Ghost Interview

VSCO in focus!

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Sabe aqueles aplicativos que uma geração toda (que não é a sua) conhece?! Pois é o caso do VSCO! O app tem alguns pre-sets, filtros e ferramentas de edição de imagens e é tão usado pela galera “abaixo dos 25 anos” que até ganhou um tipo de rótulo de estilo, as VSCO Girls. Nessa semana, o Pinterest mostrou interesse em comprar o VSCO e a gente já foi mais rápido, trazendo Joel Flory, CEO e cofundador do app, para o Ghost Interview.

Flory passou muitos anos da sua vida fotografando casamentos. Exatamente. Até 2010-2011, ele era um dos melhores fotógrafos de casamento lá do norte da Califórnia. Foi então que se juntou com um colega designer, Greg Lutze, para tentar criar um produto tecnológico para a comunidade de fotógrafos. O resultado foi o VSCO Film, uma série de pre-sets para programas de edição de imagens, como o Lightroom e o Photoshop. Daí migrou para um site e, só em 2012, o app entrou na jogada. Em 2017, eles, que antes cobravam para o uso de alguns pacotes de “filtros” (o Joel vai explicar melhor aqui embaixo a diferença entre filtro e pre-set!), passaram a cobrar assinatura. E, boom! Chegaram aos 4 milhões de assinantes e aos quase 20 milhões de usuários semanais ativos. Se o Pinterest vai ou não comprar o aplicativo, aí não é com a gente. Mas, pelo menos, você fica sabendo sobre um app que tem de tudo para crescer ainda mais.


Joel, começamos do início: como foi que o VSCO surgiu?

Eu e minha esposa entramos no mercado de fotografia de casamento em 2001. Depois de 10 anos na área, a gente estava acostumado a usar uma série de ferramentas, mas ainda não tinha um espaço único para achar tudo. Esse problema foi o que me juntou a Greg [Lutze, o cofundador da VSCO], ficávamos levantando o que poderíamos fazer para unir o mercado, para resolver esse problema. Um dos primeiros “produtos” que lançamos juntos foi um workshop e DVDs educacionais para fotógrafos e designers, com esse dinheiro, criamos um tipo de wordpress apenas voltada para criação de portfólio de fotógrafos. Nesse meio tempo, uma das pessoas que estava trabalhando com a gente criou um pre-set para mim no Lightroom, a ideia, na verdade, era me ajudar nos ensaios de casamento para me dar tempo para empreender. E isso nos deu o “clique”. Acabamos criando outros pre-sets ligados ao Adobe Lightroom que passamos a vender e percebemos que isso podia ser um negócio. Fizemos 250 mil dólares nesse primeiro momento e chamamos esse produto de VSCO Film! Foi um choque. Tanto que, um dos primeiros desafios da VSCO era a gente não ser barrado por fraude, a gente recebeu muito dinheiro em pouco tempo e isso pareceu estranho.

(Entrevista ao podcast Inc. Founders Project with Alexa von Tobel, publicado em 1 de abril de 2020)

Você pode explicar para a gente o que foi exatamente, esse primeiro produto, o VSCO FIlm?

VSCO começou como um produto desktop, e os apps de desktop não usam filtros, eles usam pre-set para o Lightroom e outros programas da Adobe. Os filtros eram mais para o Mobile e, mesmo quando começamos os nossos apps, demoramos para chamar o que colocamos no site de filtros, já que aplicamos o conceito do pre-set dos programas de edição de imagem para as fotos tiradas no celular.

VSCO tem sido sempre orgânico. As pessoas usam, elas amam e contam para outras. Desde o começo.

(Apresentação/entrevista no evento Cornell Tech @ Bloomberg em 16 de setembro de 2019)

Duas perguntas: por que VSCO?! O que significa o nome?! E, como foi a migração para o aplicativo?

O nome não tem aquele storytelling que a gente gostaria. Na verdade, VSCO significa Visual Supply Company. Já que, lá no começo, a gente tinha essa marca para workshops, para apetrechos de câmera… E, quando a gente foi lançar o app, o nome era muito grande, na época do iPhone 3 não existiam nomes grandes de app. Acabamos deixando apenas a sigla, o que, no final das contas, traz um mistério para o nome. As pessoas param para perguntar como fala.

