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Ghost Interview

A Live que mudou tudo!

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Se você está conectado às redes sociais nestes últimos dois meses (só dois meses?), você já deve ter esbarrado em uma dessas. Se você assistiu televisão também. Sim, as lives chegaram para ficar. E, para não encher a sua Timeline com MAIS uma live, resolvemos ir atrás do pioneiro deste modelo tão específico de conteúdo. Chegamos até Kayvon Beykpour, o criador do Periscope (e atual head de produtos do Twitter).

Parada para dizer que o modelo de vídeos online não é novo, na verdade, ele veio desde que a internet era chamada de “web”. No entanto, o streaming de vídeo ao vivo no Mobile é um tanto. E foi o Periscope que conseguiu torná-lo mais fácil tanto para o público quanto para quem o faz. Lá em 2014, o Periscope foi lançado “apenas para amigos” com uma ideia bem simples: um app para fazer lives – e para ter interação entre os usuários que viam o conteúdo. O resultado foi que, antes mesmo do lançamento oficial, o app já tinha sido adquirido pelo Twitter. E Kayvon acabou virando “o” nome quando falamos de conteúdo ao vivo no Mobile, conheça essa história:


MORSE: Kayvon, como foi que o Periscope começou?

Kayvon Beykpour: Em 2013, eu estava em momento de transição na minha carreira, e estava viajando pelo mundo. Quando eu planejei ir para a Turquia, a situação no país se complicou do nada. Um mês antes de eu pisar em Istambul, as notícias que vinham de lá eram de caos nas ruas [na primavera de 2013, protestos que encheram as ruas da principal cidade turca tiveram reação forte da polícia e do primeiro-ministro Erdogan].

Eu estava reconsiderando a visita. Afinal, eu não sabia se era seguro ir para a cidade. E também não entendia a extensão dos protestos e do “caos”. Na época, fiz o que qualquer um faria na época: liguei a CNN, chequei as mídias sociais – para ter uma imagem que fosse das ruas da Turquia. O que vi foi muito pouco. Nem mesmo no Twitter consegui ter essa visão.

O que eu queria era algum tipo de vídeo, ao vivo, para entender a ação nas ruas, particularmente, na rua do meu hostel. Esse seria o melhor dos mundos para mim: saber onde os protestos estavam localizados, saber em que pontos da cidade estava rolando protestos mais violento. Isso ainda não existia na época, mas, com o alcance do Mobile e da internet móvel, para mim, ficou claro que era possível criá-lo.

Então eu pensei: há milhares de pessoas com redes de internet super-rápidas e smartphones nos seus bolsos, essas pessoas andam nas ruas todos os dias. Por que não existe um mercado onde eu posso negociar essa demanda?

No final, eu acabei fazendo a viagem, mas a ideia de criar um espaço para dividir vídeos do que estava acontecendo no momento não saiu da minha cabeça. 

Fonte: Entrevista ao Buzzfeed News em 18 de setembro de 2015

Kayvon Beykpour: Quando criamos o Periscope, eu o vendia como um serviço de teletransporte Mobile. Ele deixa que os usuários façam livestream de qualquer situação em volta deles, e para quem quiser escutar. No lugar do Youtube, onde a experiência da audiência é passiva, o Periscope é ativo. Os usuários podem comentar, questionar e até “amar” os broadcasts em tempo real. 

Fonte: Entrevista à Business Insider em 26 de março de 2015

MORSE: Antes mesmo do lançamento oficial, vocês já foram comprados pelo Twitter (alguns dizem que por US$ 100 milhões), como foi essa operação e o que ela acabou trazendo para vocês?

Kayvon Beykpour: Nós não tínhamos interesse em vender a operação tão cedo, tanto que não fomos atrás de empresas para aquisição no primeiro momento. Mas o que aconteceu foi que o fomos abordados pelo Twitter [por Jack Dorsey] e nos foi proposto um bom arranjo. E funcionou porque foi um relacionamento simbiótico. O Twitter liberou que a gente seguisse com a nossa operação separadamente. Ao mesmo tempo, nós poderíamos usar o Twitter para muitas coisas como profissionais legais, comunicação, experts em tecnologia…

Fonte: Entrevista ao Buro 24/7 em 6 de maio de 2016

Eles nos pagaram em Hashtags (rindo)

Fonte: Entrevista à Business Insider em 26 de março de 2015

MORSE: Dois pontos sempre chamaram atenção do Periscope em comparação com os outros que é o fato de vocês, desde o começo, habilitarem os vídeos na vertical e também vocês deixarem a interação com quem está vendo na tela da transmissão. Qual foi o diferencial de vocês e por que escolheram esses modelos tão Mobile?

Kayvon Beykpour: Não nos consideramos revolucionários [por colocar o vídeo horizontal]. E também não vemos sentido no debate. Decidimos nos limitar a como se usa o celular. Se queremos fazer algo para o telefone, temos de pensar no usuário. Caso contrário, não teria sentido. Nossa plataforma é naturalmente móvel. O Periscope serve para se ter uma ideia de algo em primeira pessoa. Você pode mostrar o lado B, a parte de trás de um grande evento, mas nunca competir com as grandes transmissões. Os meios que se juntaram procuraram se aproximar dos apresentadores, das estrelas, para contar de outra maneira. É complementar.

