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Digital Twins: você sabe o que é isso?

Os gêmeos digitais: uma tática para testar e lançar produtos no metaverso.

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Se você acompanha o mercado de tecnologia sabe que o termo do momento é o “metaverso”. A gente mesmo já escreveu sobre, demos notícias quase semanais sobre o assunto. E, hoje, queremos jogar um pouco de pimenta nessa conversa. Porque se o metaverso promete criar um ambiente novo e conectado entre as pessoas, também abre espaço para testes. Conheça o “digital twin”.

Digital Twins ou gêmeos digitais …


Sim, você pode ter um gêmeo perdido em algum universo (digital) paralelo. Pelo menos é essa a ideia das empresas como Facebook, Epic Games e Microsoft, que estão apostando no metaverso. O termo “digital twin” foi emprestado da engenharia industrial e significa a recriação de uma réplica de lugares físicos para o teste virtual de um produto. Quem aqui lembra de nosso Ghost Interview sobre o Jorg Neumann, criador do Flight Simulator? Ou os modelos de lançamento de foguete da Tesla, que já comentamos aqui; ou a tecnologia que testa os carros autônomos. Todos eles são softwares que contam com dados do mundo físico como temperatura, pressão do ar, condições do chão. Assim, o aparelho pode rodar e funcionar antes de ser colocado nas ruas. Salvando uma grana para testes – e até trazendo segurança para as pessoas, lembram do MTP (Minimum Trustable Product). Mas, ok, o que uma tecnologia de foguetes tem a ver com o game que seu filho joga ou com a rede social do futuro? Absolutamente tudo, porque no metaverso, ou seja, num ambiente digital imersivo onde as pessoas “habitam” e conversam entre si, é possível criar esses “digital twins” em escala – e com rapidez para alterar tudo. 

Já falaram disso antes, mesmo.

Usar o digital twin no contexto do metaverso não é uma ideia que a gente tirou do chapéu, não. A Epic Games já está nessa faz tempo. Até porque, antes mesmo de criar o Fortnite, a empresa tinha a Unreal Engine, um software de criação de animação e ambientes em 3D, que inclusive virou a plataforma que dá poder ao Fortnite. Há um ano e meio, David Weir-McCall, o atual responsável pela Unreal, tem falado sobre os “digital twins”. “Os digital twins são as fundações onde o metaverso é construído”. Eita. 


Casa digital

Para vocês terem uma ideia, o mercado de digital twins deve chegar a US$ 48 bilhões em 2026. Mas aqui a previsão é que mais indústrias usarão essa modelagem, uma delas é a imobiliária. Seja para que imobiliárias consigam recriar completamente um imóvel para as pessoas não apenas visitarem de forma virtual, mas usarem na prática; colocar sua família andando virtualmente pela casa fazendo um teste do dia a dia, fazer um evento, uma festa, e até uma reforma para ver como ficaria com suas adaptações. Outro uso é para a construção mesmo. A própria Epic Games expandiu a Unreal Engine para ser usada em modelagens urbanísticas e de arquitetura.  Chamada Twinmotion, ela pode ser usada para fazer o design e o gerenciamento de construções em um espaço digital, para depois poder construir tudo, com menos desperdício. O software cria réplicas de cidades inteiras. Um caso emblemático? Quem não se lembra do incêndio que destruiu parte da Catedral de Notre Dame? Como reconstruir algo com tantos detalhes sem um projeto? E aí que um jogo virou a salvação! Na versão de 2014 do game Assassin ‘s Creed, da Ubisoft, criado em 2014, existia um Digital Twin super detalhado da Catedral, que a empresa colocou à disposição para ajudar na restauração. A criadora do Fortnite também comprou recentemente a Capturing Reality, companhia especializada em captar dados de sensores como o lidar ou fotos para recriar scans em 3D. 

It’s Epic!

Como uma cidade pode lidar com o crescimento acelerado? Com um tsunami? Ou com um terremoto? Ou até mesmo com as próximas estações chuvosas? Bem, o metaverso e os digital twins podem responder essas questões. Com o benefício de se tratar de dados ao vivo, no lugar de apenas modelos estáticos com dados históricos (sabemos bem que padrões podem mudar do dia para a noite). Um exemplo de uso é a empresa chinesa 51World que criou clones de Xangai e Cingapura, para serem usados para medir o impacto de novos prédios nos locais.


