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Chegou a hora da Realidade Mista?

O Apple Vision Pro conseguirá criar um novo ecossistema de negócios?

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Se você está acompanhando as redes sociais e as principais fontes de informação (o Morse, é claro! rs), sabe que o lançamento das vendas do Apple Vision Pro marcou a última semana. Pessoas ao redor do mundo começaram a utilizar (ou até fingir que estavam utilizando) o novo óculos de realidade mista e passamos a nos questionar se  isso poderá realmente mudar a forma como trabalhamos, interagimos e passamos o nosso tempo. Vimos profissionais compartilhando diferentes formas de trabalhar, pessoas no metrô se entretendo com o device e até uma gamificação divertida na hora de arrumar a casa. No Morse Trends de hoje trouxemos um resumo sobre a evolução dos óculos de realidade mista até aqui e quais são as verdadeiras oportunidades (e pontos de atenção) desta nova realidade. 

Do Google Glass ao Apple Vision Pro 

O conceito de óculos inteligentes passou a ser reconhecido através do Google Glass, um protótipo de realidade aumentada lançado em abril de 2013 com grande expectativa de sucesso. Segundo eles, o futuro da computação estava no seu rosto. Contudo, as limitações do produto impediram sua adoção generalizada e o que estava bonito no papel, não apresentou bons resultados e nem boas experiências com impacto no mundo real. Tanto que o projeto do Google Glass acabou sendo descontinuado em Março de 2023.

Em paralelo ao fiasco do projeto do Google, a Meta com o Meta Quest, a Microsoft com o HoloLens e agora a Apple com o Vision Pro entraram no jogo para tentar melhorar esta relação com os óculos tentar fazendo com que, talvez, o futuro da computação venha acontecer mesmo em nossa face. 

O Apple Vision Pro chega ao mercado utilizando o visionOS que combina conteúdo digital com o mundo físico, permitindo interações mais naturais e intuitivas através dos olhos, mãos e voz do usuário. Comparado aos óculos de realidade aumentada e virtual da Meta e Microsoft , o Apple Vision Pro se destaca por algumas características principais:

Foco em produtividade e experiências espaciais: Enquanto produtos da Meta tendem a se concentrar mais em jogos e entretenimento, o Vision Pro é descrito como um computador espacial, sugerindo aplicações mais amplas, incluindo trabalho​​. 

Design e interface de usuário: O Apple Vision Pro introduz uma interface de usuário tridimensional controlada por olhos, mãos e voz, uma novidade em relação aos sistemas operacionais mais tradicionais dos dispositivos da Meta e Microsoft​​. 

Compatibilidade dos aplicativos: O Vision Pro pode executar a maioria dos aplicativos de iPhone e iPad diretamente, uma abordagem diferente daquela normalmente adotada por dispositivos VR/AR específicos, que requerem aplicativos desenvolvidos ou adaptados especificamente para suas plataformas​​. 

Uma nova realidade de experiências 

Luca Maestri, CFO da Apple, afirmou na última semana que a empresa está vendo um grande entusiasmo no Enterprise. Segundo ele, organizações líderes em vários setores, como Walmart, Nike, Vanguard, Stryker, Bloomberg e SAP, começaram a aproveitar e investir no Apple Vision Pro como sua nova plataforma para levar experiências inovadoras de computação espacial a seus clientes e funcionários. A nova tecnologia para o enterprise permitirá novas experiências de compra, desde o universo do varejo até o entretenimento e na forma como nos conectamos com o mundo misto, entre o físico e digital. 

Em 2022 o tema metaverso impactou o mercado e passamos a visualizar diferentes oportunidades e novas experiências que poderiam ser vividas com o mundo imersivo. De lá para cá as tecnologias avançaram e algumas possibilidades  que apenas imaginamos já se tornaram realidade. Indo além das experiências de compra e consumo, essa nova realidade mista permitirá diversas aplicações e aqui pode estar algum tipo de oportunidade para o seu negócio.

