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Vai uma carona aí?
Soluções que pegam carona nos gaps das big techs.
O desenvolvimento e aprimoramento de um produto é um trabalho exigente, que demanda esforço, tempo, teste e muita validação. Além disso, é um trabalho constante de identificação de gaps, ajustes e priorizações. No universo das grandes plataformas e big techs não é diferente, apesar de as mesmas possuírem diversos gaps em seus produtos, há também uma priorização de ajustes e desenvolvimento. E muitas funcionalidades que os usuários consideram importantes, podem ser deixadas de lado pelas grandes plataformas. Diante disso, surgem milhares de ferramentas que pegam carona com o crescimento das plataformas para resolver (mesmo que por um determinado período) gaps e adicionar features incrementais. Esse mercado de “oportunismo” apresenta grandes oportunidades, mas também tem seus riscos, já que as big techs podem fechar as portas ou virar um concorrente incorporando as soluções. Mas se os riscos já fizeram parte de sua estratégia, quem sabe não esteja aqui um grande negócio.
Posso ir junto?
Vamos aos exemplos! O Instagram se tornou um grande canal de venda, seja de produtos ou serviços de marcas e profissionais. É através da criação de conteúdo e de um perfil bem posicionado que a marca ou profissional pode atrair clientes para seu site, e-commerce ou canais de contato, mas a rede social só permite a divulgação de um único link no perfil, limitando a experiência. O Linktree (e outras soluções similares), diante deste gap, tornou o “link na bio” uma grande oportunidade de melhoria experiência de potenciais clientes, e com isso criando um produto, e uma empresa, especializada em “simplesmente” permitir a inserção de vários links e estilos na bio de um perfil do Instagram.. Essa é inclusive uma grande característica das empresas que criam essas soluções, são simples, práticas e baratas, estimulando a compra por impulso e muitas vezes no modelo de pagamento recorrente por mensalidade ou anuidade.
Agenda ai!
Ainda olhando para as redes sociais, a parte do gerenciamento e agendamento de postagens sempre foi um desafio para os criadores, apesar do Meta Business Suite hoje resolver grande parte do problema, alguns anos atrás não era assim. Agendar conteúdo para as redes Facebook e Instagram não era possível com as próprias ferramentas da Meta, foi aí que surgiram diversas soluções como mLabs, Hootsuite e Sprout Social, para surfar a onda de oportunidades que estas plataformas estavam deixando passar, mesmo que conscientemente. O mesmo acontece até na forma como agendamos nossos compromissos! Com o desafio de organizar todas as agendas e invites, surgiram ferramentas que otimizam a criação de invites no Google Agenda, como o Agenda aí.
Em cada interação, criação e ações em uma plataforma pode haver uma dor, e são diversas as soluções que são criadas. Seja colocar mais links na bio, editar de forma mais criativa um vídeo ou um story, ter melhores insights sobre seu conteúdo nas redes sociais, agendar uma reserva de maneira mais eficiente ou enviar e-mails de forma mais escalável, todas as ferramentas acabam pegando carona no crescimento das big techs mesmo que para inovar de forma incremental diante da experiência do usuário.
Sinal Verde, Sinal Vermelho
As vantagens são inúmeras. Veja por exemplo o TikTok, o aplicativo mais baixado no mundo agora permitirá o agendamento de conteúdos através de ferramentas parceiras de gerenciamento e agendamento de conteúdos, como o Later e Sprout Social. A parceria entre as ferramentas e a própria rede social permite um maior impulso e incentivo na criação e gerenciamento de conteúdo, para o TikTok, mais marcas profissionalizando seus conteúdos e se tornando constantes na rede social, para a plataforma, mais oportunidades de interesse e conversão. Mas se por um lado a rede social pode ficar à favor de você, ela pode uma hora ser seu próprio concorrente e até fechar as conexões de sua empresa com o ecossistema!
Assim como comentamos, Facebook e Instagram não tinham suas próprias ferramentas de agendamento e gerenciamento (e quando surgiu, as funcionalidades ainda eram fracas). Com o gap gigantesco, muitas plataformas cresceram e se tornaram grandes players no mercado com uma grande base de clientes. Porém, a big tech resolveu também entrar no jogo e foi através do aprimoramento da ferramenta que a Meta se tornou altamente competitiva com as outras soluções, podendo inclusive matar de vez alguns negócios
Simbiose ou Parasitismo
O risco de um negócio que surfa as lacunas das Big Techs não está apenas na possibilidade de elas virarem seu concorrente. Existe o risco de elas simplesmente matarem o seu negócio por acharem que você, ou alguma empresa que se utiliza do mesmo “gap“, deixou de ter uma relação simbiótica para ter uma relação parasita no ecossistema.
Voltando rapidamente às aulas de biologia, a simbiose é uma relação mutualmente vantajosa, na qual, dois ou mais organismos diferentes são beneficiados por esta associação. Nos exemplos aqui, as Big Techs levam melhores experiências para seus usuários enquanto as startups criam novos serviços e oportunidades de receita. Já o parasitismo é a associação entre seres vivos, na qual existe uma unilateralidade de benefícios, sendo um dos associados prejudicado nessa relação, com alguns casos que já aconteceram no mercado.
