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Um supermercado de startups

O que eventos como Web Summit podem nos ensinar sobre novos canais de contato com clientes

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Esta semana estivemos no Web Summit Lisboa, um dos principais eventos globais de tecnologia e inovação, e estar lá nos fez pensar e refletir um pouco sobre o que podemos aprender sobre a dinâmica destes eventos como forma deixar o ecossistema de startups mais aberto a potenciais clientes e investidores.

Para quem não foi ou conhece

Como os grandes eventos de negócios, os números do Web Summit impressionam. Segundo dados oficiais da própria organização, este ano o evento reuniu 70.236 pessoas de 153 países. Além disso, o evento recebeu 806 speakers dentre os diversos palcos e painéis oficiais do evento e 906 investidores em busca de oportunidades de investimento.

Porém, para nós, o número que mais impressiona é o de Startups presentes no evento. Foram 2.608 empresas apresentando suas soluções, sejam elas ainda um simples MVP, ou mesmo soluções já em fase mais avançada dentro do que o evento nomeia como categoria Growth. Para quem nunca esteve num evento como esse, as startups se organizam em pequenas bancadas, uma ao lado da outra, e ficam ali em pé, prontas para fazer seu “elevator pitch”, seja para investidores ou para potenciais clientes e parceiros de negócios.

Bancada do digitaliza.ai no Web Summit Lisboa 2023

Um supermercado de Startups

Se você é uma Startup, diria que estar lá deve ser, sem dúvidas, um dos dias mais produtivos de sua jornada empreendedora. Ao final do dia são diversas oportunidades, conexões e por vezes até questionamentos e contrapontos que devem ser levados em conta, tudo isso em cerca de 10 horas (sim, é puxado…). Eu poderia dizer que, para uma startup que está começando, um dia de evento pode significar 1 ano de operação se a empresa estiver realmente aberta a ouvir, se conectar e documentar tudo o que acontece por ali. São potenciais clientes, parceiros, concorrentes, investidores, e até curiosos, que estão ali, em tempo real, trazendo feedbacks prontos e diretos para o seu negócio.

Já se você é um investidor em busca de oportunidades de investimento ou um profissional querendo se atualizar sobre as novidades do mundo de inovação digital ou buscando novas soluções para o seu negócio, o conceito é o mesmo, 3 dias de Web Summit podem tranquilamente equivaler à, pelo menos, 1 ano de trabalho caso você se organizasse para pesquisar estas empresas e marcar um papo rápido com cada uma que te interessar.

Descobrindo Startups

Obviamente que estar presente em um evento internacional te permite conhecer empresas do mundo inteiro, mas algumas das empresas que falamos, e encontramos oportunidades, foram brasileiras. Este ano o Brasil teve 400 empresas e startups presentes no evento, e inclusive a vencedora do concurso de Startups do evento foi a brasileira Inspira. Ao final do evento, e percebendo a quantidade de empresas brasileiras que falamos, uma pergunta não poderia deixar de ser feita; “precisei vir até Portugal para conhecer essas empresas? Onde elas estavam no Brasil?”

O grande ponto é que o Web Summit criou um novo conceito de evento. Enquanto grandes eventos apostam apenas nos grandes expositores e patrocinadores, a dinâmica do Web Summit permite que qualquer empresa, ou mesmo um grupo de estudantes com uma idéia no power point, possam estar ali, pagando um valor muito mais acessível para ter a sua bancada durante um dia de evento.

Essa nova dinâmica traz para o evento uma identidade de inovação como poucos, ou talvez nenhum outro evento. Tanto que muitas pessoas, como nós, por exemplo, acabam abrindo mão de assistir às palestras para poder justamente mergulhar de cabeça e ziguezaguear pelos corredores em busca de novidades que estão surgindo através das novas empresas que estão ali se apresentando.

Um novo coworking

Analisando tudo isso, justamente no mês em que o WeWork, símbolo do conceito do coworking, pede sua falência, não podemos deixar de refletir sobre um ponto: porque as startups vivem seu dia-a-dia na sua própria bolha e “apenas” nestes eventos acabam dando às caras ao mundo exterior?

A ideia fica mais simples se compararmos com os supermercados. Para quem não se lembra, antigamente os mercados não eram abertos aos clientes para transitarem pelos corredores e gôndolas. O mercado tinha um balcão, e na parte de dentro os corredores eram o estoque. Qualquer pessoa interessada em comprar algo deveria se dirigir ao balcão, pedir o que gostaria, e era o atendente que ia andar pelos corredores para buscar os seus produtos.

Não existia experiência de compra, cross sell, compra por impulso, trade marketing, nada, você levava sua lista e pedia o que já sabia, conhecia e queria. Mas isso mudou após Clarence Saunders inventar o “novo conceito” de supermercado, tirando o balcão, transformando os estoques em áreas abertas de lojas, e criando a experiência self-service, permitindo que as pessoas pudessem elas mesmas andar pelas gôndolas e buscar seus próprios produtos, aproveitando para conhecer novas opções.

Falar sobre isso parece totalmente óbvio hoje em dia, mas assim como não era no passado, será que existe algo que não está óbvio nos dias de hoje no mundo das startups e coworkings?

Se você for hoje à algum coworking sem reunião marcada você não passa da portaria, ou poderíamos chamar de balcão na analogia aos mercados de antigamente. Enquanto isso as startups, que precisam de contato com potenciais clientes, ficam escondidas em suas próprias salas e escritórios.

Porque então os coworkings não podem funcionar como supermercados ou shopping centers de inovação? Sem balcão, e sem barreira à entrada, permitindo que potenciais clientes possam transitar por ali e descobrir a inovação assim como quem vai à esses eventos. Sim, passear por corredores nos quais as “lojas” são os escritórios, e você pode simplesmente entrar e pedir para conhecer melhor a empresa ou solução. Assim como num supermercado existem os corredores por tipo de produtos, imagine um shopping com corredores por tipo de Startups, nos quais um Cliente ou Investidor podem passear em busca da inovação, assim como fazem em eventos como o Web Summit.

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