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O futuro das App Stores
Quem acompanha as notícias, e o Morse, sabe que, recentemente, a Apple passou por uma batalha judicial contra a Epic Games. No centro da discussão estava um assunto que é essencial para se discutir quando falamos em digital: o quanto a loja de aplicativos da Apple acaba dando mais amarras do que ajudando os desenvolvedores de pequenas aplicações. O julgamento acabou sendo favorável aos desenvolvedores, e exigiu que a Maçã comece a liberar que os apps usem seus próprios sistemas de pagamento, trazendo dúvidas para um negócio que levanta US$ 19 bilhões anuais em receita para a Apple. E, acreditem, isso é só o começo.
O começo de tudo
Se você leu o Ghost Interview do Morse desta semana, você já sabe que o conceito de App Store não é novo, e começou, vejam só, com vendas por Catálogo… Sim, tipo a Sears do mundo dos softwares… E se estamos falando de Varejo, por que não comparar uma coisa com a outra. No final do dia, uma App Store não é nada mais nada menos do que um canal de distribuição de produtos e serviços, assim como um Supermercado ou Shopping Center. Porém, com a diferença, no caso das stores como Google Play, e principalmente Apple Store, que você acaba não tendo opção. E esse tem sido o grande ponto, se você comprou o smartphone, e ele é seu, você deveria ter o direito de escolher como e onde gostaria de abastecê-lo de conteúdos e serviços… E já que falamos em abastecer, para ficar simples a comparação, imagina se você comprasse um carro, ou uma moto, e viesse com uma trava restringindo o abastecimento à rede própria de postos de gasolina, e que cobra 30% da gasolina a cada abastecimento. Estranho, né? Mas é como funciona o seu smartphone, pelo menos por enquanto.
Segurança vs Custo
Durante muito tempo, o discurso das plataformas e ecossistemas, principalmente o da Apple, sobre a restrição da distribuição dos aplicativos por fora da Apple Store foi relacionado à segurança dos usuários e clientes. E sim, podemos colocar aqui o nosso braço a torcer, conseguiram criar um ambiente muito, muito mais seguro do que o que vivíamos na época em que saímos por aí instalando softwares em nossos computadores que vira e mexe traziam sérios problemas aos nossos aparelhos. Porém, esse não é um atributo do próprio aparelho? Não seria esse um dos motivos de pagarmos “o olho da cara”, quase que literalmente, como nas brincadeiras dos memes internet afora, por um iPhone? Mas vamos deixar o preço dos aparelhos de lado um pouco, e vamos falar da cadeia de distribuição e pagamento. O modelo de negócio das lojas de Apps é pautado na distribuição dos aplicativos, como um varejistas online, porém com sua própria plataforma de pagamento (billing), que pelo combo dos dois serviços cobra, ou vinha cobrando, 30% de tudo que ali fosse vendido ou assinado. No passado, quando as lojas surgiram, e muito do que se gastava lá era quase que apenas supérfluo, e esporádico, talvez esses 30% não tivessem tanto impacto. Mas nos dias de hoje, dentro da Mobile Economy, na qual diversos produtos, serviços, e por vezes até indústrias inteiras, como a do entretenimento, acontecem exclusivamente via smartphones, esse jogo precisou ser desafiado. E se você pensa que isso é uma questão apenas para as empresas que vendem ali suas soluções, saiba que na verdade isso afeta toda a cadeia… Pense que a padaria da esquina que assina um software de gestão financeira, o influenciador digital que assina uma plataforma de edição de vídeos e imagens e os seus filhos comprando crédito nos jogos online, estão pagando essa conta também, já que o pedágio das lojas já acaba vindo embutido nesses custos.
Do Atacadão à Mercearia
Mas vamos deixar os “dinheirinhos” de lado por um momento e vamos falar sobre o que mais gostamos aqui; curadoria, conteúdo, autoridade e contexto. Como estávamos comparando as App Stores com varejistas físicos, podemos dizer que as lojas de Apps que conhecemos seriam grandes Atacados. Na verdade, o maior de todos, já que, hoje em dia, tudo, tudo mesmo, está lá. Segundo dados recentes, existem cerca de 3,1 milhões de aplicativos disponíveis para download na Google Play e 2,1 milhões de apps na App Store. Aí vem outro dado: o brasileiro tem, em média, 70 apps no celular, segundo a App Annie. O que nos faz perguntar: nos dias de hoje, será que o ideal é uma App Store com milhões de apps? Ou com os melhores aplicativos para você? Com curadoria, conteúdo e contexto, e tudo isso feito por pessoas ou empresas que você admire e tenham autoridade no assunto. Até porque, no final, quantos de vocês já não tiveram que pedir indicação de aplicativos para algum conhecido por se sentirem “perdidos” nas lojas de aplicativos. Diversos produtores de conteúdo e influenciadores digitais já divulgam hoje suas recomendações de aplicativos… Melhores apps para saúde e bem estar, gastronomia, edição de posts etc etc…
As Novas App Stores
Mas então, se o “discovery” dos apps saiu de dentro das lojas que conhecemos hoje, e foi para as mãos de quem gera conteúdo, será que ainda faz sentido o pedágio das App Stores? Não deveriam os verdadeiros organizadores ter suas próprias lojas e a possibilidade de monetizar seu trabalho de curadoria? Sim, estamos falando de Creators App Store, ou a possibilidade de pessoas ou empresas levarem seu conhecimento e autoridade para o mundo dos softwares e aplicativos. Mas já que vamos pensar nas oportunidades que podem surgir, podemos ir além. Poderia a Magalu virar uma App Store? Na China a Tencent, dona do WeChat, é dona da loja de aplicativos que domina 25% do mercado por lá. Isso porque os SuperApps já vendem produtos, serviços e conteúdos de forma combinada. Aqui no Brasil a Rappi já testou vender alguns serviços e conteúdos pelo seu App. E sabe quem é que tem mais de 400 mil apps disponíveis aos seus usuários em uma loja organizada? Ela mesma, a Amazon. A Amazon App Store é voltada para games e no sistema operacional do Android. Os games, inclusive, criando seus metaversos, também estão se tornando “lojas de conteúdos”. Ai fica a pergunta, se os SuperApps, Marketplaces, Games etc, estão começando a fazer a recomendação destes aplicativos, ou mesmo deixando eles disponíveis para uso dentro de seus ecossistemas, como acontece na China com os mini-apps, o smartphone continuaria sendo “smart”? Ou viraria apenas um “phone”? Será que a Apple, ou o Google com a Play Store, podem correr o risco de perder o poder de ser hoje o único canal para distribuir e monetizar serviços e conteúdos mobile em seus devices? Provavelmente não, mas tudo indica que se manter bem posicionado nesse ecossistema demandará mais do que uma “trava de sistema” e pode passar por uma revisão completa da App Stores que conhecemos, enquanto acompanharemos provavelmente uma descentralização e o surgimento de novas formas de descobrirmos novos apps para nosso dia a dia.
