Ghost Interview
Ghost Interview #7 | Evan Spiegel (o pai do Snapchat!)
Muitos criadores de conteúdo e de propagandas, durante a transição para dispositivos móveis, apostaram em gravar vídeos como se eles fossem para a TV ou para o desktop, na horizontal; eles falavam que assim era criar para o mobile. Isso faz sentido quando a sua criação de conteúdo vem de uma outra área para os dispositivos móveis, mas a gente é mobile desde o início, então tínhamos uma tela em branco na nossa frente. Nossa linha de pensamento era que queríamos usar uma tela inteira. E para obter a tela cheia, a gente precisa ter os vídeos na vertical, porque é assim que as pessoas seguram o celular.
(Entrevista para revista Adweek, em 14 de junho de 2015)
Eu acho que o fato das imagens desaparecerem, de fato, ajudou todo mundo a perceber que as fotos não são mais preciosas, mas as experiências sim. Você pode criar fotos e vídeos o dia todo sem, de fato, isso ser algo documental. Então, o “desaparecimento” desse conteúdo com o tempo mostrou para as pessoas que imagens e vídeos, no mobile, fazem parte de uma conversa, de uma comunicação, e não de um registro para sempre.Se você olhar para trás, até para a geração dos meus pais, as empresas e as propagandas, tudo isso era baseado no conceito de aceitação. Os Rotary Clubs eram muito populares, era mesmo uma questão de ser aceito. A publicidade usava isso também, tipo o “cowboy da Marlboro”, as pessoas olhavam e queriam fumar para ser legais como esse cara. E houve uma profunda mudança na visão hoje em dia, pois há mais poder para a gente se expressar, é o que realmente é diferente da minha geração: a gente quer se expressar e tem as feramentas para isso. Daí a importância da criatividade, que muitos ainda não entendem. Usei esse exemplo da Marlboro, porque hoje, as marcas estão realmente pensando em como elas vão contar uma história para mudar a vida do usuário, e não mais apenas para “mostrar” para ele o produto. No mobile, pela primeira vez, as marcas podem ser parte da vida dos usuários.Tínhamos essa crença de que, do jeito que a tecnologia tem andado, todo mundo deveria ter um mapa personalizado e cada mapa seria completamente único, baseado em onde essas pessoas vão, para onde já foram, e quem os seus amigos são. coisa mais interessante desses maps é que ajuda as pessoas a se comunicar diferente e com contexo.
(Entrevista à Vanity Fair em 10 de fevereiro de 2017)
A saída para competir de frente com esse tipo de concorrente é continuar a inovação. Um dos fatos que existem no mundo da tecnologia é que os inovadores ganham no longo prazo. Normalmente, os inovadores se dão melhor é quando há uma grande mudança de plataforma, é por isso que a gente está investindo em tecnologias como a realidade aumentada, porque vemos nisso o futuro.
(Entrevista dada à CNBC em 18 de junho de 2018)
Pesquisas mostram que o comportamento passado é muito melhor para prever os interesses do que qualquer post ou foto publicado por um amigo no nosso feed. Essa forma de personalização que o Netflix já faz, por exemplo, usa o machine learning para dar uma lista de coisas que podem ser do interesse do usuário que não foram uma recomendação de outros. E esse tipo de conteúdo é muito menos suscetível à manipulação externa.Ah, mas isso não vai aumentar os medos de que os algoritmos estão tomando conta do mundo?
É importante lembrar que os seres humanos escrevem os algoritmos e conseguem otimizar o jeito que eles analisam a gente. Isso quer dizer que os códigos podem ser desenhados para responder a várias fontes de conteúdo e a diferentes pontos de vista.A combinação do “social” e da “mídia” nos levou a resultados de comerciais incríveis, mas enfraqueceu nossas relações com amigos e com a mídia.
Acredito que a melhor forma de desatar este nó é fornecer um conteúdo personalizado, baseado naquilo que o usuário quer ver ou ler, e não apenas baseado no que os amigos postam.É de vital importância que os feeds de conteúdo do futuro sejam construídos a partir de uma fonte com curadoria humana – no lugar de ser baseada em qualquer conteúdo da internet. Curar o conteúdo dessa maneira mudará o modelo de mídia social e também nos fornecerá conteúdos confiáveis que desejamos.
(Artigo publicado no Axios, em 29 de novembro de 2017)
Daqui a cinco anos, eu realmente acredito que as pessoas utilizarão a câmera dos celulares de uma maneira inimaginável. De um jeito que transformará a câmera do celular numa ferramenta tão essencial quanto é o mobile hoje em dia.
(Vanity Fair, de 21 de novembro de 2018)
Apesar de poucos usarem, os Spectacles validaram a ideia de que há disposição dos usuários para se vestir computadores e câmeras. A maioria das pessoas não liga para o que estamos fazendo com os óculos. Na melhor das hipóteses, eles estão rindo disso. Mas o que vimos nos últimos sete anos, no sentido de transformação da tecnologia e adoção de ideias que já pareceram bem radicais, nos faz ainda mais convencidos que a gente pode sim investir em produtos completamente ‘malucos’ para o longo prazo.