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A Síndrome do Impostor virou negócio?

Como alguns negócios exploram a ansiedade pelo novo com as “balas de prata” da inovação

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Você já parou para medir ou avaliar se você acredita em você mesmo tanto quanto o seu verdadeiro potencial? Parece uma pergunta confusa, mas no fundo tem uma análise interessante, ainda mais nos dias de hoje nos quais a tecnologia, a inovação, as novas profissões e todo um mundo de influenciadores e gurus digitais podem pressionar as pessoas a acharem que não são tão preparadas ou qualificadas quanto realmente são. A chamada  “síndrome do impostor”, acontece quando o indivíduo constrói, dentro da cabeça dele, uma percepção de si mesmo de incompetência ou insuficiência. É como se fossemos verdadeiros impostores, ou seja, não acreditamos em nós mesmos ou no quanto somos bons ou que merecemos algo, e o momento que estamos vivendo tem impulsionado cada vez mais esse tipo de comportamento. Mas vamos deixar de lado conceitos e vamos para a prática. 

Você já reparou como acontece um treinamento infantil de alguma modalidade esportiva? Crianças se divertem mas aprendem a competir, a se desfiar e a se autoconhecer, entendendo seus talentos, habilidades etc. Alguns acertam, outros erram. Mas no fim, seja os pais ou treinadores, todos incentivam as crianças a acreditarem em si, ultrapassarem barreiras e saberem que podem realizar aquela tarefa. Isso faz com que o desafio possa parecer mais fácil e atingível. Agora é só colocar mais alguns anos de experiência de vida que a mensagem passa a ser difícil. A vida acontece, o trabalho acontece e os desafios se potencializam. Mas fica realmente mais difícil acreditar em nós mesmos, ou passamos a não absorver mais estas lições? 

Você é impostor? Tem certeza? 

Chame de qual “síndrome” ou “percepção” quiser, mas o desacreditar em si mesmo faz parte do ser humano desde que nascemos e enfrentamos o “novo”. Contudo, passamos a vida nos moldando e nos adaptando para enfrentar ou não essa descrença, do quanto somos capazes ou não, do quanto somos merecedores, do quanto somos suficientes ou não. O questionamento nos persegue seja na vida pessoal ou profissional. E é claro, em muitas e muitas situações não somos capazes mesmo, mas só descobrimos isso na prática, certo? E haja mudança de rota e adaptação para descobrirmos que na verdade somos bons em outro lugar ou em outra função – assim como crianças quando descobrem que são melhores em um determinado esporte do que outro. 

Monetizando a Síndrome do Impostor

Vemos a cada dia uma novidade, uma nova tendência, uma nova tecnologia e um novo recurso de IA que pode facilmente substituir atividades que realizamos ou negócios já existentes. Isso gera uma ansiedade contínua por saber como será o amanhã, se estamos preparados para o que está por vir, como se preparar ou até mesmo saber se temos as habilidades mínimas para enfrentar o que vier pela frente. Mas o pior de tudo é que, se alguém sair para pesquisar sobre estes assuntos no Google ou em redes sociais vai se deparar com uma enxurrada de “gurus”, dando palestras e vendendo cursos, fazendo parecer que “só nós que não sabemos ou entendemos o que está acontecendo”. E aí, num impulso, acabamos sendo induzidos a comprar a “solução de todos os problemas”.

Isso não quer dizer que livros, palestras, eventos e cursos não são importantes, muito pelo contrário, até porque somos fãs de tudo que está relacionando à conhecimento e aprendizagem, mas o problema é que chegamos em um momento no qual a ansiedade das pessoas pelos desafios da tecnologia e inovação criaram uma demanda potencial tão grande que hoje em dia temos modelos de negócio de Pirâmide que tem como único objetivo explorar a Síndrome do Impostor.

Milhares de cursos online oferecidos hoje em dia tem como objetivo ensinar novas pessoas a venderem novos cursos para os ansiosos deste novo mercado de trabalho. Da mesma forma como padrões de beleza estão sendo mudados a cada dia, tendo filtros de redes sociais como “padrão de beleza”, o mercado de trabalho vem sendo desafiado por “novos padrões” que também são impulsionados por algoritmos do mundo digital.

Como vencer? 

Se o novo naturalmente nos assusta, e nos faz questionar, é claro que o boom de IAs e novas tecnologias nos preocupa e nos faz sentir impostores: “Será que dou conta? Será que manterei meu emprego? Quais são as minhas competências? Como eu ou meu negócio lidaremos com isso?” 

Como vencer as argumentações destas percepções de descrença e lidar com tamanho volume de novas funções, produtos e modelos a cada dia? Talvez esteja aí o grande desafio de nós profissionais e indivíduos, e há grandes discussões sobre o tema rondando por aí. 

A verdade é que tornar a “Síndrome do Impostor” um monstro de sete cabeças ou pauta de todas as suas terapias pode mais atrapalhar do que ajudar a sua evolução e principalmente a crença em si mesmo. Transformá-la em algo mais simples e cotidiano pode facilitar a interpretação sobre as situações e ter a maturidade e humildade de entender os caminhos ao nosso redor. Em ‘Homoestase e Alostase’ mostramos como a ciência explica o equilíbrio entre o conforto e o risco, entre o “já conhecido” e o “novo”. Muitas vezes a “síndrome do impostor” está atrelada a este conceito, ao fato de você desconhecer o seu “eu” no “novo”. E ter tanto receio do novo pode te fazer se sentir mais incapaz, inseguro e insuficiente para tal coisa. Afinal, o “novo” faz nos questionar mesmo. 

Impostor vs Autêntico 

Para cada pessoa, há um universo de influências e características próprias, mas cada um de nós precisa saber medir o quanto a dúvida sobre si mesmo está ultrapassando o seu devido limite (e qual é este limite) e o quanto isto está infuenciando a forma como você está tomando decisões a sua volta. Será mesmo que aquele conteúdo que te rebaixa para vender algo é realmente a solução dos seus problemas? Será que o caminho para tomar decisões melhores sobre sua carreira e caminhos profissionais não está atrelado a sua própria autenticidade? 

A síndrome do impostor virou “hack” de muitos negócios para “conquistar” a atenção e compra de muitos profissionais. E no fim, o questionamento natural do quanto somos capazes ou não virou motivo de mais e mais ansiedade. 

Ser autêntico neste momento é fundamental para interpretar com mais humildade, maturidade e personalidadade o que está ao seu redor. Talvez o caminho para medir a forma como você acredita ou não na sua competência ou potencial é visualizar a sua volta e entender de fato as suas conquistas e onde você está. Se há ainda muitas oportunidades, quais delas você tem mais medo, quais caminhos você ainda não seguiu e tem vontade, quais portas você já abriu e quais fechou, e onde você estaria de deixasse de lado esta descrença? Uma análise profunda, racional e genuína pode desmistificar as suas descrenças e abrir uma nova rota de posicionamento, seja na sua vida pessoal ou profissional. 

Acreditar ou não em si faz parte das nossas jornadas, portanto, equilibre com moderação, acerte na dose e entenda que ao ajustar a sua percepção você interpreta melhor os desafios e possibilidades em sua volta sem precisar de mil e uma soluções desesperadamente vendidas no meio digital. 

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