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Vou ou não vou?

Como decidir se sua empresa deve ou não surfar as ondas do momento.

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Imagine o seguinte cenário…

Uma terça-feira chuvosa, aquele trânsito na cidade, você cansado(a) e com aquele evento de mercado que você “deveria” ir (guarde o “deveria” para daqui a pouco). Aquela preguiça enorme de tomar banho, se arrumar, atravessar a cidade de Uber para ficar sorrindo num evento com um monte de gente que você nem conhece direito mas você precisa fingir que está brilhando como se estivesse chegando para a entrega do Oscar…

Agora vamos voltar ao “deveria” ou “preciso” ir… Você poderia tomar a decisão baseada na opinião das pessoas, então você resolve mandar a pergunta num grupo de whatsapp com a galera do mercado. Bom, ali você vai provavelmente encontrar 5 tipos de personas.

Os excluídos

Imagine que temos dois tipos de persona que não foram convidadas para o evento, nem pro de hoje, nem para os outros que já aconteceram. A primeira, mesmo sem ter ido, faz comentários maravilhosos sobre o evento como se já tivesse ido (acompanhou pelo Instagram), pois acredita que elogiar o evento mesmo sem ter participado é importante para se sentir inserida e ter assunto no happy hour da outra semana. Já a segunda persona, que também não foi convidada e nunca foi, vai por outro caminho, já num perfil mais enciumada e com aquela pitada de inveja, falando que não faz o menor sentido, que o evento é só para fazer social, que perder tempo no trânsito na chuva para isso não vale a pena etc etc.

Os presentes

Agora vamos para as personas que já foram nesse evento no passado, e aqui temos 3 tipos diferentes. A primeira já foi, não gostou, mas na verdade nem entendeu direito o que estava rolando lá, ficou no celular o evento inteiro, mas postou umas fotos como se estivesse incrível e fez elogios rasgados ao evento, dizendo que não entende como alguém não aproveitou essa oportunidade. Com essa mensagem, você resolve ir… Ai, quando você começa a pensar em ligar o chuveiro, vem a segunda persona, que já foi, também não gostou, mas comentou com propriedade do porque não gostou, e para você soa como música para os ouvidos, pois fortalece a sua tese de que pode continuar no sofá assistindo sua série favorita, ao invés de entrar de vez no banho, e não se sentir culpada por isso. Mas, por fim, quando você já tinha desistido de ir, vem o comentário da última persona, que normalmente vai em todos esses eventos, já foi nesse várias vezes, e faz elogios rasgados ao evento, dizendo que estar lá é o futuro e comenta sobre o quanto isso faz parte não apenas da estratégia, mas também da cultura da sua empresa. Ah, e para piorar, essa persona é na verdade seu maior concorrente… e você sabe que no dia seguinte as redes sociais dela estarão lotadas de fotos e mais fotos do evento… e quem sabe até algumas notícias sobre a presença dela lá.

Sabe que evento era esse?

Bom, tomamos a liberdade de fazer essa introdução mais longa, e lúdica, pois não queríamos ser mais um das centenas de conteúdos que você tem lido com as buzzwords do momento. Mas entenda que tudo que falamos acima se encaixa não apenas sobre uma pessoa pensando em ir,  ou não, num evento, mas vale também sobre empresas decidindo se devem, ou não, avançar com iniciativas de blockchain, criar seus NFT’s, seu espaço no Metaverso, lançar seu Avatar, implementar uma cultura DAO e por aí vai. Ficou na dúvida? Releia o parágrafo acima com esse olhar e você vai entender o que queremos dizer…

Tomo banho e chamo o Uber?

Calma, não estamos aqui para miar a sua festa, mas sim para ajudar a trazer uma visão mais pragmática sobre ir ou não ir. Estar ou não estar presente. E tomar a decisão com consciência e tranquilidade, sem ficar pensando o que pode estar rolando lá enquanto você está no sofá. Mas agora chega de metáforas e vamos falar de business de verdade. O mundo dos negócios está se tornando cada vez mais desafiador e pluricanal. Seja para canal de comunicação, seja para canal de atendimento, seja para canal de vendas, pouquíssimos negócios podem se dar ao luxo de ser monocanal. Mesmo o B2B, que no passado já foi mais simples em distribuição, enfrenta as complexidades parecidas com o mundo B2C, que sempre puxou na inovação no que diz respeito às novas formas de se comunicar e vender produtos e serviços.

