anualmente no SXSW e tem uma metodologia própria de foresight (que colocamos aqui, caso estejam interessados!). Mas, será que inovação, transformação digital e futurologia deve, ou mesmo pode, ser colocado junto no mesmo barco?

Inovação na prática e na raça

Na semana passada foi pro ar o nosso MorseCast com o Andreas Blazoudakis sobre “Metodologias para escalar a Inovação”. Nele Andreas trouxe exemplos práticos de sua jornada como fundador e executivo de empresas que realmente inovaram e criaram novos ecossistemas como Movile, iFood, PlayKids, Delivery Center, Netspaces dentre outras. Recomendamos muito escutar o podcast na íntegra pois a conversa foi realmente muito rica e bacana, mas vamos dar um spoiler aqui de algumas partes da conversa pois se encaixam muito bem em nosso papo de hoje aqui no Morse Trends. Em uma das viagens que fez para China, justamente na busca de novas tendências e análises de futuro para manter o ritmo de inovações dentro da Movile e suas operações, Andreas comenta que na volta, quanto todos os demais executivos e acionistas estavam ansiosos para saber quais seriam as novidades, ele apresentou uma única “tendência”, que segundo ele foi simbolizada por um tijolo. Sim, imaginem que numa empresa que revolucionou o mercado mobile, praticamente inventou e popularizou as entregas a domicílio, e criou uma nova categoria de entretenimento infantil, o aprendizado de uma viagem ao polo da inovação digital do mundo, a China, traz como insight a criação de estruturas físicas… Bom, assim nasceu a Delivery Center, dentro de um novo conceito global de microdistribuição que suporta hoje as operações de delivery que conhecemos e tem outros players como a Daki ou as dark stores a Rappi.

Só tech pode inovar?

Um grande erro das empresas é olhar a inovação apenas pelos olhos dos Jetsons e não pelos Flintstones, ou seja, achando que a inovação virá sempre de uma nova tecnologia, que por consequência será desenvolvida apenas por pessoas que entendam e muito de programação, software, blockchain etc. Sim, é óbvio que num mercado em constante evolução, como já comentamos acima, abrem-se oportunidades para inovar, mas existem também as inovações que andam às margens da tecnologia. Inovações de processos, de fluxos, de comunicação, de abordagem com clientes e por aí vai. Em um outro MorseCast, com o Bruno Stefani, Global Innovation Director da InBev, também tivemos inovação como pauta, falando sobre os KPI’s da inovação na Ambev (aqui também vale muito o play). No papo, Bruno comenta como a inovação na empresa deve permear as áreas e não está dependente de um grupo de pessoas ou de uma nova tecnologia. Com diversas inovações em produtos, marketing, distribuição e por aí vai, muitas delas surgiram com foco nas pessoas e na eficiência, e não na tecnologia.

Low code, high opportunities

Apesar de não achar que devemos olhar a tecnologia como ponto central para inovar, sabemos sim que ela pode ajudar e muito na hora de colocar um novo produto ou serviço no ar, mesmo que seja um MVP. No podcast com Andreas, ele comentou como que o PlayKids nasceu fazendo uso “apenas” de mini site super simples com 12 vídeos listados em forma de scroll… Ou então como o Leiturinha, um outro produto da PlayKids, nasceu em 24 horas, das mãos de um estagiário, também fazendo uso de uma landing page simples cara coleta de leads de interessados. Ambos os produtos não nasceram baseados em avanços tecnológicos de ponta como NFT, blockchain etc, muito pelo contrário, o Leiturinha é na verdade uma nova forma de se vender livros físicos… sim, de papel… 🙂 Mas em ambos os casos o uso de tecnologias simples, que são chamadas de “low code“, ou “no code“, permitiram tirar o MVP do papel. E aqui que existe uma oportunidade para que realmente a inovação permeie cada vez mais áreas e profissionais. Já falamos bastante aqui e aqui sobre as mudanças que devemos ver com o avanços das soluções “com pouco código” ou “sem código”, na tradução literal. O número de empresas, e profissionais, que começam a buscar soluções digitais simples para otimizar e inovar em seus trabalhos vem crescendo tanto que por aqui fizemos a nossa aposta, e inovação, criando um marketplace para facilitar esse processo de descoberta, comparação e contratação de soluções simples como as utilizadas para lançar o PlayKids e o Leiturinha do exemplo acima. Foi assim que nasceu o digitaliza.ai, nosso marketplace de soluções digitais.

 Dilema da Inovação

O dilema de quem quer inovar é um conceito super interessante, que o Bruno Prata bem explicou em nosso LearningCast, e que deve ser pensado não apenas sob a ótica das empresas, mas também das pessoas. No podcast o Andreas comentou como, na época em que era o gestor da Movile, eles decidiram, por indicação do fundo que havia acabado de investir na operação, separar a “gestão do hoje”, da “gestão do amanhã”. Isso porque, segundo Andreas, “é complicado você ao mesmo tempo ser o dono do paradigma e ter que quebrar o paradigma”, e por isso a necessidade de ter pessoas, e cabeças, diferentes, analisando a mesma situação. Ou seja, para inovar, é sim importante ter uma visão de futuro e tecnologia, mas o mais importante é você entender e saber desafiar o hoje, olhando os principais ativos, processos e entregáveis de sua empresa, sua área, seu trabalho, e se perguntar: Daria para fazer diferente? E se der, ter uma metodologia para testar e analisar se o diferente é melhor ou apenas diferente.

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