O primeiro app foi um app pago, de 99 centavos. Ficamos um ano com ele, até junho de 2013, quando lançamos o freemium. Em junho de 2013, a gente já era conhecido no mercado de fotografia e ajudou que, naquela época, o iPhone mais atual – que era o 4S – estava focando bastante na qualidade da câmera; o Instagram tinha acabado de ser vendido. Com isso, a App Store estava focando na “descoberta” de apps ligados à fotografia e imagem, então teve o empurrão para o VSCO. O que levou a esse marco de 1 milhão de downloads na primeira semana. Tudo isso foi orgânico.

(Entrevista ao podcast Inc. Founders Project with Alexa von Tobel, publicado em 1 de abril de 2020)

Um bom momento para você explicar para a gente, afinal, o que é o VSCO?!

O VSCO é um aplicativo móvel que ajuda você a tirar fotos com qualidade profissional em um dispositivo móvel, realmente focado em ferramentas premium de foto / vídeo, mas que também são acessíveis e fáceis de usar em um dispositivo móvel. Uma espécie de peça central disso é o acesso a esta comunidade realmente voltada para inspiração e educação, que ajuda a inspirar você a criar e compartilhar como você vê o mundo.

(Entrevista à NYMag em 19 de setembro de 2019)

Como fotógrafo profissional, você algum dia imaginou essa explosão do uso de câmeras nos celulares?

Devo confessar uma coisa, como fotógrafo, eu não levava a fotografia mobile como algo sério. Em 2012, a nossa ideia era ter o aplicativo para levar as pessoas para o nosso serviço no desktop. Mas como eu estava errado! Hoje em dia, a fotografia mobile é fenomenal, é incrível o que pode ser criado no mobile.

(Apresentação/entrevista no evento Cornell Tech @ Bloomberg em 16 de setembro de 2019)

Esse é um ponto interessante sobre vocês: a VSCO acabou crescendo junto dos apps de rede social, como o Instagram e o Snapchat, e não concorreram com esses apps. Qual a visão por trás disso?

A gente não pensava apenas no Instagram ou em redes sociais, tanto que nosso primeiro produto foi voltado para Lightroom e Photoshop. E eu acho que a diferença foi que, desde o início, o VSCO se voltou para o relacionamento direto com o consumidor, construindo um produto pelo qual as pessoas estão dispostas a pagar. Em vez de criar uma plataforma, que você está transmitindo para o mundo, como você quer que eles vejam você, meio que divulgar sua marca, o VSCO sempre foi sobre o indivíduo e sobre a forma que ele cria as imagens.

(Entrevista à NYMag em 19 de setembro de 2019)

Pensamos em abrir espaço para as pessoas criarem, então abrimos para compartilhamento em redes sociais. Trabalhamos com todas, somos grandes no TikTok, somos a maior branded hashtag no Instagram. Não queremos criar um espaço fechado. Fizemos parcerias com a Snapchat, por exemplo, para poder facilitar a criação de conteúdo para esse app. E estamos fazendo mais parcerias nesse estilo.

(Entrevista ao podcast This Week in Startups publicada em 10 de dezembro de 2019)

Sobre o modelo de negócio da VSCO, vocês começaram como um serviço pago, para depois migrar para o freemium e, então, entrar no modelo de assinatura. Como foi essa migração?

Percebemos que, com o tempo, quase 2/3 das pessoas estavam comprando vários tipos de pacotes. E a gente acabou percebendo que existia espaço para vender assinatura, isso foi em 2015. Mas demorou um pouco mais para lançar, por questão de infraestrutura, conseguimos oferecer a assinatura quando as lojas de aplicativo acrescentaram essa infra nelas, em 2017.

Sempre focamos na parte paga. No início era um plugin pago do desktop, depois um app pago e então vamos para o freemium. O modelo de assinatura era uma aposta, mas não tínhamos certeza que iria crescer da forma que cresceu.

Eu acho que o modelo de negócio dita o que a empresa faz no futuro. E o nosso modelo de negócio sempre foi o de ser direto para o consumidor.