Fonte: Entrevista ao El País em 4 de agosto de 2015

Kayvon Beykpour: Aplicativos de live streaming já existiam no mercado, mas não havia o apelo ao consumidor. Principalmente porque, por um tempo, ainda não era possível usar o iPhone para filmar tudo na hora que estava acontecendo. Agora o hardware já existe, a conexão de internet já existe. O Periscope é uma plataforma íntima do jeito que nenhuma outra aplicação é. A gente criou a capacidade de enviar “corações” que aparecem na tela daquele que está fazendo a live, assim a audiência e aquele que está fazendo o broadcast sabe, em tempo real, qual a reação de quem está assistindo. Isso não existia em nenhum outro produto.

Fonte: Entrevista à Fast Company em 3 de agosto de 2015

Kayvon Beykpour: Nós nos perguntávamos se a gente teria uma live feita por 24 horas no nosso sistema. Então nós criamos a ferramenta que permite que os usuários agendem uma live em certos dias e horários. Depois percebemos que essa ferramenta não seria muito útil, já que os usuários não estavam analisando metodicamente as listas de vídeos programados em uma tela de smartphone. No lugar disso, trocamos por uma notificação em push. Se o assunto da live for interessante, você provavelmente vai abrir

Fonte: Entrevista à Fast Company em 21 de janeiro de 2016

MORSE: A gente sabe que vocês atingiram a marca dos 1 milhão de usuários em menos de um mês do lançamento e que, em 4 meses, vocês já tinham 10 milhões de usuários. O formato pegou mesmo, tanto que, em 2016, o Facebook lançou o Facebook Live e o Instagram Live num modelo bem parecido com o de vocês. Como você recebe esse tipo de movimentação dos competidores?

Kayvon Beykpour: Quando lançamos o Periscope, não acho que muitas pessoas tinham abraçado a live. 

A batalha difícil que sentimos que estávamos enfrentando foi: como podemos fazer com que a experiência pareça encantadora o suficiente, e com pouco atrito, para que você não se incomode em transmitir ao vivo? E a efemeridade era uma maneira de abordarmos isso.

Sim. A razão pela qual mudamos nossa abordagem é que o mundo se moveu muito mais rápido do que esperávamos. As pessoas agora não estão fazendo a pergunta: “Por que eu deveria transmitir isso ao vivo?” Eles estão fazendo todos os tipos de outras perguntas, mas não estão debatendo os méritos da mídia.

De muitas maneiras, [a competição do Facebook] não mudou o que estamos fazendo – ainda estamos focados em criar um produto que as pessoas adoram. Eu não acho que os produtos ganhem ou percam com base em David ou Golias; eu acho que o produto que criar uma experiência especial, será este que as pessoas vão usar.

É por isso que acho que o Periscope continuará a prosperar – porque construímos algo que é interessante o suficiente para que outras empresas queiram entrar no espaço descaradamente. De tudo, acho que esse movimento é lisonjeiro. 

Fonte: Entrevista ao Guardian em 5 de junho de 2016

MORSE: De área que inspira outras, para uma que se inspira pelo que outros fazem. Você virou head de produtos do Twitter há uns 3 anos e, desde lá, tem lançado algumas features novas, uma delas é o Fleet, um tipo de stories, que foi lançado neste ano no Brasil. Qual é a principal questão que você gostaria de alterar no Twitter hoje em dia?

Kayvon Beykpour: Eu sei o que você está pensando, que o Fleet parece muito com o stories. Sim, existem muitas semelhanças com o formato que parecerão familiares para as pessoas. Mas há também algumas diferenças intencionais para tornar a experiência mais focada em compartilhar opiniões das pessoas naquele momento específico. 

Fonte: Publicado em sua conta oficial do Twitter em 4 de março de 2020

Kayvon Beykpour: Uma das coisas que ainda quero fazer é tornar o Twitter um espaço melhor para pesquisar, descobrir e para falar sobre seus interesses. Se você pensa no Twitter hoje em dia, ele é muito baseado em seguir pessoas, o que é ótimo – afinal, foram 13 anos para chegar até essa ferramenta. Mas como uma rede de interesse, é meio estranho que o Twitter não exponha interesses e tópicos como primitivos que você pode seguir ou que pode silenciar.

Falamos sobre isso por muito tempo. Mas nunca chegamos tão longe para criar uma experiência diferente ou mudar o produto para que o usuário possa ter a fluidez de fazer o que faz com as contas, só que com assuntos. Isso é algo que eu acho que fundamentalmente tem a oportunidade de mudar a maneira como as pessoas interagem com o serviço para melhor. Tanto para torná-lo mais relevante para você quanto para lhe dar o controle de não ouvir o que você não quer ouvir. Às vezes, eu só quero assistir ao Aberto da França e não ler sobre política ou algum assunto que aqueles que sigo estão falando.

Fonte: Entrevista na Code Conference 2019, do Recode/Decode em 27 de junho de 2019

MORSE: Para finalizar, uma pergunta que faz muito sentido no momento da quarentena: qual a sua dica para uma live perfeita?

Kayvon Beykpour: O mais importante é se certificar que você, como “broadcaster”, reconheça a sua audiência. Você pode fazer a coisa mais mundana do mundo na sua live, mas se você reconhecer a sua audiência e responder questões deles – ou até mesmo alguns pedidos simples, vai ser uma live popular. 

Fonte: Apresentação reportada pelo Social Media Today em 25 de junho de 2016

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