Even human!

E, por ser ao vivo e estar num espaço conectado, os produtos podem deixar de ser modelos para ser… reais. Ou quase. Como é o caso da japonesa CyberHumans, que está recriando gêmeos digitais de celebridades, com imagem 3D, mas também scan de expressões faciais e análise preditiva de tipos de atuação para oferecer em metaversos. Um tipo muito maluco de presença VIP.



Dados e VR, uma combinação poderosa

E talvez seja nos dados a chave para entender o poder dessa dupla (a piada é completamente intencional!). Porque, no metaverso, o ambiente é capaz de recriar, mas também de captar novos dados de uso das pessoas. E não a partir do que avatares estão fazendo, mas a partir de como elas se comportam no espaço. Agora entendeu porque o Facebook e Zuckerberg estão querendo, mesmo, estar no metaverso? Com a entrada da rede no mercado de realidade virtual,  é mais do que natural que eles queiram pensar no extra: afinal, o digital twin é uma maneira interessante de monetizar esse universo digital.


Roupas e sacolas

No mundo do varejo, o que essa tecnologia pode significar é a fusão completa entre digital e físico. Um exemplo: se você compra uma bolsa em uma loja física, essa marca poderia te oferecer um modelo digital para seu “outro eu” usar no metaverso. Isso tem acontecido em partes: falamos por aqui de algumas marcas que têm feito ação de venda de skins em jogos e em “lojinhas” dentro de jogos. O interessante do digital twin é que a marca teria como recriar a sua audiência no ambiente virtual e, por ali, também vender novos produtos. E não é fechado só a uma marca. Se você está naquele ambiente, pode saber o hábito de compras dos avatares, inclusive em lojas concorrentes. E, por ali, a marca poderia também te vender um outro item, baseado no seu histórico de compras em outros lugares. Como um e-commerce, só que turbinado com a experiência física e a “física-digital”. Isso tudo com a escala de um lugar não físico, já que as pessoas não precisam passar horas viajando dentro de um game para poder chegar ao estabelecimento que querem comprar. 


Windows e janelas

Se é para falar sobre quem já está atuando em levar os gêmeos digitais para fora do mundo das indústrias, temos que comentar sobre a Microsoft. Nos últimos calls trimestrais com investidores da empresa, Satya Nadella bateu na tecla de como usar a tecnologia da Azure para recriar ambientes em 3D e os tais digital twins. Isso porque a empresa já oferece esse serviço para indústrias. O foco de Nadella, segundo uma postagem recente no LinkedIn, é levar os gêmeos para que as empresas recriem seus fluxos de trabalho e possam ganhar em produtividade. Pensando aqui em como todo o stack da Microsoft é voltado para o uso de business, pensando aqui até nas ferramentas de conferência em video ou em 3D, faz sentido que seja esse o caminho que eles estejam querendo tomar.  


Delivery digital

Falando em tempo de viagem, o iFood lançou um projeto que se encaixa um pouco no que estamos falando. Eles criaram uma experiência no servidor do GTA da América Latina, no qual o gamer pode criar e viver o personagem que quiser. Dentro dessa cidade, os jogadores terão missões como as do GTA, mas para fazer entregas do iFood “digital”. Completando as tarefas, o gamer poderá receber créditos no game e até cupons para usar no aplicativo de entregas de comidas-de-verdade.  Já falamos por aqui de como o McDonald’s recriou sua loja no Minecraft, conectando a experiência do game ao aplicativo de entregas. Lá fora, a rede de galerias – e de leilões de arte – Sotheby’s recriou suas galerias no Decentraland, um marketplace de NFTs, sendo capaz de leiloar os tokens não fungíveis por ali. E já tem até artista tentando vender… drogas virtuais no metaverso. Tudo isso já é um começo, mas, resta a gente se perguntar: será que nossos gêmeos digitais serão bonzinhos ou vilões? 

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