(Entrevista à UnfilteredTV publicada em 13 de outubro de 2019)

Em menos de dois anos, vocês chegaram a 2 milhões de assinantes, hoje em dia, vocês têm algo próximo de 4 milhões de assinantes no serviço. Como chegaram no preço que cobram na assinatura?! E o que mais olham nas métricas do VSCO?

O preço da assinatura é o mesmo para o mundo inteiro. Começamos cobrando US$ 20 e tem um detalhe sobre o nosso público pagante: 50% têm menos de 25 anos!

Consideramos vários pesos para poder colocar o preço. Percebemos que mais de 80% dos usuários estão fora dos EUA, e mais de 50% dos assinantes são de fora dos Estados Unidos também. E nós olhamos qual seria o preço mais equilibrado pensando no mercado global. Foi assim que começamos.

Sobre as métricas, o aplicativo usado numa base semanal não é uma ferramenta, não queremos criar um app para as pessoas entrarem diariamente. A gente nem analisa o tempo gasto dentro do app porque o nosso modelo de negócio não é de ads. Para a gente, é olhar os padrões de criação, de achar as inspirações e de editar. Talvez o usuário prefira fazer isso no final de semana.

(Entrevista ao podcast This Week in Startups publicada em 10 de dezembro de 2019)

Recentemente, vocês compraram a Rylo, uma startup de ferramentas de edição de vídeo, e começaram a entrar nesse mercado de conteúdo em vídeo. Qual é o futuro do conteúdo?!

Pensamos na empresa como uma empresa do setor de criatividade. A maioria das pessoas que estão no smartphone, estão entrando em contato com algum tipo de conteúdo audiovisual. Não vejo, no entanto, a VSCO num único meio, apenas na fotografia ou apenas no vídeo. Pensamos além: áudio, design, ilustração.

Eu acho que o futuro não vai ser em um device, vão ser experiências, vai ser a intersecção de tecnologia e da vida real, o senso de sair do device e criar conexões.

(Entrevista à UnfilteredTV publicada em 13 de outubro de 2019)

Além do app, em 2018, vocês lançaram a Ava, a sua inteligência artificial que se vale da análise visual e de imagens. Como ela funciona?! E o que ela significa para o negócio de vocês?

A Ava analisa as fotos da plataforma, identifica os atributos e conecta essas informações com as mais parecidas entre si.

O que realmente torna a Ava única é como a combinamos com quatro anos de dados de curadoria humana e como ela continuará a ser alimentada e treinada por nossa equipe de curadoria aqui na VSCO. Então, em vez de apenas reconhecimento de objeto, estamos treinando a Ava para olhar uma foto da maneira que um humano olharia, tentando entender a qualidade e a sutileza dela – não literalmente reconhecer tudo que está na imagem, mas no que você também pode se inspirar se você for inspirado por essa imagem.

Por exemplo, um fotógrafo pode gostar de capturar fotos de tristeza. Ava será capaz de detectar isso nas fotos, ver isso como um tema no trabalho de uma pessoa e, em seguida, sugerir outros artistas na plataforma que fotografem em um estilo semelhante ao que o usuário possa achar interessante.

(Entrevista à revista Fast Company em 15 de junho de 2017)

Então é menos um “reconhecimento de imagem” e mais um reconhecimento de padrões…

Isso mesmo. Se você clicar numa imagem que aparece água, por exemplo, as outras que a Ava indica para você não têm água, mas reproduzem a textura, a cor, daquela imagem da água que você viu. A ideia é ser uma recomendação com a perspectiva artística.

(Entrevista à NYMag em 19 de setembro de 2019)

Um ponto legal do VSCO é a popularidade que vocês têm com o público mais jovem, a tal “geração Z”. O que vocês têm aprendido com eles que podem compartilhar?

Sim, o nosso público é bem jovem: 75% da nossa base e 55% dos pagantes são mais jovens do que 25 anos!

O que a gente percebe é que a Geração Z sabe muito bem quais plataformas são boas e quais têm fraquezas. Eles fazem investimentos em criatividade e em saúde mental, e eles estão procurando espaços onde consigam se sentir eles mesmos. Eles falam e agem muito mais no quesito da saúde mental do que a nossa geração, falam mais sobre ansiedade, depressão…. Eles estão colocando dinheiro e tempo em marcas e causas que eles acreditam.

(Entrevista ao Techcrunch em 5 de dezembro de 2019)

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