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If this, then Ghost!

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No mundo completamente digital, automação será a regra básica para a competição. E não dá para deixar essa tarefa apenas para engenheiros e programadores. É um pouco dessa ideia por detrás do If This then That (IFTTT, para os mais chegados) um tipo de “marketplace de automação”, já que é uma plataforma que abre espaço para pequenas tarefas ligadas a APIs se tornarem automáticas – tarefas pequenas como “se tiver aviso de chuva para amanhã, eu recebo uma mensagem” até grandiosas como “se tocar Purple Rain, do Prince, a luz de casa fica roxa”. 

O conceito pode parecer até simples, mas é um que tem muita gente apostando. Tanto que a  IFTTT é uma startup (que existe desde 2010!) que já teve rodadas de investimento da IBM, Salesforce e Andreessen Horowitz; e é usada por Amazon, Domino’s, Bosch e Samsung. Atualmente, seu valuation está próximo de US$ 250 milhões. O Ghost Interview é com o cofundador, ex-CEO e atual Chief Design Officer da empresa, Linden Tibbets. 


Linden, a gente vai começar o Ghost de hoje com uma pergunta pouco usual: afinal, o que é o IFTTT?A origem do nome do serviço IFTTT é “If This Then That” [se isso, então aquilo, em tradução]. Você pode configurar diferentes serviços da Internet para funcionarem automaticamente, como “Enviar uma notificação com o Amazon Alexa quando o Uber chegar”. Na plataforma, você pode criar um sistema integrado de serviços da Internet composto por Trigger and Action chamado “Applet”. Você pode personalizar seu Applet da maneira que desejar e até usar Applets criados por outras pessoas.(Entrevista ao portal japonês TechBiz em 13 de fevereiro de 2020)

Quando você fala em serviços digitais, não são apenas os de redes sociais ou e-mail que está falando, não é?É importante dizer que no futuro, todos os serviços do mundo serão serviços digitais. Todas as marcas, todas as organizações, todas as pessoas, tudo isso será conectado à internet ou precisará dela. Então marcas como a Domino’s Pizza, a Toyota, o Gmail e a Ring, todos eles têm dados sobre você, sabe quem você é, o que você deseja, mas cada um na sua própria ilha. A Domino’s entrega pizzas e o Gmail pode enviar emails para qualquer pessoa no seu catálogo. À medida que nos cercamos desses serviços, há necessidade de que eles possam trabalhar em conjunto com outros. (Entrevista à Marketing Intelligence Review Vol. 10, Nº 2, 2018)

Como plataforma, a escolha de vocês é ser neutra, o que isso impacta os negócios?Já fomos chamados de “Suíça” algumas vezes, e gostamos muito desta metáfora. Nós queremos que todos os aplicativos trabalhem juntos e entre si.

Dentro do nosso sistema, temos as “applets”  [funções que executam serviços específicos que o usuário quiser] e o que elas fazem é dar luz a integração entre aplicativos que antes acontecia  “nas escuras” [apenas para os programadores] o que dá às pessoas a liberdade de dizer sim ou não aos serviços. O usuário pode, por exemplo, fazer com que as suas fotos postadas no Instagram sejam salvas no Dropbox, ou a Alexa saber que tem alguém do lado de fora da sua porta. São opções que os usuários podem ter, mas sabendo delas e optando pelo que lhes é mais conveniente.(Entrevista ao canal do YouTube NowThisNews em 3 de setembro de 2018)

Vocês optaram por ter um modelo que não cobra do usuário final, mas sim das marcas. Você já chegou a comentar como as grandes empresas como a Apple estão utilizando muito das suas integrações dentro dos sistemas. Por que o IFTTT ainda é relevante para empresas e negócios do tamanho da Apple?Considere o exemplo de um fabricante de automóveis. Em um futuro próximo, os carros poderão se conectar a conteúdos como Spotify e Netflix, operações remotas de garagem, câmeras de segurança em casa e muito mais. No entanto, naquele momento, é improvável que os fabricantes de automóveis desenvolvam suas próprias APIs para vincular a diferentes serviços de Internet de outras empresas.

Por outro lado, os desenvolvedores que criam aplicativos que se vinculam aos carros devem criar não apenas APIs para a Toyota, mas também APIs que se vinculam a fabricantes de carros como Nissan e Honda. Criar APIs para iOS e Android para várias marcas é um grande esforço, e queremos resolver esse problema.(Entrevista ao portal japonês TechBiz em 13 de fevereiro de 2020)

Há alguns meses, o Ghost Interview falou com o criador do Tableau, e um dos pontos que ele levantou é a importância de fazer a linguagem dos dados ser entendida por todos – principalmente quem não é cientista de dados. Vocês fazem algo parecido com a linguagem de programação, qual a visão do IFTTT sobre essa “democratização” da linguagem de programação?O nome IFTT por exemplo veio da ideia da programação, já que a ideia de “se isso então aquilo” é uma lógica simples de programação de um wokflow – mas a gente queria que estivesse presente de uma maneira que não parecesse em nada com programar.

