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Mudança de hábitos

Novas oportunidades e desafios na economia de ecossistemas

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Mudança de hábito

No Ghost Interview desta semana nossa “convidada” foi a Whoopi Goldberg, que todos devem conhecer como a freira do filme “Mudança de Hábito” mas que tem uma trajetória super interessante como empreendedora e investidora. Mas aqui, queremos falar sim da mudança de hábito, não do filme protagonizado pela Whoopi, mas de um outro projeto em que ela se envolveu, que ficou conhecido como um dos maiores fracassos da internet, mas que provavelmente, se fosse criado hoje em dia, com os novos hábitos, teria tido maiores chances de sucesso. Estamos falando do Kozmo, uma empresa online que foi lançada em 1998 (atenção à data) e prometia um sistema de delivery gratuito, com entregas em até uma hora, de vídeos, jogos, dvds, música, revistas, livros, comida e até café do Starbucks, em várias grandes cidades dos EUA. Porém, a operação não deu certo por vários motivos (e opiniões) e com o impacto da bolha da internet, fechou sua operação em Abril de 2001. Apenas a titulo de curiosidade, a marca foi comprada pela Yummy.com em Janeiro de 2013 e relançada em Março de 2018.

O sucesso de hoje em dia de operações como iFood, Rappi, Daki, EmCasa etc, nos mostram que o conceito fazia sentido, mas talvez o timing fosse errado, porque o hábito, tanto de buyers quanto de sellers, ainda não existia…

O hábito de hoje em dia

Passados alguns bons anos, o hábito de comprar e vender online, demandar serviços e meios de transporte, tudo de forma gratuita ou barata, com prazos no mesmo dia, na mesma hora, ou em alguns casos em alguns minutos, já faz parte de muitas pessoas e negócios. Muita tecnologia e inteligência de dados foi criada nesse meio tempo em busca da eficiência máxima de custo e tempo, tudo com foco em atrair mais e mais clientes, até porque, esse tipo de modelo é muito conhecido no conceito de “the winner takes it all”, ou seja, o ganho de escala e de demanda cria os players incontestáveis que viram os dominantes. Porém, os desafios mais recentes começam a surgir do lado do sourcing, ou seja, da oferta.

A conta também chega

Nesta edição do Morse Trends, quando falamos da Great Resignation, trouxemos uma provocação; essa busca frenética por otimização tem sido pautada apenas no uso de tecnologia ou também numa pressão exagerada sobre a cadeia que viabiliza esses serviços, mais especificamente sobre outros fornecedores, trabalhadores e prestadores de serviços? Uma frase que trouxemos ao final da news, e que gerou diversos feedbacks positivos de nossa audiência foi: “o que muda 10 minutos a mais ou a menos na entrega da pizza? E, o principal; o que muda na estrutura, e na pressão dos colaboradores, das empresas que fazem a entrega da pizza, esses 10 minutos a mais ou a menos?” Bom, a conta chegou, algumas plataformas que dependem de sourcing, seja de empresas ou de profissionais para atender a sua demanda começaram a perder tração já que os viabilizadores dessa cadeia começaram a fazer conta e ponderar diversas variáveis sobre fazer parte ou não dessa cadeia. E o resultado podemos ver na prática com o Uber em Nova York começando por exemplo a incluir os táxis em seu aplicativo, uma forma rápida de aumentar o sourcing num momento de desafio de oferta.

Efeito boomerang

Você já deve ter passado pela seguinte situação, você usa há um bom tempo um aplicativo de transporte muito bem conhecido, contudo, sempre há aqueles problemas de cancelamento, demanda e incertezas da experiência que você terá. O que antes parecia uma experiência diferenciada, hoje não supera mais as expectativas. Eis aí uma oportunidade para um novo aplicativo, com a mesma funcionalidade, mas com algumas com diferenças, a regionalidade e proximidade do local que você vive e uma forma diferente de se relacionar com a cadeia de valor local. Você então passou a confiar mais na empresa próxima e regional que te oferece também uma experiência da economia compartilhada do que aquela com posicionamento global.

Will the winner takes it all?

A criação de novas soluções digitais mais regionalizadas e nichadas vem crescendo nos últimos tempos, desde um transporte nichado para mulheres com mais segurança, como a Lady Driver, até delivery mais regionais como o Delivery Much que vem crescendo em regiões não atendidas pelos grandes players. Nesta semana demos a notícia do  Valeu, novo aplicativo de delivery projetado pela Prefeitura do Rio de Janeiro que com uma abordagem mais focada nos entregadores, e clientes, com taxas reduzidas e regionalização. Esse assunto inclusive também já foi pauta aqui quando falamos de open delivery. No caso da Prefeitura do Rio, a iniciativa vem após o sucesso do TAXI.RIO, que nasceu com foco em organizar os Taxis da Cidade Maravilhosa e agora, vejam só, está expandindo para outras Cidades Brasil afora, como sinaliza a própria inciativa em seu site “O TAXI.RIO, aplicativo de táxi da Prefeitura do Rio, agora é TAXI.RIO CIDADES. Todas as cidades brasileiras poderão contar com o serviço de qualidade que o município do Rio de Janeiro já conhece.” Em resumo, nos dias de hoje, entender o lado do sourcing está se tornando uma grande oportunidade para diferenciação, gerar oferta qualificada, e com isso ganhar demanda.

