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Ghost interview #15 | A Dupla Dinâmica de US$ 26 bilhões

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Ghost interview #15com Logan Green & John Zimmer

Durante muito tempo, a tecnologia foi vista como o lugar dos “gênios solitários”. Hoje em dia, no entanto, a visão é 100% oposta e para elevar o poder do trabalho em grupo no setor de tecnologia a Ghost Interview da semana é um dueto, com Logan Green e John Zimmer, os fundadores do Lyft.

Greeen, atual CEO do Lyft, e Zimmer, presidente da startup, na verdade, ajudaram a criar o que a gente conhece por serviço de ride hailing. Em 2007, eles criaram o “Zimride”, um site que conectava motoristas a pessoas atrás de carona em universidades americanas. Em junho de 2012, o serviço virou aplicativo móvel com outro nome “Lyft”.

Quase sete anos depois, o Lyft opera em mais de 300 cidades norte-americanas e, na semana passada após o IPO, chegou a US$ 26,5 bilhões de valor de mercado. Qual é a história por detrás do fenômeno? John e Logan contam para vocês:

Logan Green: Eu comecei o Zimride em 2006 [o serviço foi lançado em 2007], a ideia era aproveitar o poder da comunidade e criar uma rede de transporte público a partir da ideia da carona, que é algo que sempre existiu no mundo do automóvel. A rua está cheia de carros e carros com apenas uma pessoa: 80% das viagens em estradas [nos EUA] têm apenas uma pessoa no carro e quatro assentos vazios. A grande sacada era fazer da Zimride, e do Lyft, um market place para esses assentos.

A primeira versão do serviço era bem crua, quase não funcionava. A primeira reação do público foi, você sabe, grilos. Ninguém se interessou. Então comecei a mandar para amigos e estudantes universitários, o que criou massa crítica para uso do serviço. Assim que o John [Zimmer] ficou sabendo e entrou em contato comigo a partir de um amigo. O mais curioso é que o sobrenome dele combina com o nome do site (que na época era Zimride). Na época, o John trabalhava no Lehman Brothers, e desenvolvemos melhor o Zimride juntos como um projeto paralelo. Em 2008, a gente decidiu que iria se dedicar apenas ao serviço e nos mudamos para Palo Alto. Lá, conseguimos um funding pequeno do Facebook, afinal, éramos construídos 100% em cima da plataforma deles. Crescemos indo atrás de universidades e empresas, assim, elas criaram massa crítica do serviço.

De 2008 a 2012, a gente viu o crescimento do uso do smartphone. Mobile estava se tornando onipresente, a pergunta é: o que faríamos com aquilo? Todos tinham um iPhone ou um smartphone com Android em seus bolsos todo tempo. E pensamos: transporte é algo tipicamente em tempo real. O Lyft começou a partir daí: o conceito de Zimride instantâneo.  O aplicativo veio de um hackaton, para falar a verdade. Lançamos com um nome diferente porque, durante o processo de desenvolvê-lo, vimos que era um negócio muito diferente do que tínhamos. Lançamos o aplicativo em San Francisco em junho de 2012.

(Entrevista dada à web-série “A Total Disruption”, de 2014)

John Zimmer: Eu trabalhei no meio de hotelaria antes e, quando estudava o assunto, a vacância é a métrica mais importante. Quando usei esse sistema para pensar em carros, algo não eficiente aparecia: o grau de ocupação dos carros em nossas estradas é de menos de 20%. Em hotelaria, esse número é uma falha grande.  Cheguei a esboçar uma ideia para esse setor, mas não sai do assunto carona que, na época, antes dos celulares, era um assunto meio chato, pouco viável. Então conheci Logan [Green] e o começo do projeto do Zimride em 2007, e tudo veio à tona para mim. Fiquei muito animado pelo plano de negocio dele, mas, devo dizer que o que me chamou atenção primeiro foi o nome. Um amigo em comum nos apresentou.

Por quase um ano, eu lidei com isso como um projeto paralelo. Trabalhava no Lehman Brothers. Quando saí do banco para, de fato, ir para Palo Alto e me dedicar ao Zimride, uma colega de trabalho me perguntou “como você pode deixar algo tão certo como o Lehman Brothers para montar essa startup doida de caronas?”. Três meses depois, o Lehman quebrou. Ou seja, a gente levantou o Zimride durante o colapso financeiro dos Estados Unidos. E ainda assim, conseguimos ter US$ 7 milhões investidos na startup até 2012.

No meio de 2012, teve um momento de reflexão meu e do Logan e a gente percebeu que o apesar de ser lucrativo, o Zimride não estava fazendo aquilo que tínhamos proposto fazer, que era eliminar o trânsito e aumentar a taxa de ocupação dos carros nas estradas [dos Estados Unidos]. “Se fossemos recomeçar esse serviço hoje, como seria?”, e, claramente, precisaria abarcar tecnologias que não existiam quando nós começamos o serviço: o Mobile. Então a gente mudou. O nosso serviço precisava ser mobile first para oferecer a melhor experiência.

