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Mobile Only. Digital First. Store last

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Se, lá em 2002, a gente falasse que o supermercado deveria ser mais parecido com a loja online, você acharia uma grande pegadinha de primeiro de abril. Essa frase seria considerada uma piada até mesmo há dez anos, quando o e-commerce já era usado por cerca de 25% dos usuários de internet no Brasil. Isso porque nada era melhor do que a loja física para fazer compras: era simples, cômodo e rápido; o mais lógico era que os sites imitassem essa experiência.  Então vieram os smartphones… E, bem, para encurtar a história, chegamos em 2019 com o cenário virado de cabeça para baixo: varejistas correndo atrás para se tornarem mais parecidas com o Mobile e negócios 100% digitais se mostrando úteis para gigantes do segmento.

Livre, leve, solto

Se tem uma prática que o mobile trouxe para o usuário é a do “cashless payment”, ou, no bom português o “pagamento sem cartão ou dinheiro”. Poder entrar e sair de um serviço sem precisar sacar o cartão para efetuar o pagamento é uma forma tão confortável que 83% dos usuários de internet indicam que essa é a facilidade que mais esperam encontrar em lojas – on e offline.

Nos EUA, a Amazon já entendeu isso e abriu a Amazon Go, lojas 100% autônomas, onde você consegue comprar sem passar por nenhum caixa. A gente já falou delas algumas vezes por aqui, então não é uma novidade. A notícia é que esse conceito de loja chegou em São Paulo! A Zaitt se juntou ao Carrefour e abriu em São Paulo um supermercado autônomo que utiliza reconhecimento facial, QR Code, radiofrequência e pagamento mobile para fazer o check-out sem caixas e filas.

“Estamos testando novos conceitos, inovações e tecnologias para melhorar a experiência de compra e alcançar novos clientes. Assim como fazemos globalmente, iremos estreitar parcerias com empresas e startups que nos tragam novas tecnologias e competências para acelerar a nossa transformação digital e gerar escala para serviços”, destacou Paula Cardoso, CEO do Carrefour eBusiness Brasil, em comunicado.

Outer reality

Outra facilidade que a compra online trouxe para os usuários foi a de achar produtos mais rápido. Nada como pesquisar o nome do que você precisa e encontrar em dois toques. Com isso em mente, a rede norte-americana de farmácias Walgreens acrescentou ao seu aplicativo um detalhe que tornou as suas lojas físicas mais inteligentes: um localizador de produtos que usa realidade aumentada (AR).

Basicamente, o usuário consegue achar e ver o produto que quer nas lojas da Walgreens utilizando o celular. A AR – que foi preferida por 17,7% dos usuários de internet em compras online, lá daquela pesquisa que falamos ali em cima – parece mesmo ser o elo que une os mundos offline e online, uma vez que lojas digitais também utilizam a tecnologia para acrescentar o componente físico na compra via celular. Para segmentos como o de vendas de móveis, fazer o usuário entender o tamanho e as cores do produto faz toda diferença!

A Ikea é um bom exemplo. A sueca criou o Ikea Place em seu aplicativo de vendas; nele, é possível usar a câmera do celular para posicionar o móvel, virtualmente, no espaço da sua casa. O resultado? Aumento de 31% nas vendas online só em 2018.

McData

Tem a comodidade dos pagamentos “sem cartão, a rapidez de encontrar informações com contexto, mas, para falar a verdade, o Mobile não é o Mobile sem a inteligência de dados. E é este um ponto que os varejistas “tradicionais” ainda estão tateando. Lembrando que o poder do smartphone é, exatamente, o de entregar uma visão mais completa do usuário, algo que apenas visitas em loja não pode fazer.

Nessa semana, o McDonald’s fez um bom barulho no mercado ao comprar a startup israelense de Big Data, Dynamic Yield, por US$ 300 milhões. A maior compra do McD nos últimos 20 anos.

Calda (de caramelo) longa

Há uns anos, o grande trunfo dos e-commerces foi a ideia do “estoque infinito” – você achava nas lojas online aqueles produtos que nunca estariam em uma loja física exatamente porque eram muito exclusivos ou, no caso dos livros e CDs, eram pouco populares. Assim a Amazon virou “a loja de tudo“.

Para alguns analistas, a aquisição provou que o dono do Big Mac está querendo se transformar na Amazon, já que a especialidade da Dynamic Yield é exatamente o processo de personalização de menus a partir do entendimento do hábito dos usuários. Dessa forma, o portfólio de cada loja fica mais adequado ao público da região. É uma forma mais inteligente – e menos custosa – de se recriar o “estoque infinito” sem a inconveniência de ter que, de fato, ter todas as comidas possíveis no estoque. 

No caso da Dynamic Yield, a informação vem a partir do cruzamento dados de histórico de compra, horários da aquisição, geolocalização das lojas e, até mesmo, a temperatura no momento que a pessoa pegou seu lanche.  Quando escalada para os 38 mil McDonald’s que a marca tem espalhados pelo mundo, a análise torna possível não só prever quais serão os sanduíches mais vendidos em cada loja, como também projetar quais serão os sabores que podem virar tendência nas áreas específicas. Colocando no contexto, os US$ 300 milhões “gastos” ficam pouco, né?

Follow the money

Apesar de ser vista como uma novidade para o segmento de fast-food, a compra feita pelo McDonald’s não é informação nova no varejo. No mês passado, o Walmart comprou a Aspectiva, startup (também israelense, olha que coisa) de análise de linguagem em grande escala. No ano passado, a Nike comprou a startup de analytics Zodiac e a empresa de “computer vision” Invertex, (que é de onde? de onde? isso mesmo, Israel), tudo isso com finalidade de melhorar a personalização dos aplicativos e das lojas da empresa.

A Nordstrom, loja de departamentos de marcas de luxo, tem duas startups de inteligência artificial e analytics. Enquanto a H&M já possui um fundo de venture capital para investir em empresas do segmento de Big Data. No Brasil, o Pão de Açúcar fechou parceria com a aceleradora de startups Liga Ventures para, exatamente, financiar startups de Big Data.

And in the end…

Citando Paul McCartney – só para homenagear o ex-beatle que está no Brasil por essas semanas : e no final, o valor que a gente cria é igual ao valor que a gente faz. E, no mundo completamente digital, o que significa entregar esse valor se não … ser Mobile?

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