(…)Há uma porcentagem crescente de onde passamos nosso tempo e onde colocamos nossa atenção, e é em um mundo onde estamos realmente restritos. Nós dependemos  dos engenheiros para tomar decisões por nós sobre como nossas coisas digitais funcionam. E essa é uma grave injustiça. Nós temos essa liberdade absoluta no mundo físico, para fazer o que queremos com os objetos, e quando migramos para o digital, não era isso que estava acontecendo. Por isso, começamos a busca para trazer esse mundo da engenharia para todos os demais. (Entrevista à PC Mag em 25 de janeiro de 2016)

A integração de apps de smart-home é um dos grandes trunfos do IFTTT. Um dos pontos que começamos discutir agora é sobre a Inteligência Artificial, como você vê a interface do futuro para a IA?Para muitos, o primeiro nome que vem na cabeça quando falamos Inteligência Artificial ainda não é a Siri, ou a Alexa ou o Google. É o HAL 9000, o Exterminador do futuro, ou qualquer outro personagem de um filme distópico que se passa num “futuro-próximo”. Eles falam como a gente, parecem com a gente.

E esse é um problema. Tudo o que as pessoas veem e escutam é a interface da AI – o que torna o jeito que ela interage com a gente mais importante do que ela pode fazer. É um erro que até as maiores empresas do mundo também cometem, e que nos fazem perder o foco: a IA não precisa de uma interface humana para ser útil. Ela precisa ser acessível.(Texto publicado em seu Medium em 26 de outubro de 2016)

Conversamos com Paulo Aguiar, head de Marketing do banco Next no Morsecast, e ele comentou que a interface do futuro será “sem interface”. Você vê a voz sendo essa interface?Para mim, a voz é uma das categorias que  deu sentido aos smarthomes para os usuários. Se você consegue controlar algo com a sua voz, é algo que dá valor para uma gama de outros produtos para casa.

Mas, ao mesmo tempo, eu também penso que há uma pressa para coroar a próxima “grande onda”, eu acho que foi algo injusto feito com as assistentes de voz. Acho que foi muito cedo. É claro que a voz será criticamente importante para criar uma nova forma que as pessoas interagem com os programas, com a internet, mas eu acho que precisaremos ainda de alguns anos antes de ver a adoção em massa. Ou seja, precisamos ajustar as expectativas um pouco. (Entrevista ao site Business 2 Community em 22 de fevereiro de 2018)

Você acha que a voz substituirá as telas?Não. Eu vejo a voz como a parte de um jeito multimodal de interagir com a tecnologia. Acho que vamos avançar para alternar facilmente entre as diferentes maneiras de interagir, em vez de a voz tomar o controle de tudo. Certamente, acho que a voz não substituirá a maneira como interagimos com os smartphones em breve.(Entrevista ao site Business 2 Community em 22 de fevereiro de 2018)

Quando falamos de uma plataforma única que usa várias APIs, há uma discussão sobre privacidade importante – principalmente pensando no assunto “smart-home”. Como você vê esse balanço entre privacidade e personalização?Eu acredito que privacidade é uma discussão mais sobre empoderamento dos humanos na era digital. Não é um estado fixo, mas uma série de escolhas sobre como nós protegemos e como nós podemos beneficiar o usuário a partir da informação existente. Os clientes estarão dispostos a compartilhar mais informações em troca de experiências personalizadas significativas e também levarão em conta a confiança que eles têm em quem está “no banco do motorista”. (Texto publicado em seu Medium, em 26 de abril de 2018)

O IFTTT tem uma série de features que se valem da geolocalização e de sistemas de GPS – você consegue até mesmo criar um tipo de “geofence” pessoal usando algumas das applets presentes no sistema de vocês. A nossa pergunta é: como os usuários tem utilizado tais features? Muitas pessoas acabam usando o IFTTT como um sistema de “reward” pessoal, conectando com os seus wearables e seus devices de fitness. Exemplo, criaram uma regra que se a pessoa atinge a sua quota diária de passos, o armário com os cookies e doces é automaticamente liberado. 

Nós também observamos que os usuários gostam de controlar as luzes de casa, mudar as cores das luzes de casa – como um tipo de truque para mostrar em festas. Já vimos usuários conectando as luzes de casa à ESPN Sports, e assim mudam as cores a partir do time que está jogando no momento. (Entrevista ao ReadWrite em 28 de janeiro de 2016)

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