O Vision Pro pode revolucionar o setor de saúde, por exemplo, ao permitir que os profissionais da área  acessem registros de pacientes, realizem procedimentos com as mãos livres e colaborem remotamente com especialistas. Essa tecnologia pode melhorar a eficiência, a precisão e os resultados do atendimento ao paciente. Quando olhamos para o universo da educação, a tecnologia abre novos caminhos para experiências de aprendizagem interativas e imersivas. Os alunos podem explorar ambientes virtuais, participar de simulações e interagir com conteúdo aumentado, promovendo uma compreensão mais profunda e retenção de conhecimento sem perder a interação com o ambiente físico. Em setores como manufatura, logística e construção, os recursos avançados do Vision Pro tornam a tecnologia uma grande ferramenta para assistência remota, controle de qualidade, agilidade e segurança. 

Um novo ecossistema?

Desde que os smartphones assumiram um papel estratégico e fundamental na vida das pessoas, tanto na vida pessoal como profissional, o mundo se questiona qual poderia ser o novo ecossistema do mundo? Vale lembrar que num período pré smartphones quem ocupava esse papel eram os computadores, e justamente nessa virada do mundo do CPU para o mundo Mobile que algumas empresas surgiram, umas ganharam espaço e outras perderam. A Microsoft foi uma que, nas palavras do próprio Satya Nadella, em seu livro Hit Refresh, perdeu espaço por não surfar a onda mobile na época certa. O Facebook, que viu a sua audiência mobile crescer rapidamente antes mesmo de ter produtos realmente estruturados para esse universo, se movimentou rápido internamente e via aquisições, como Whatsapp e Instagram, e aproveitou bem o momento. A Apple mudou de patamar surfando essa oportunidade com o iPhone e o iOS e o Google correu atrás com sua estratégia de sistema operacionaloperacional dos demais fabricantes via o Android. Nesse novo mundo mobile que surgiu, Apple e Google passaram a dar as cartas e inclusive criando restrições para os demais players como Meta e Microsoft, que na corrida pela hegemonia mobile acabaram não tendo seus próprios ecossistemas. Desde então Meta, Microsoft, e outros players como o próprio Tiktok vem acompanhando e impulsionando a possibilidade de surgir um novo ecossistema. A aposta da Meta no seu Metaverso veio fortemente após Apple e Google terem criado restrições em coleta de dados da Meta em seus smartphones que acabou impactando o business de Ads, a receita e o valor de mercado. Apesar do insucesso da iniciativa, a mensagem estava dada, novos players querendo buscar o que é chamado do “mundo pós smartphones”, e como se diz no mundo das startups e da inovação, se alguém vai causar a disrupção do seu mercado, que seja você mesmo. Desta forma, a iniciativa da Apple com o Vision Pro pode ser em parte uma inovação, mas em outra uma forma de tentar “blindar” sua posição como “sistema operacional” de nossas vidas.

Estamos preparados? 

Independente da lista grande de oportunidades, também há receios na forma como podemos interagir e consumir esta nova realidade. Já trouxemos aqui temáticas como Tempo vs Atenção e Scrolling e Dissociação que mostram como o excesso de informações e conexão está nos afetando e moldando a forma como consumimos conteúdos, informações e prestamos atenção ao nosso redor. Hoje com os smartphones e scrolling contínuo de conteúdos e conexão, não há oportunidade de ficarmos ociosos, o que impacta diretamente na nossa saúde mental, percepção de mundo, descanço e criatividade. 

Em um dos vídeos compartilhados por aí, um jovem aparece utilizando o Apple Vision Pro enquanto pega o metrô, se distraindo e produzindo. Fazendo uma relação com a provocação da ociosidade, não deveria o “caminho para casa” ser uma grande oportunidade de reflexão, ideias e conexão com o mundo real? Quem já teve este momento, seja no uber, táxi, metrô ou ônibus sabe do que estamos falando. O artigo “Boredom as a Potential Catalyst for Social and Individual Change” por James Danckert e John D. Eastwood, publicado na revista Frontiers in Psychology em 2020, explora o fenômeno do tédio e seu potencial para impulsionar mudanças sociais e individuais. Ele argumenta que o tédio pode ser uma força motriz para a inovação e a mudança social. E se a ociosidade ficará cada vez mais escassa, como exploraremos estes pontos fundamentais em nossa sociedade? Precisamos equilibrar a inovação com o cuidado para que a evolução de nossas espécie, no conceito darwiniano, não seja impulsionado, novamente, por consequência de estratégias de hegemonia e blindagem de território no ecossistema digital.

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