Ghost Interview

Ghost interview #9 | Com o dono da Cauda Longa

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Crystal Ball

Quem não gostaria de saber o que vai acontecer nos próximos anos? Quais modelos de negócio vão vingar, que tecnologias serão importantes, quais linguagens serão as campeãs? A gente também tem essas dúvidas de vez em quando, e, hoje foi um desses dias. Por isso, trouxemos Chris Anderson, um dos principais gurus do Vale do Silício para o Ghost Interview.

Anderson foi editor-chefe da Wired (nossa fonte querida de muitos Morses!) por 11 anos, onde foi o primeiro a explorar a teoria “Cauda Longa” aplicada aos negócios e à internet . Chris também foi um dos primeiros a falar sobre a possibilidade disruptiva do Big Data nas decisões estratégicas das empresas. Hoje, ele é CEO da 3D Robotics, se fosse você, eu usaria alguns minutos do meu dia para ler as opiniões desse cara:

Long Tail Journey

A repercussão foi exatamente como esperada. Eu não inventei esse conceito, ele já estava acontecendo no mundo  dos negócios e na internet há anos antes de 2004. Eu apenas coloquei um nome nele. É como se alguém perguntasse: “como a gravidade funciona hoje em dia?”. A resposta é, “bem, está funcionando ainda, né?”.

A Cauda Longa é uma observação estatística sobre a humanidade. É um fenômeno antigo que foi ampliado na internet e a sua capacidade de medir audiências – além da habilidade de chegar em mais mercados. A internet expôs a demanda latente por escolhas diversificadas. Não tínhamos capacidade mecânica de expor as pessoas à escolha até que a web a abrisse.

(Entrevista ao site da Roland Berger em 4 de maio de 2018)

A teoria da cauda longa mostrou que há interesse – e até paixão –  dos usuários por assuntos bem específicos. Todo mundo faz parte de algum nicho em algum momento da vida, mas pode ainda não saber disso, porque eles nunca tiveram a oportunidade de descobrir qual a profundidade desse nicho. Eu acho que quando as ferramentas de pesquisa se tornarem ainda mais poderosas, cada um de nós conseguirá achar alguma paixão. E a questão da paixão é que ela traz um apetite infinito – você está disposto a ir profundamente para alimentar esse interesse.

Minha aposta é que as pessoas querem mais variedade, não menos. Mas elas querem uma variedade organizada com contexto, de uma forma que faça sentido para os gostos nichados delas.

(Entrevista para a Global Business Network, em 19 de janeiro de 2006)

O iPhone foi o melhor exemplo do conceito de como o usuário ganhou poder dentro das empresas. Antes era uma tecnologia avançada que começou a ser usada apenas por pessoas que entendiam do assunto. Eventualmente, o smartphone começou a ser usado por todo mundo. Agora, a demanda por tecnologia avançada começa com os usuários e não com as empresas. 

(Entrevista ao site Commercial UAV News, de 2 de agosto de 2017)

O principal trabalho no Vale do Silício, na indústria de tecnologia, é o Mobile. Ou seja: estender a internet para outros espaços além do desktop. Alguns estenderam até as casas, outros para os bolsos, outros para a cidade. Os devices ficam mais inteligentes ao se conectarem à internet. Então o mundo tende a ficar mais e mais inteligente. E a recíproca é verdadeira: a internet também fica mais inteligente quando mais devices, com mais sensores, se conectam a ela. Estou justificando a noção que nós queremos medir o mundo a partir dos devices, que têm sensores que conseguem, de fato, fazer isso.

(Entrevista ao podcast da ArsTechnica, em 24 de outubro de 2018)

AI está mais para “alien intelligence” do que para “artificial intelligence”. O que a AI vai se tornar não se parece em nada com o pensamento humano. Nós nem poderemos reconhecê-lo.

(Postado em sua conta do Twitter em 15 de abril de 2016)

De certa forma, AI é apenas matemática, é um sistema que multiplica números em maneira progressiva e nos dá soluções melhores e mais rápidas. E, diferente da física nuclear, que também é basicamente matemática, não há um elemento físico da AI que dá para regular. É apenas um software rodando em computadores que usamos para nossas tarefas diárias.

Nesse sentido, o termo “AI” é muito vago e extenso para ser regulado. Seria como regular as armas nucleares a partir de legislação em cima da “física”. Você precisa de uma unidade reguladora mais próxima dos resultados que a AI traz, assim como as leis sobre armas nucleares acabaram enfocando a produção de plutônio e as instalações de enriquecimento de urânio.

Se algum dia existir um robô inteligente o bastante para interpretar comandos vagos como as três leis da robótica do (Isaac) Asimov, com certeza, ele será astuto demais para um humano controlar. Se tais tipos de IA existirem,  já terão nos ultrapassado muito antes da gente entender como raios criar um código.

(Texto em sua página do Medium, de 25 novembro de 2017)

Meu mote é aquela frase do Wiliiam Gibson: “o futuro já está aqui, só não está bem distribuído”. Para descobrir o futuro, você tem que apenas ficar com os olhos abertos para o que já está acontecendo.

(Entrevista à Foreign Policy em 29 de abril de 2013)

Esse é o meu top 5 de tendências das quais errei recentemente e o porquê:

  1. Manufaturas aditivas, como impressoras 3D, se tornando mainstream. Ainda é algo muito difícil, e ainda não houve um app matador para o assunto.
  2. Hardware open source – em oposição ao software. Os hardwares seguiram os smartphones na complexidade, ficou muito difícil para quem é amador reproduzir em casa.
  3. Xbox sendo melhor que o Playstation. Dada a ligação com os games de PC, achei que isso seria inevitável. Ainda não tenho explicações porque isso não aconteceu.
  4. Quantified-Self. Já tem uma década e ainda não houve bons insights dos wereables. Eu não acredito que os apps ainda não fazem a correlação de estilo de vida e dados de saúde.
  5. “O céu escuro cheio de drones”. Regulações, riscos, retornos. Mas para isso, é só dar um tempo…

(Postado em conta do Twitter em 25 de novembro de 2018)

Curtiu as opiniões do Chris? Então se liga nesse TED Talk e nesses livros dele!

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