Ghost Interview
GHOST INTERVIEW #29 | Benchimol e o XP da Questão
Quando veio a crise de 2008. Felizmente, ainda éramos pequenos. Mas foi o bastante para ver que não se pode depender só da corretagem de ações. É como ter uma empresa de guarda-chuva. Precisa chover todos os dias. Na crise, você tem que ficar muito próximo dos clientes, que estão assustados. Normalmente, o profissional de investimento foge do cliente quando ele está perdendo dinheiro. É um erro.
[Nessa época] Fomos a uma feira da corretora americana Charles Schwab. Ela funcionava como shopping de investimento. Focava no que o cliente precisava, enquanto o banco foca naquilo que quer vender.
Começamos a ver que o Brasil poderia seguir o mesmo caminho porque os clientes estão descontentes com os bancos. Resolvemos apostar na comparação de produtos, oferecendo fundos de diferentes casas.
Fizemos uma estrutura com todas as gestoras estrangeiras e butiques.
(…)
A marca XP foi criada em meia hora. Eu falava muito que queria criar uma empresa XPTO… Assim, ficou XP.
(Entrevista à Folha de S.Paulo em 14 de outubro de 2013)
Pela própria história da XP, totalmente ancorada pelo nosso braço educacional, acreditamos que a chave para o crescimento do mercado financeiro no Brasil é a informação. Não temos dúvida de que o brasileiro investe mal por falta de conhecimento. O nosso objetivo com essa aquisição é educar e qualificar a população.
(Entrevista ao Portal Fator em 9 de setembro de 2011)
Com a operação [compra da Infomomey], a XP pretende ampliar a abertura de contas de pessoas físicas via internet e oferecer um serviço de informações e ferramentas relacionadas a investimentos para os clientes. A InfoMoney, com suas análises e ferramentas, vai permitir ao investidor comparar mais as aplicações, o que complementa a proposta da XP de supermercado financeiro. Percebemos que, ao oferecer outras aplicações e serviços além de ações, estamos segurando mais os clientes.
(Entrevista ao jornal Valor Econômico em 8 de setembro de 2011)
Queremos ensinar as pessoas a investirem melhor e fazer com que elas percebam que quem investe através do banco investe mal. Essa é a questão principal, que as pessoas saibam que elas podem ter menos custos, menos tarifas, que vão ter ativos que vão render mais, principalmente na conjuntura atual, já que ter juros menores significa cada vez mais o cliente saber cuidar do dinheiro dele. Então, o nosso objetivo é tornar essa informação cada vez mais conhecida, com cada vez mais credibilidade. Quando se fala em investimento, ninguém pensa numa corretora de valores, pensa num lugar convencional como um banco. Você pensa em poupança, associa ao banco, ao gerente, à agência e assim por diante. A nossa empresa não funciona assim. Queremos e já estamos mudando há alguns anos essa questão cultural para que todo esse processo seja muito orgânico e natural. Eu diria que tudo isso vai acontecer, é só uma questão de tempo. Até porque as pessoas acabam percebendo o que é melhor para elas.
(Entrevista à revista Premier 125, 17 de maio de 2018)
Olhando para a nossa história, os movimentos pareciam óbvios, mas quando se está no presente, nada é tão óbvio assim. O segredo da nossa trajetória foi ter consolidado uma etapa de cada vez, dando um passo depois do outro.
Sempre nos preocupamos com conceitos básicos da sustentabilidade empresarial como, por exemplo, lucro líquido. Nos dias de hoje, os empreendedores se preocupam mais com as próximas rodadas de investidores do que com coisas, ao meu ver, muito mais importantes para realmente solidificar seus negócios. A longo prazo, acabam abrindo mão do seu ativo mais importante: as ações da sua própria companhia.
Muitas pessoas esquecem que a Amazon começou vendendo livros, para depois vender CDs e DVDs. Gradativamente foi expandindo sua grade de produtos e serviços até atingir o seu estágio completo atual. No entanto, quem tenta replicar o seu modelo de negócio, pensa logo em montar desde o início um marketplace completo, e muitas vezes se perde na sua complexidade. Sonhar grande não significa começar grande e nem assumir mais riscos do que se é capaz de controlar.
Parecia impossível fazer algo diferente e dar certo. Tivemos muitas dúvidas, cometemos muitos erros, mas aos poucos fomos nos acostumando a tomar decisões, a corrigir com velocidade os caminhos inadequados, a nos cercarmos das pessoas certas e com os pilares (valores) corretos, as coisas foram simplesmente acontecendo.
Tivemos muita sorte, trabalhamos duro e muitas pessoas nos ajudaram a fazer o que fizemos. A maior lição que tiro disso tudo é que qualquer sonho é possível, desde que você realmente acredite nele e não meça esforços para atingi-lo.
(Artigo publicado em seu Linkedin, em 19 de junho de 2019)
O mercado de criptomoedas, de Bitcoin e companhia, não é uma moeda, é uma mercadoria, uma commodity. O Banco Central tem um problema para resolver. Mas diria que as criptomoedas têm 50% de chance de ser um sucesso muito grande. O que não fez elas serem tão expressivas é que o mercado ainda não conseguiu ter a mesma tração de um cartão da Visa, da Mastercard. O blockchain não processa na velocidade que essas bandeiras processam. Demora 10 minutos até mandar o Bitcoin e você sentir que te paguei. Isso gera desconfiança, isso dificulta um pouco. Mas a tecnologia está evoluindo e tem uma tendência no longo prazo.