(Entrevista ao Startups.com de 22 de abril de 2018)

Logan Green: Em tecnologia, eu fico mais animado com o Elon Musk pela escala dos problemas que ele tenta lidar nas suas empresas. Do jeito que ele constrói carros até como ele vai atrás das viagens espaciais, é empolgante e audacioso. No campo de empresas, eu admiro o Airbnb porque eles foram pioneiros da economia compartilhada e em criar uma comunidade. Eles acharam um jeito elegante de ajudar as pessoas a ganharem direito e para quem viaja passar por experiências autênticas.

Agora falando de áreas. O que mais admiro, e é o que me deixa animado é o Mobile. Uma nova onda de empresas estão nascendo – e o Lyft é uma delas – exatamente porque todos têm um telefone e os serviços são colocados nele. A gente não poderia prever que todos os motoristas em trânsito teriam um smartphone que pudesse rastrear sua localização exata, e a gente não poderia presumir que todos os potenciais passageiros na estrada poderiam tirar um telefone do bolso para pegar uma carona. Os diferentes tipos de dispositivos móveis já existem existem há alguns anos, mas a suposição de que todos têm um smartphone e a onipresença do Mobile finalmente desbloqueou negócios.

(Entrevista à revista Fortune em 21 de agosto de 2014)

Logan Green: Um dos exemplos é que, toda vez que um motorista começa a trabalhar no Lyft, a gente conecta ele com outro “top motorista” – um com mais de 700 viagens e no top 100 de pontuação da cidade – que vira seu mentor. E a primeira viagem do motorista da Lyft precisa ser com esse mentor. Esse match que fazemos foi o que nos fez dar escala à sensação de pertencer a uma comunidade.

Para fazer o Lyft Line [programa de ride sharing coletivo] funcionar compramos duas empresas, uma de rotas de trânsito em tempo real e uma empresa de caronas. Mas, o que ajuda a funcionar é o nosso time fenomenal de data science. A partir de dados que fazemos os matchs de clientes e rotas, para isso entendemos padrões de trânsito da área e entendemos o comportamento do local para saber se haverá mais viagens ali – é dessa forma que calculamos o preço da viagem também.

(Entrevista ao Yahoo Tech Mix em 30 de março 2016)

John Zimmer: Nós achamos que, nos próximos anos, os usuários estarão assinando planos de quilometragem da mesma forma que assinam planos de minutos na At&T e da T-Mobile.

 (Entrevista à CBS em 5 de julho de 2017)

Ainda estamos arranhando a superfície das possibilidades com as bicicletas e outros pequenos veículos elétricos.

(CNN Business, 11 de dezembro de 2018)

Logan Green: Nós estamos indo atrás de um mercado de US$ 1,2 trilhão. Consumidores norte-americanos gastam essa quantidade de dinheiro todo ano para transporte diário, e achamos que pode ser o maior mercado que já passou pela mudança de negócio para o modelo de serviços. Então não estamos apenas investindo em ride sharing, mas em bicicletas e scooters, estamos investindo em veículos autônomos, mas se você olha para os números, você entende porque estamos investindo sem vergonha alguma nesse espaço.

(Entrevista para a CNBC em 29 de março de 2019)

John e Logan: Nos próximos 10 anos, ainda terão motoristas e carros autônomos nas ruas e estradas, é o que chamamos de rede híbrida. No começo, os carros autônomos ainda terão uma longa lista de restrições.

Lembram quando a cobertura das redes de celular foram do 3G para o 4G? Primeiro apenas as grandes cidades tinham a conexão, depois foi crescendo e chegou a mais pontos. Mesmo assim, lugares que ainda não tinham a rede mais rápida tinham cobertura do 3G e não ficam sem conexão. A questão é que a introdução dos carros autônomos vai seguir o mesmo padrão.

Carros definiram nossas cidades até agora. Agora é hora da gente redefiní-las. Muitos conceitos dentro de carros autônomos vão mudar. Eles terão sofás e televisões? Será que os nossos happy hours serão dentro de um carro voltando do trabalho? Quando as crianças perguntarem “já chegamos?”, eles irão responder? Mas, quando se trata de carros autônomos, a pergunta mais importante é como eles mudarão o mundo. Os estacionamentos do futuro poderão se tornar parques. De repente, iremos diminuir a parte de asfalto das ruas e aumentar as calçadas. Isso significa mais espaço para pequenos negócios e lojas, mais espaços compartilhados.

(Texto publicado por Zimmer em seu Medium, em 18 de setembro de 2016)

John Zimmer: Não cante músicas de Justin Timberlake quando estiver ao lado do futuro cofundador da sua empresa, não importa o quanto você ame fazer isso.

(Quadro CNN 15 questões com…)

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