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Internet em todo lugar

E se a internet fosse igual a energia elétrica?! Que você não sabe exatamente de onde vem, quem provê, ou como está sendo gerada, mas sabe quando está ou não funcionando? Desculpa, perguntamos “e se fosse?”? A gente quis dizer “mas já não é assim”? Ok, talvez essa comparação não seja 100% porque, diferente da luz, que tem uma série de fornecedores de infraestrutura, a conectividade agora ganhou novos players: as empresas de tecnologia. Assim como o mercado de energia vem se reinventando, permitindo que novos players entrem no jogo, o mercado de conectividade também está ganhando novos players, e não estamos falando das já conhecidas MVNOs, que funcionam como se fossem white-label de redes de Operadoras de Telecom, estamos falando da entrada de novos players: as empresas de tecnologia.

On the sidewalks

Lá em 2019, a Amazon anunciou que estava desenvolvendo um novo projeto para criar uma interconexão entre os seus devices (Amazon Echo e Ring, principalmente): o Amazon Sidewalk. De maneira mais simples, o projeto transforma os aparelhos da Amazon em roteadores de uma internet de baixa frequência e de baixa velocidade para outros dispositivos em volta, mesmo que não sejam os do proprietário do aparelho que libera o acesso, isso tudo com um empurrão do bluetooth e dos sinais de rádio de baixa frequência. Na prática, o que significa é que um aparelho pode “dividir” o sinal do wifi com outro. O Sidewalk se chama assim porque tinha, exatamente, a ideia de prover internet numa frequência mais baixa nas calçadas e áreas externas das casas que possuem devices da empresa. O que era para ser um projeto, de fato, ganhou vida e, nesta semana, começou a operar nos Estados Unidos.

Tag-line

A Amazon não inventou a roda com o Sidewalk, isso porque a Apple já tem usado esse tipo de conectividade sem a gente saber há alguns anos. Ou como você achava que o “find my phone” funciona?! Falando em Apple, faz um mês, eles indicaram que vão expandir a sua rede mesh, quer dizer, eles começaram a vender as Air Tags, que dá quase no mesmo. Isso porque as Air Tags também operam usando esse tipo de tecnologia, a tal da “mesh network”, uma rede de wifi que se torna mais forte de acordo com a quantidade de devices ligados (segurem essa info, que ela vai ser importante daqui a pouco). As AirTags vão entrar na rede do “find my phone” e detalhe: a Apple já abriu para que o app de find my phone possa funcionar em outros smartphones e não apenas em dispositivos Apple. Ou seja: a rede mesh se torna ainda mais poderosa. A principal diferença entre a rede criada pela Apple e a da Amazon é que a rede da Apple é focada na coleta dados de localização dos devices, e não em dar acesso à internet, já que foi pensada, pelo menos por enquanto, para o funcionamento do “find my phone”. Enquanto isso, a rede da Amazon vai servir para prover qualquer tipo de comunicação de dois lados entre aparelhos, ou seja, virando realmente um provedor de conexão à internet.

PS de Hong Kong

Se você ainda não entendeu como esse sistema todo funciona, talvez se lembre que, no ano retrasado, um aplicativo de mensageria fez algum sucesso entre os jovens que estavam protestando em Hong Kong. Apps como o Bridgefy e o Firechat permitiam que as pessoas mandassem mensagens para os celulares que estivessem próximos, mesmo sem acesso à internet. Sendo, assim, não rastreáveis por operadoras – controladas pelo governo chinês. Por causa da proximidade entre as pessoas durante os protestos, a rede se tornava ainda mais forte para conseguir prover uma conexão. A gente chegou até a se perguntar por que um sistema desses não estava sendo usado em estádios de futebol e shows. Pergunta que, hoje em dia, ainda em meio ao distanciamento social, parece até que dói.

Pote de ouro?

