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Homeostase e Alostase

A ciência pode explicar o equilíbrio entre conforto e risco

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Imagine um lugar ou momento em que você está completamente fora da sua zona de segurança ou conforto, aquele momento desafiador, em que você busca se concentrar e focar em contorná-lo, seja uma apresentação no palco, uma nova meta ou até um esporte novo. Qual a sensação que te dá? Frio na barriga? Medo? Adrenalina?

Agora imagine completamente o oposto, um momento ou lugar em que você se sente completamente confortável e há uma sensação de segurança. Seja algo que você sabe fazer muito bem ou até um ritmo e rotina que você já está acostumado. Qual a sensação? Tranquilidade? Proteção? Conforto? 

Conforto ou Risco: Qual escolher? 

Se a gente vivesse 100% de algum destes cenários com certeza o nosso ritmo não seria sustentável. Por um lado, a alta carga de risco, adrenalina e exigência pode trazer impactos negativos para a produtividade, performance e até saúde mental. Por outro lado, se ficarmos na nossa zona de segurança, não evoluímos, não progredimos e não aprendemos com novos ambientes e desafios. A verdade é que a chamada ‘Zona de Conforto’, muitas vezes criticada e falada como vilã, também é essencial para o nosso equilíbrio. 

Isso parece óbvio, mas na prática, muitos esquecem de que estas zonas são importantes para o nosso equilíbrio mental e de performance. E isso a ciência explica. Nesse equilíbrio podemos ver os conceitos de homeostase e alostase 

Equilíbrio na ciência: Homeostase e Alostase 

A homeostase e a alostase são conceitos fundamentais para entender como os sistemas biológicos e humanos buscam manter um equilíbrio interno em face das mudanças ambientais e estressores externos. No mundo profissional, esses conceitos encontram paralelos interessantes na ideia de zona de conforto e desconforto, refletindo a importância de um equilíbrio saudável entre desafio e estabilidade para o crescimento e o bem-estar pessoal.

A homeostase, um princípio vital no funcionamento do corpo humano, refere-se à capacidade do organismo de manter a estabilidade interna e regular dos processos essenciais, como temperatura, pH e pressão sanguínea, para garantir um ambiente interno equilibrado. Da mesma forma, a zona de conforto para profissionais muitas vezes representa um estado de equilíbrio e familiaridade, onde as tarefas são conhecidas, os desafios são previsíveis e o estresse é gerenciável. Nesse ambiente, os profissionais tendem a se sentir seguros e confiantes em suas habilidades, mas podem correr o risco de estagnação e falta de crescimento pessoal.

Por outro lado, a alostase refere-se à capacidade do organismo de se adaptar e responder a mudanças no ambiente, ajustando constantemente suas respostas fisiológicas para enfrentar desafios e estresses variados. Analogamente, a zona de desconforto para profissionais representa um estado de desafio, novidade e incerteza, onde eles são confrontados com situações e tarefas que estão além de suas experiências prévias. Embora esse estado possa gerar ansiedade e insegurança inicialmente, é onde o crescimento, a aprendizagem e a resiliência se tornam possíveis.

O equilíbrio existe 

Imagine que você é excelente na comunicação reservada entre times, mas tem dificuldade em falar para grandes públicos, por exemplo. São duas zonas completamente distintas. Você opta pelo desafio de fazer uma apresentação no palco, realiza, aprende e dá certo, e depois volta para a sua zona de segurança (seja voltar para sua rotina já prevista ou até mesmo sair com pessoas que dão esse sentimento, um sentimento de “voltar para casa”). Com certeza na próxima vez que você for para um palco, será uma experiência diferente, isso porque você expandiu a sua zona homeostatica, ou seja, aquele palco já não tem mais o apelo que tinha antes e com o passar do tempo ele pode se tornar uma zona confortável e conhecida sua. Isso é sempre um progresso a partir das suas decisões. Você escolhe o que você quer que vire algo “conhecido” seu.

Desconforto “calculado”, e plano de contingência

No discurso parece sempre mais fácil, e simplesmente dizer “saia de sua zona de conforto e faça algo diferente” é algo que você já deve ter ouvido falar muito por ai, mas existem metodologias e processos para se fazer isso diminuindo um pouco os riscos para sua performance e saúde. Muitas vezes, quando as pessoas ficam muito tempo na zona de conforto, e resolvem sair, acabam fazendo isso de forma precipitada e abrupta, o famoso “se joga” ou “all in”. A sensação momentânea nesses casos é realmente ótima, mas os riscos são maiores, principalmente pois o efeito colateral pode te travar ainda mais, fazendo com quem você queira voltar correndo para “debaixo da coberta” e não sair de lá nunca mais.

Mas qual a melhor forma de “se jogar” com metodologia e processo? O ponto principal é você perceber que, vai ser difícil e tem grandes chances de dar m…, digo, problema 🙂Dito isso, não se auto cobre a mesma performance e desenvoltura que você tem na sua zona de conforto, quando você está fora dela. Não espere, pelo menos de início, os mesmos resultados e elogios e não ache que a falta deles significa que você está “piorando”. Tente mapear antes o que pode dar errado, e já pensar antes o que você fará, o simples fato de ter na sua cabeça o “plano de contingência”, te deixará com uma tranquilidade maior para os desafios. No exemplo de falar em público, o que você fará se você travar? E se esquecer uma parte do texto? Tendo isso organizado, as chances de sucesso aumentam.

Além disso, tenha o seu “stop loss“, ou seja, se prepare antes para saber quando é a hora de recuar, e se reorganizar, para tentar novamente. O livro “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, fala sobre isso, e aqui no Morse Trends já abordamos esse tema com um conceito interessante de OQR (Objectives and Quit Results) em contraponto aos OKR (Objectives and Key Results). Em resumo, trace seus objetivos, por mais ousados que sejam, mas tenha também a clareza de quais os cenários que você considera que podem estar passando do seu limite, e já saiba que nesses cenários você vai pausar e reavaliar, e que isso não é desistir.

Por fim, assim como o corpo humano precisa de um equilíbrio entre a estabilidade interna e a capacidade de adaptação às mudanças ambientais, os profissionais também se beneficiam de um equilíbrio saudável entre a zona de conforto e desconforto. Essas idas e vindas entre as zonas é o verdadeiro equilíbrio para uma vida profissional e pessoal; o caótico e o confortável podem viver lado a lado em harmonia, se você deixar, e principalmente se você se organizar e planejar para que a descoberta de novas habilidades e a saída da zona de conforto possa ser feita com o menor impacto colateral possível.

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