Metodologia para decidir

O mais importante nesse momento de inovação contínua, e frenética, é ter uma metodologia que permita que a sua empresa, de forma alinhada à cultura e estratégia, possa analisar com pragmatismo essas oportunidades para tomar decisões claras e objetivas que atendam as expectativas dos clientes, colaboradores, acionistas e até mesmo da sociedade. Mas como?

Como diria Simon Sinek, “Start with Why”! Qual o propósito da sua empresa? Liderar a inovação, ser o first-mover, estar presente em canais, mesmo que ainda não façam sentido financeiro, é algo inerente à cultura e missão da sua empresa? Se for, “it’s a go“! E aqui você não estará investindo em um novo canal ou tecnologia de negócios, você estará investindo no seu posicionamento de marca, em se manter na liderança como referência em inovação. Porém, o importante aqui é saber se a sua esteira de produtos e serviços que você monetiza, para pagar a conta, realmente tem a ver com esse posicionamento que você quer construir ou manter.

Outro ponto para analisar, ainda de forma subjetiva, é sobre o momento da sua empresa. Com diversas reviravoltas tecnológicas acontecendo ao mesmo tempo, é comum que empresas envelheçam, ou pareçam envelhecer, antes da hora, e sem perceber que está acontecendo. É como você chegar na casa de uns amigos e ver que você é a única pessoa de calça de moletom num encontro de sábado à tarde com todos mais arrumados… It ‘s time for a change, mesmo que seja só aquele tapa por cima mesmo, e mesmo que por uma noite. Estas são aquelas empresas que, assim, do nada, anunciam seu próprio NFT, compraram um terreno no metaverso etc, e você pensa “What?”. Naquele conceito de “falem bem ou falem mal, mas falem de mim”, o awareness gerado e o PR, se bem trabalhados, podem dar um novo fôlego para quem até ontem tinha a imagem de usar calça de moletom na festa…

Agora, vamos aos que de fato estão explorando estes novos canais como negócio, seja porque já estão nesse território, seja porque seus clientes estão migrando para lá e estão se adaptando à nova realidade, ou seja porque identificaram uma nova oportunidade de negócios por ali.. Sim, estes são os que encaram o Metaverso, NFT e afins como mais um canal de negócios, e entram nessa festa com a cabeça de medir o ROI de cada moeda investida, seja ela real ou virtual.

Nessa linha temos alguns exemplos. Empresas de games, por exemplo, não tinham como ficar fora dessa. Abraçar essas novas tecnologias era quase que uma obrigação, e a entrada se deu quase que de forma óbvia e fluida. Mas temos quem está no meio do caminho, como a indústria do entretenimento, por exemplo. E aqui vamos considerar cinema, música e festivais que, se por um lado, no conceito de attention economy, encontram em tendências como o metaverso um grande concorrente, ou uma grande oportunidade, mas ainda não conseguem materializar de forma prática como rentabilizar ali o tanto quanto rentabilizam em outros canais. E olha que essa indústria é uma que vem vivendo no meio desse furacão tecnológico há muito tempo.

Por fim, esse conceito de ver as novas tecnologias como frenemies acaba permeando outras indústrias como os Bancos vs DeFi, o Varejo vs D2C e por aí vai.

Então, quando ler sobre uma nova tecnologia surgindo, ou quando ler uma notícia do seu concorrente comemorando ser o primeiro a entrar em uma nova tendência…  tenha calma, respire, e tenha certeza que aquela tecnologia já estava mapeada e já havia passado pelo seu filtro de análise. Se você fez tudo isso, e a decisão de entrar ou não, foi baseada na sua metodologia de inovação, alinhada com os demais stakeholders, segue jogo e não pegue pilha dos concorrentes se movimentando, já que apesar de concorrer no dia a dia, podem não ter a mesma cultura. Afinal de contas, você não quer ser o Tiozão na festa da molecada, mas também não quer perder a “entrega do Oscar” do seu negócio.

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