As marcas estão começando a entender o que Monstros S.A nos ensinou lá em 2001: que o humor conecta, gera identificação, forma comunidades e o melhor: serve como KPI. Para quem não assistiu esse clássico contemporâneo da Pixar, é uma animação que se passa na maior fábrica de sustos do mundo, onde monstros trabalham incansavelmente assustando crianças e usando o medo para gerar energia. O cenário se passa em um ambiente corporativo e para atingir suas metas, serem reconhecidos e talvez conseguir aquela promoção, os monstros precisam assustar a maior quantidade possível de crianças. No entanto, um deles acaba se aproximando de uma criança e descobre por fim que o riso tem poder de gerar muito mais energia que o medo. Após mais de 20 anos, estamos vivenciando essa virada de chave na forma como as marcas estão se comunicando com a sua audiência, utilizando o humor, com muita criatividade e autenticidade, para a criar conexões mais próximas e reais.
Isso foi tema de alguns painéis durante o MMA Impact Brasil 2023, que recebeu o comediante e youtuber Diogo Defante, os fundadores do Podcast PodPah e o CEO da Melted Videos, Yuri Zero. Para Defante, a autenticidade e falhas que o humor carrega, são justamente o que gera identificação, afinal, pessoas são falhas e normalizar isso é o caminho para gerar buzz e conexão. Já comentamos por aqui no Morse em “Ser vulnerável virou KPI” como a autenticidade passou a ser uma estratégia fundamental no mundo digital, onde interações forçadas e sem espontaneidade não prendem a atenção dos usuários, indo totalmente contra a ideia habitual de grandes produções publicitárias e naturalmente se tornando um desafio para um mercado habituado a gastar milhões na contratação de celebridades que gerassem o desejo de aquisição.
TikTok como o ambiente do entretenimento
Não é uma novidade que o TikTok está bombando entre os usuários e marcas, e veio para provocar esta virada de chave na produção de conteúdo. Mesmo com milhares de formatos e outras categorias de conteúdo, a plataforma ainda é altamente focada em entretenimento e humor, diferente das outras redes sociais. Na plataforma você vê de tudo: pequenos criadores recebendo milhões de visualizações por conta da sua autenticidade, pequenos negócios conseguindo divulgar sua marca e colaboradores e até grandes marcas deixando o medo de lado e investindo forte em creators e conteúdos de humor. O objetivo é criar um conteúdo que seja divertido e que os usuários do TikTok desejem compartilhar com seus amigos.
É meme, mas tem verdade
Por trás dos conteúdos divertidos, memes e brincadeiras, seja no TikTok ou outras redes sociais, há mensagens verdadeiras, risadas das próprias situações e até um bom estímulo na jornada de compra, como por exemplo este conteúdo da Nomo, empresa que se apresenta como uma operadora de celular digital sem burocracias, e brinca no vídeo “Se pisar no chão tem que voltar para a operadora antiga”. A página Melted Videos possui mais de 1,8 milhão de seguidores no Instagram e gera entretenimento diário por meio de memes com denominações como #prensadinhodamelted e #prensadãodamelted, abordando assuntos reais da vida de brasileiros comuns no formato “é meme, mas é sério”.
Volta e meia vemos memes de vivências que passamos no dia a dia e isso se encaixa inclusive no ambiente corporativo. Esta trend viralizou no TikTok e brinca com a forma como Marketing tem que convencer o time financeiro para investir nas suas ideias. Os colaboradores viraram estrelas das marcas e a forma como criam conteúdo nas redes sociais está não só impactando o branding, autenticidade da marca como até a própria atração de talentos e clientes.
Humor não é palhaçada
Aprender a usar o humor nos negócios está longe de ser brincadeira. Apesar de ótimos exemplos positivos, sabemos também que errar no tom da piada pode gerar um problema maior que o sorrido esperado. O grande ponto no caso de marcas e empresas é entender que humor esta muito mais atrelado à estado de espirito, à cultura, do que à fazer piadas em sí. O humor pode ser algo mais intrínseco de uma marca ou empresa, estando inclusive incorporado em seu arquétipo de marca, ou ser utilizado de forma mais leve ou tática para tratar algum tema ou acontecimento. O importante, seja num caso ou em outro, é tratar o tema com leveza e sincronizar suas ações e atitudes com o contexto do momento. Como já falamos aqui, ser vulnerável gera sim engajamento, porém, ser forçado ou tentar se aproveitar de um tema ou contexto por virar uma piada de mau gosto.
