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Inteligência artificial: do hype ao dia a dia

Como os sistemas da Open AI e Google estão trazendo novos rumos para o B2C

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Em 2018, essa co-autora do Morse participava de uma palestra feita por Neil Jacobstein, na universidade de Stanford, sobre ‘Mudança Exponencial: Inovação na interseção de pessoas e informações’. Neil é presidente do Curso de Inteligência Artificial e Robótica na Singularity University, ele também foi CEO da Teknowledge Corp, uma empresa de IA pioneira que fez um trabalho bem-sucedido de aplicativos de IA, mas era muito cedo para a adoção em massa que vemos hoje. Enquanto ele apresentava as inúmeras inovações tecnológicas, oportunidades dos sistemas de IA e diversas aplicações, comentava também sobre como isso afetaria as nossas vidas. Em um momento, pergunto a ele: “Na sua visão, o que será maior: o surgimento de novas profissões fruto das novas tecnologias ou a substituição de nosso trabalho pela a IA?”. Neil respirou fundo e falou com desânimo: “Poucos falam sobre isso, mas a IA terá um impacto muito, mas muito maior”. 

Por um tempo falávamos que os sistemas de inteligência artificial substituiriam muitas das nossas funções operacionais, que as soft skills seriam nosso grande diferencial e que a criatividade ficaria por conta dos seres humanos. Mas e quando um sistema de AI começa a criar imagens extremamente criativas e de alta qualidade? E quando é realizada uma pintura? uma poesia? uma receita culinária? ou uma imagem que parece uma foto tirada por um fotógrafo? 


Corrida espacial da IA

Nos últimos meses muito se comentou sobre os sistemas de inteligência artificial do Open AI e Google, que desenham e criam qualquer imagem a partir de comandos de texto. A DALL-E 2 é uma tecnologia de inteligência artificial criada pela Open AI, um laboratório de inteligência artificial apoiado por Elon Musk em São Francisco. Esta IA recebe solicitações verbais dos usuários e então, por meio de seu conhecimento de centenas de milhões de imagens em toda a história humana, cria suas próprias imagens — pixel por pixel — que são inteiramente novas. Poucas semanas depois do lançamento da DALL-E 2, o Google Brain anunciou a sua própria IA chamada Imagen. Vários outros sistemas de IA surgiram para a construção de imagens, como o MindJourney e StyleGAN2. 

Os sistemas de inteligência artificial existem desde a década de 1950, e muitas publicações já experimentaram tecnologias que criam imagens. Revistas já utilizaram sistemas de IA para gerar suas imagens, como o The Economist que apresentou essa imagem como uma inserção em sua capa e Cosmopolitan que utilizou a DALL-E 2 para construir sua capa. DALL-E — uma junção do surrealista Salvador Dalí e WALL-E da Pixar — pega prompts de texto e gera imagens a partir deles. Em janeiro de 2021, a empresa lançou a primeira versão da ferramenta, limitada a quadrados de 256 por 256 pixels. Mas a segunda versão, que entrou em uma versão beta de pesquisa privada em abril, parece um avanço radical. As imagens agora têm 1.024 por 1.024 pixels e podem incorporar novas técnicas como “inpainting” – substituindo um ou mais elementos de uma imagem por outro. 

Tanto a OpenAI quanto o Google, apostam na fofura como meio de atrair interessados. O motivo “técnico” é que animais fofinhos ou experiências artísticas faz com que a rede neural aprenda a manipular esses conceitos de uma forma que faça sentido, abrindo espaço para as oportunidades e deixando de lado os receios, medos e impactos dessa nova tecnologia. E realmente, estas imagens com extrema qualidade podem ser utilizadas em diversas aplicações, do cinema à edição de revistas, de equipes de marketing à padaria da esquina. 

Do hype para o dia a dia 

“Imagine usar a barra de pesquisa do Google como se fosse o Photoshop, isso é a DALL-E 2”, é o que afirma um usuário da versão restrita da IA. Esta aplicação vai além das aplicações das grandes organizações, e chega ao público B2C e pequenos negócios. Imagine um dono de padaria que deseja criar peças criativas de pães e cafés, mas não possui tempo e investimento para contratar e preparar a produção. Ao utilizar a IA, ele mesmo poderá gerar imagens para utilizar em suas comunicações nas redes sociais. No contexto de lojas, franquias e vendedores, já existem empresas que ajudam as marcas na gestão das redes sociais de suas unidades.  A Socialis, por exemplo, é uma plataforma que conecta as marcas à suas unidades, instruindo-os a adotar as melhores estratégias de marketing nas redes sociais de maneira gamificada. No próprio aplicativo, é possível criar mecanismos de engajamento para a publicação de imagens e postagens estratégicas. Imagine no futuro, onde as empresas podem criar peças através da inteligência artificial e distribuí-las para suas lojas e vendedores dentro de plataformas como a Socialis, de maneira mais eficiente e prática.  

A tecnologia poderá até mesmo apoiar artistas, o que pode ser contraditório, mas artistas poderão criar composições com suas próprias peças, ou peças criadas pela IA. É o que uma das primeiras usuárias da DALL-E 2 fez. De acordo com a artista e usuária, Holly Herndon, é possível juntar obras, peça por peça e criar jornadas narrativas, segundo ela, é como trabalhar em um novo meio. O sistema também pode ser integrado com soluções já existentes como realidade aumentada e até o metaverso. Um artista poderá utilizar o sistema para criar filtros de realidade aumentada para as redes sociais, por exemplo, e de acordo com Ben Thompson neste artigo, é possível utilizar a DALL-E para criar ambientes e objetos no metaverso. É um momento onde os sistemas de IA ganham ainda mais escala, onde a inteligência artificial deixa de ser utilizada por desenvolvedores e chega nas mãos de pequenos negócios, artistas, empreendedores e criadores no âmbito B2C. 

Inteligência complementar 

Os sistemas de inteligência artificial já fazem parte da nossa vida. Seja por meio de assistentes virtuais, chatbots, segurança digital, compras ou pagamentos eletrônicos, a Inteligência Artificial está sempre marcando presença na maioria dos passos da nossa rotina. Um levantamento realizado pela Accenture mostra que nos próximos 15 anos a IA nas organizações será responsável pelo aumento de 40% da produtividade, o que é indiscutível, pois podemos perceber dia após dia os seus benefícios. Contudo, a visão de Neil Jacobstein nos faz refletir sobre o impacto destas tecnologias nas nossas vidas e nos estimula a criar mecanismos e formas de tornar as inteligências complementares, pelo menos enquanto ainda comandamos os sistemas. Assim como artistas podem explorar as novas peças criadas pela IA em suas próprias narrativas artísticas, empreendedores de diversos portes podem complementar suas estratégias e operações com a criação instantânea de entregas via IA. A velocidade com que novas tecnologias surgem é rápida, mas ao invés de ignorar, acompanhe e entenda as suas diferentes aplicações para o seu contexto. Isso poderá ajudar a transportar seu negócio para operações do futuro e um crescimento exponencial. 

 

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