O pulo do gato aqui é que a qualidade dessas redes tende a crescer com a quantidade de devices. Bem, se cada vez mais pessoas usarem o iPhone, por exemplo, é mais possível que a rede mesh da Apple consiga localizar quando você perdeu o seu iPhone. Boa hora para falar que a Maçã chegou à marca dos 1 bilhão de usuários globais de seus devices – todos elegíveis para participar dessa “rede de wifi alternativa”. Se todo mundo do seu prédio tiver um Amazon Echo, você poderá usar a voz para acordar todo mundo escutando Raça Negra, isso mesmo se você estiver sem conexão, já que a Alexa poderá funcionar “captando” a internet do vizinho. Aqui é bom lembrar que as vendas de Echo já superaram os 100 milhões de aparelhos nos Estados Unidos enquanto a Ring, a câmera de vigia conectada da Amazon, também está em mais de 1 milhão de casas só nos Estados Unidos. Segura essa rede. E, se isso parece um poder a mais gigantesco para as Big Techs, você ainda não sabe da maior: a Amazon vai compartilhar a Amazon Sidewalk com a Tile, uma marca de smart-tags. O que pode, ao mesmo tempo, fortalecer a sua rede, e abrir espaço para se tornar uma provedora de rede para IoT. Sim, a Amazon. Não a AT&T ou a Verizon. Para esse analista aqui, é como se as Big Techs tivessem ganhado uma gasolina extra para a “corrida do ouro”: a capacidade de deter uma rede que conecta seus serviços, sem gastar para prover a infraestrutura (na verdade, o gasto vem do próprio usuário, que tem o produto). Aqui vale a gente lembrar de um comunicado que a Margrethe Vestager, chefe de todas as discussões anti-monopolistas do mercado digital europeu, publicou nesta semana, comentando que existe uma preocupação das Big Techs endurecerem e dominarem o mercado dos devices conectados.

Smart-outside-of-home

Se faz algum tempo que se fala no mercado de como a internet das coisas (IoT, para os mais chegados) vai transformar os momentos de dentro de casa em momentos conectados, essas redes de mesh dão um passo extra nesse processo: elas expandem o espaço doméstico do usuário para fora das paredes da casa. Em palavras mais simples: é como se a Amazon e a Apple tivessem encontrado uma forma de estar presentes enquanto você dá aquela corrida rápida para levar o lixo para fora, ou enquanto você vai pegar algo na garagem. Uma forma de “cobrir” todas as horas que o usuário não passa conectado a uma tela, discussão essa que já existe entre quem pensa em devices de áudio. Já falamos por aqui, que todo o apelo do sistema de voz é que ele poderia preencher os espaços que as telas não conseguem, como, por exemplo, quando alguém está lavando a louça. Ou seja: a onipresença da internet vai virar fato consumado. E consumível.

O eixo virou de lado

“Não há dúvida de que a Amazon está querendo se tornar uma operadora. Embora ela esteja, nesse momento, oferecendo uma conexão de banda muito limitada, é mais um passo para tentar tomar o negócio das telecomunicações”, afirmou o CEO da Amvos Digital, Fernando Aparico, nesta entrevista ao jornal El País. Aparico lembra que a empresa está também liderando o projeto Kuiper, para lançar satélites de internet pelo mundo. A explicação aqui é que a telecomunicação poderá ser um serviço extra oferecido pela dona da AWS. Mas, sem ser de futuro, um ponto que chama atenção da Sidewalk é a capacidade de se tornar uma rede para apoiar o funcionamento dos dispositivos inteligentes. Dispositivos estes que, nem sempre, precisam funcionar num pacote de internet completo de uma operadora. Não deixamos de ver um certo tipo de descentralização deste serviço de telecomunicações. O que traz um grandessíssimo desafio para as provedoras dessa conectividade: o que acontecerá com as operadoras quando a infraestrutura for descentralizada?

She is electric

Um caminho pode ser o que a energia elétrica já trilhou, você sabe como funciona o mercado livre de energia?! Basicamente, é um ambiente de negócios onde vendedores e compradores podem negociar energia elétrica voluntariamente, sendo mediadas pelas distribuidoras de energia. Se você tem painéis solares em casa, por exemplo, você consegue “emprestar” o excedente para a distribuidora, que devolve em crédito na conta. Vocês já sabem para onde estamos levando. Mas imagina se a Amazon ou a Apple derem descontos de crédito para quem divide a sua banda de internet. E se o seu carro fosse um provedor ambulante de internet. Em resumo, o mundo do hardware, do software e da conectividade estão se relacionando, e sincronizando, como nunca. E, como toda grande movimentação de mercado, oportunidades e ameaças vão surgir. E a sua empresa ou seu negócio, como pode ser impactada ou surfar essa onda?

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