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Health as a Business

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Entre 2019 e 2020, o Google comprou a Fitbit, a Apple superou a indústria suíça de relógios com a venda de Apple Watch, a Amazon lançou um “fitbit próprio” e o Facebook lançou o “Preventive Health“. Nesse meio tempo, ainda, a Mirror foi comprada pela Lululemon por US$ 500 milhões, a Peloton abriu capital e, forçadas a ficarem em casa, as pessoas passaram a baixar e usar mais e mais aplicativos de fitness. E por falar em ficar em casa, e precisar cuidar da saúde mental e não apenas do corpo, plataformas de mindfulness também ganharam espaço e relevância no mundo de Health Techs, tanto que o Calm (que já falamos aqui) virou até um programa no HBO Max. A medição de dados ligados a saúde, que antes era um benefício extra dos hardwares, se infiltrou no mundo dos serviços digitais – isso porque estes hardwares se tornaram muito precisos, a ponto de ter aprovação de órgãos de saúde para o uso (a Anvisa, por exemplo, aprovou o leitor de eletrocardiograma do Apple Watch neste ano!), e consequentemente estão podendo coletar estas informações. E a gente já sabe o que acontece quando junta hardware, serviços e dados…

Fit…

Que o Google comprou a Fitbit acho que todo mundo meio que sabe, afinal, um acordo de US$ 2,1 bilhões, assinado por uma Big Tech não é lá uma notícia de pé de página. O que acontece é que a Fitbit foi apenas um passo quase final para uma preparação de anos da Alphabet. Preparação esta que passou pela compra (um pouco menos barulhentas que a da Fitbit) de algumas startups menores como a da Senosis Health, lá em 2017. A Senosis é especializada em entender dados captados de devices móveis para diagnosticar alguns distúrbios de saúde no corpo, como doenças pulmonares. Segundo o CB Insights, a Google, a Microsoft e a Tencent foram responsáveis por 70%  das aquisições de startups de saúde até 2019. Ou seja, o Fitbit foi mesmo só um hardware para um serviço que a Alphabet já tinha estruturado. 

I can see your Halo…

Falando em união de serviço e hardware, pensando no monitoramento de saúde, a Amazon lançou o seu próprio wearable agora no final de agosto. A gente – e uma galera da imprensa – já falou dele por aqui: é um device que é capaz de captar, além de suas informações de movimentação do corpo, a quantidade de gordura corporal, o seu ciclo do sono e, até mesmo, o seu humor (ou assim diz a Amazon). O que você pode fazer com estes dados? Bem, segundo a Amazon, criar novos hábitos, monitorar de perto a saúde para avisar para os médicos e até ficar de olho em doenças preexistentes (tipo hipertensão). O detalhe é que para ter acesso a todas as possíveis ações com o Halo, essas que a gente comentou, será necessário pagar uma assinatura.  Além desta receita direta com os usuários, a Amazon ainda ganhou com a “auréola” a bênção para entrar no mundo de prestação de serviço para operadoras de plano de saúde. Lá nos Estados Unidos mesmo, a seguradora John Hancock já anunciou parceria com a empresa de Jeff Bezos, exatamente para fornecer os wearables para os seus clientes. A ideia é: a seguradora enviar o Halo para os usuários de graça, eles pagam uma assinatura para ter bônus nos seus planos por “bom comportamento”. Os usuários também podem optar dividir os dados com médicos já de antemão. 

Novo Plano

A parceria com a John Hancock é um passo, mas a real é que a Amazon já entrou nesta corrida sozinha. No ano passado, eles lançaram o Amazon Care, um programa parecido com um plano de saúde digital para seus funcionários em Seattle (a maioria dos MVPs da Amazon são em Seattle #justsaying). A partir deste programa, os funcionários da empresa podem ter acesso a clínicas virtuais, agendamentos de médicos por aplicativos e até visita de especialistas em casa. Jeff Bezos também andou comprando startups de health, como a Health Navigator, uma companhia que provê serviços digitais e tecnologia para operadoras de saúde. Isso sem contar na notícia de que eles planejam lançar 20 clínicas pelos Estados Unidos, apenas voltadas para funcionários dos Centros de Distribuição… O que levanta a boa questão que é: até quando a Amazon vai ficar apenas como parceira das seguradoras? O que garante que a Amazon não começará a oferecer planos de saúde baseados em dados? Se saúde é a evolução natural de empresas que vinham monitorando serviços e conteúdos, como Apple e Google, não poderia ser o serviço de saúde uma extensão da Assinatura do Amazon Prime? Um Health Prime by Amazon? Lembrando que nos Estados Unidos os planos de saúde são bem menos acessíveis que no Brasil e a saúde pública também é um grande problema. Ou seja, uma bela oportunidade aguardando uma disrupção.