Em 2013 chegava ao Brasil o Lulu App, um aplicativo que permitia às mulheres darem nota para a qualidade e performance de namorados, paqueras e por aí vai. O aplicativo funcionava através de uma integração com o Facebook, que trazia a lista dos amigos com os nomes e as fotos. O problema? Os homens não conseguiam fazer o “opt-out” dessa brincadeira, dado que seus dados eram acessados não por sua conta, mas sim pela conta de alguma mulher que ele tinha como amiga (na época o Facebook tinha essa possibilidade). Em resumo, para os que não gostaram da brincadeira, existiam duas formas de não aparecerem no App, deixarem de ter amizade com todas as mulheres do Facebook que poderiam lhe dar nota (e nesse caso não apenas as ex-namoradas, mas também as amigas, dado que como o review era anônimo ele poderia ser feito por qualquer conta), ou simplesmente mudar o seu perfil no Facebook de homem para mulher, pois o App tinha um filtro que puxava apenas os homens para a lista dos possíveis reviews. Bom, vocês podem imaginar que isso virou uma confusão para o Facebook que passou a perder conexões entre pessoas e também ter o CRM embaralhado com as trocas de gênero. Era o começo do fim… não apenas do Lulu, mas de outros apps que usavam as mesmas permissões, acessos e dados que eles…
Outro caso bem famoso foi o do Cambridge Analytica, que se utiliza de APIs (conexões) que deveriam ser exclusivas de empresas e projetos de pesquisa, para criar uma máquina de manipulação eleitoral nos EUA. O escândalo criou diversos problemas para o Facebook que, seja por intenção ou negligência, permitiu que dados e ações dentro da plataforma fossem utilizados para ações criminosas. De la prá cá, o Facebook teve que mudar diversas questões relacionadas ao tema, e não apenas os criminosos foram punidos, já que outras empresas, com ações idôneas, perderam acessos e conexões na plataforma após as mudanças.
Plano Estratégico e de Emergência
Com todos esses riscos, diretos ou indiretos, um bom caminho vem sendo a expansão no modelo de atuação no qual o gap das Big Techs vira apenas a estratégia de lançamento, ou de growth, de uma empresa que depois começa a expandir sua atuação com uma menor dependência da simbiose. Lembra do Linktree que comentamos no começo? A ferramenta nasceu para resolver uma única dor (e dolorosa!) dos usuários do Instagram, mas hoje já conta com diversas soluções para diferentes plataformas e funcionalidades. A plataforma criou novas versões que possibilitam desde transações e venda de produtos à receita de afiliados e doações de fãs e seguidores. De uma simples solução de incluir mais links na bio do Instagram, o Linktree agora se posiciona como plataforma que possibilita infinitas maneiras de monetizar online.
Outro exemplo é a Take, empresa que tem como foco simplificar as criação de conversas automatizadas (Bots) dentro de plataformas de mensageria como Whatsapp, iMessage, Messenger etc, e rapidamente expandiu seus serviços virando um verdadeiro CRM com ferramentas de commerce e inteligência de dados. Esse movimento estratégico permitiu que a empresa se perpetuasse à medida que a própria Meta foi evoluindo com objetivo de ter ferramentas nativas para ajudar as empresas a criarem suas conversas automatizadas na ferramenta. A estratégia da Take vem dando certo e a empresa inclusive anunciou mais uma captação essa semana.
Ecossistema simbiótico
Será que apenas as Big Techs, ou as gigantes do mercado, podem ou devem abrir espaço para que terceiros criem produtos e serviços através de seus gaps? Ficou claro aqui que mesmo as maiores empresas do planeta não conseguem preencher todas essas lacunas, e que as atuações de terceiros para preencher esses gaps cria uma melhor experiência para os usuários. Podemos dizer então que pode estar aqui uma estratégia clara de “crowded innovation”, ou seja, a inovação do seu negócio e da experiência com seus clientes e usuários, pode vir não apenas da sua própria esteira de inovação, mas sim da contribuição de uma comunidade que veja oportunidades de receita no ecossistema que você pode criar ao redor do seu negócio. Desta forma, estimular esse tipo de iniciativa se torna algo estratégico para muitos negócios e a sua empresa poderia, ou melhor deveria, estar de olho nisso.
O terreno do vizinho
Diante das big techs, dos riscos e também das oportunidades, é racional ter dúvidas sobre construir ou não a casa em terreno vizinho. Ajustar um modelo que não tenha dependência direta e total pode ser um caminho, mas torná-lo adaptável e expandir sua atuação pode não só ajudar a potencializar o alcance, como também tornar menos suscetível a mudanças drásticas de uma ou outra plataforma.
Não só existem plataformas que nasceram em terrenos vizinhos e se expandiram para seus próprios terrenos, como também plataformas que já atuavam em “seu próprio terreno” e expandiram para terrenos vizinhos. O Canva é um exemplo! Após se fortalecer na criação de design e conteúdos (tornando-se referência), a plataforma expandiu suas funcionalidades para atender também a frente de gerenciamento e agendamento de conteúdos nas redes sociais, permitindo a API via Instagram, Facebook, Twitter e Linkedin, por exemplo. Ou seja, além de criar peças gráficas, você pode agendar para as suas redes sociais direto na plataforma.
Em resumo, a simbiose, assim como na natureza, tem seu espaço também na tecnologia e na inovação, basta apenas garantir que a relação não se torne uma parasita em algum momento, seja de um lado ou seja de outro, seja por intenção ou seja por consequência.
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