Oferta descentralizada

O conceito de economia compartilhada em serviços já faz parte de nosso dia a dia, mas e quando a oferta passa a estar descentralizada no varejo e a na indústria? Compartilhamento de itens do dia a dia não é novidade, e várias startups já atuam nesse mercado, mas essa semana uma notícia pegou alguns de surpresa, a Magalu lançando, em parceria com a Housi da Vitacon,  seu serviço de aluguel de eletrodomésticos, isso mesmo, agora será possível alugar itens do cotidiano na plataforma VaiVolta da companhia. Este novo modelo representa um nicho de mercado que está disposto a mudar a forma como se consomem certos itens e produtos do cotidiano, seja alugando eventualmente ou de forma contínua. Outra marca que está de olho em novos modelos de consumo é a própria Apple que está trabalhando na venda de iPhones e iPads como parte de um serviço de assinatura de hardware e este serviço pode ser lançado ainda no final deste ano ou no início de 2023. Aqui no Brasil já existe a Alugattor que presta o serviço de assinatura de iPhones. 

O desapego vem marcando novas tendências, e na moda, já é uma realidade! Entre 2020 e 2021 houve um aumento de 48,58% na abertura de lojas que comercializam produtos de segunda mão, seja brechós ou aluguéis de roupas. Os  brechós ganharam posicionamentos fortes em nichos diferentes, como por exemplo o brechó “Desapega q a vida carrega” da empreendedora Natália Martinhão que faturou R$ 3 milhões no Nordeste. O desapego influenciou também os serviços de aluguel de roupas e acessórios que cresceram forte nos últimos anos, são várias as plataformas de aluguel nichadas e regionalizadas e que chama a atenção de grandes marcas, como a própria Riachuelo que lançou no ano passado sua plataforma de aluguel de roupas em parceria com a Clorent

As novas soluções regionalizadas e nichadas percorrem diferentes segmentos como comentamos. As próprias bikes que nos lembram diariamente da economia compartilhada de nicho tiveram um salto durante a pandemia e representam um novo comportamento do consumidor, 46% dos usuários passaram a pedalar mais na pandemia e 40% acessam a facilidade pelo menos 3 dias por semana. Até 2025 é possível que a economia compartilhada renderá ao mundo 335 bilhões de dólares em receitas, e isso também inclui estes novos modelos de negócio e consumo. 

DAO: O novo hábito das plataformas

Começamos o #MorseTrends de hoje falando sobre hábitos, e como eles podem ser a porta de entrada e transformação, seja para o sucesso ou para o fracasso de mercados e até ecossistemas inteiros. Em 1998 talvez fosse cedo demais para a iniciativa da Whoopi, mas depois o hábito mudou a regra do jogo e permitiu um crescimento acelerado de diversos unicórnios mundo afora. Porém, será que um novo hábito está mudando? O hábito de quem viabiliza esses ecossistemas e plataformas? O hábito de pesquisar mais, fazer contas e entender qual o melhor canal para oferecer seus serviços e produtos? Cases como o Valeu e Taxi.Rio mostram que existe espaço para players que queiram atuar criando plataformas e ecossistemas que deixem mais valor para a cadeia. E aqui cabe um tema super relevante para o momento, será que todo ecossistema ou plataforma precisa de uma grande empresas operando por trás? Ou será que eles não poderiam se organizar sozinhos? O conceito de DAO, decentralized autonomous organizations, pode ser uma grande mudança em serviços que hoje conhecemos, tendo uma nova forma de criação e gestão de tecnologias para viabilizar a prestação de serviços ou venda de produtos. Mas e as grandes empresas, teriam de ficar de forma desse jogo? Não necessariamente, mas talvez mudem o seu papel na cadeia. Exemplo? Vamos pegar o caso do Vaivolta da Magalu. Será que uma plataforma para viabilizar que vizinhos emprestem, ou aluguem, furadeiras uns para os outros precisa ser operada por um grande varejista? Com altas taxas e fees? Ou poderia ser uma DAO? Por outro lado, é necessário ter os produtos disponíveis, com uma grande capilaridade já que no caso de empréstimo, diferente da venda, a proximidade vira um ponto chave, e o varejo tem essa missão. Não poderia então um varejista, no caso a Magalu, ter um modelo de venda subsidiado para quem aderisse ao Vaivolta? Ou seja, você pode comprar a sua furadeira por 50% do valor de mercado, mas por contrato você é obrigado a deixar ela disponível para locação no vai volta. Nesse caso, o varejo teria um estoque avançado, viabilizando o ecossistema, e diminuindo custos para os clientes e consumidores.

E nE na sua opinião, o mercado de plataformas e ecossistemas será mesmo dominado por grandes players ou teremos espaço para os regionais e nichados? E as DAOs, como terão impacto nesse mercado? Em quais segmentos? Clique aqui e entre na conversa. Como sempre, nosso papel aqui é provocar novas visões, conceitos e opiniões, e seria um prazer ter a sua aqui 🙂  

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