Health as a Service

Esta é uma boa hora (PUN 100% INTENDED) de lembrar que em 2019, a Apple vendeu mais relógios do que toda a Suíça. Sim, a Suíça, aquele país conhecido por sua tradição em fazer os melhores relógios do mundo? É só cruzar esta notícia com o fato de que em 2019 mesmo os esforços da Apple para tornar o Watch um “centro de informações” para a saúde do usuário, que dá para compreender porque Tim Cook está tão focado em abraçar o mundo Health. O Watch não é “apenas” um hardware a mais para gerar receita com venda do produto em si, mas um novo horizonte para monetização de serviços e também lock in. Ou seja, quanto mais usam, mais querem continuar com aquele mesmo serviço e hardware, já que eles já têm todos os dados de saúde. Dentre os diversos serviços agregados que a Apple pode avançar, músicas, vídeos e games, a saúde é um que os consumidores tendem a levar mais a sério, sendo ainda mais fiéis e recorrentes. Se já falamos por aqui o quanto migrar um plano de assinatura do Spotify ou da Netflix é complicado por causa da perda de histórico e inteligência sobre recomendações, imagina com informações de seu histórico de batimentos cardíacos, pressão e exercícios? 

Um PS

No mundo em que o Big Data é o petróleo e a inteligência de dados, a gasolina, a discussão sobre a portabilidade dessas informações começa ganhar força. Afinal, o dado captado pelo seu Apple Watch é seu, para levar para onde quiser. E eis que aqui cabe a diferença entre petróleo e gasolina: o dado cru (ou raw data) é uma coisa diferente do dado tratado por algoritmos e inteligência. Por isso a Amazon vai lá cobrar a assinatura do Halo. Você saber o quanto andou na semana não faz diferença se não conseguir gerar inteligência sobre isso, cruzando dados diversos e com informações de terceiros, ou seja, o lock-in estará nos insights gerados por esses dados e não nas informações em si.  

TeleHealth

Para finalizar a corrida desta News, tem a Peloton que nos conta um outro foco importante desta indústria: há um crescimento substancial no número de uso de fitness em casa. Nesta semana, a companhia compartilhou com acionistas de que os usuários da Peloton dobraram o número de exercícios no último trimestre. Isso fez os papéis da empresa subirem mais de 10% e sustentou o mote de que eles devem ser vistos como uma empresa de tecnologia. Os aplicativos de fitness também viram este tipo de crescimento durante a quarentena, não só no número de downloads, mas na visualização e uso de maneira geral, foi o que a Gympass mostrou nesta pesquisa. O que significa que as pessoas estão se tornando mais capazes de desenvolver em casa o que antes precisavam de uma estrutura fora (mas lógico, com ajuda virtual de alguém). Isso aconteceu com a Telemedicina! Na pandemia, o assunto que antes estava em discussão, passou  a ser regulamentado no Brasil e a ser exigido dos planos de saúde. Com o avanço da Telemedicina, abre-se um espaço enorme para diagnóstico à distância, dado que numa consulta remota,  você dificilmente tem os equipamentos necessários para um diagnóstico, mesmo que seja algo mais simples  para triagem. Nesse sentido, os health wearables ganham um palco extra: eles podem popularizar e dar capilaridade à equipamentos antes restritos as clínicas e consultórios médicos, que agora no braço das pessoas, e capazes de medir de maneira assertiva e móvel, os principais indicadores de saúde, podem sim alavancar a Telemedicina, e vice versa. Nesta semana mesmo, o Neofeed apurou que o Einstein está para fechar parceria com a Vivo e a Claro para colocar a telemedicina como um serviço oferecido para clientes de operadoras. Levando tudo isso em conta, você acha mesmo absurda a ideia de uma Big Tech poder virar uma Big Health? Ou que você possa no futuro assinar um pacote de música + seriados + plano de saúde?  No final do dia, todos os 3 itens acima são viabilizados via hardware + conectividade + dados.

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