300 de Esparta
E eis um número que pode fazer você olhar novamente para a tela do seu celular: existem mais de 300 lojas de aplicativos no mundo. Sim, 300! E, mesmo assim, o mercado não pode ser considerado super variado, dado o poder que a Apple e o Google têm sobre o ecossistema. De qualquer forma, falando sobre as “300”: a maioria delas é voltada para Android. Algumas delas são de fabricantes, como é o caso da Xiaomi, que tem uma loja de aplicativos dona de 11% do mercado chinês. E, no mercado daqui, ela acabou trazendo esse conceito de indicar aplicativos para o usuário do celular dela baixar. Ou seja, uma loja especializada e segmentada. Falando em especialização e segmentação, é bom comentar sobre algumas lojas alternativas, como a Slideme, a AppBrain ou a 1Mobile, que trazem o poder da segmentação e do nicho para o download de aplicativos.
Because Jobs said so
Prover um espaço para que se crie um ecossistema no Mobile sempre foi a ideia de Steve Jobs para a App Store (confiram aqui uma entrevista que ele deu lá em 2008 sobre o assunto), e agora é com este mesmo pensamento que outras empresas estão colocando seus aplicativos no ar. Uma delas a gente até comentou no MorseCast de segunda-feira: a Koji. A empresa lançou um lugar para que criadores de conteúdo, influenciadores consigam achar as melhores aplicações para monetizar seus conteúdos. Não estamos falando aqui de uma loja unificada de serviços digitais (que bem poderia existir, para falar a real), mas de um lugar que conecta desenvolvedores de pequenas funções e aplicações – como um quiz interativo para o Instagram – e o público que, de fato, está disposto a pagar por isso. Ou seja, uma forma de dar curadoria e contexto para as soluções digitais.
From Korea, with love!
Há menos de um mês, a Coreia do Sul também estabeleceu uma regra para abrir um pouco a porta dos “walled gardens”. Uma lei foi aprovada lá exigindo que os desenvolvedores de aplicativos possam usar meios alternativos de pagamento e não pagar as taxas para o Google ou para a Apple. Tal operação acaba atingindo mais os criadores de games. Falando em criadores de games, na papelada toda do processo da Epic Games contra a Apple, um dado veio a público: 70% de toda a receita da App Store vem dos consumidores de games; ou seja: 10% do público dono de iPhones e iPads é responsável por 70% da receita da loja de aplicativos. E aqui faz algum sentido, muito menos pelo perfil de quem joga games, e muito mais pela forma que os games se colocam para o público em seus apps. Sim, é o tal do metaverso (e talvez assim fique mais claro entender por que, raios, todo mundo está falando esse termo agora). No próprio Fortnite, da Epic Games, você consegue fazer compras dentro do universo do jogo para dar um up no seu personagem ou até mesmo, para conseguir chegar a novas features. Já no Roblox, há possibilidade de você entrar (pagando ou não) em diversos jogos diferentes, feitos por outros desenvolvedores (e parte da receita vai para eles). No metaverso, você mal precisa sair do aplicativo para conseguir usar o celular em sua capacidade total, exatamente como os super apps.
A disrupção da disrupção
Mobilidade Urbana? Serviços Financeiros? Entretenimento? Saúde? Pode nomear a indústria, o segmento, o mercado, ou que for, apostamos um almoço, que um Aplicativo, ou Aplicação, estava no centro, ou colaborando fortemente, para essa disrupção. Então, chegou o momento da indústria que gerou a disrupção de muito do que conhecemos, passar ela mesma pela sua própria disrupção. Como consumidor, saiba que cada vez mais teremos marcas e empresas entrando nesse negócio, facilitando nossa vida com formas mais inteligentes ou interessantes de descobrirmos como as plataformas digitais podem estar em nosso dia a dia. E, como empresa, você já parou para pensar como o seu negócio pode ser influenciado ou aproveitar essa nova oportunidade? Aqui no Morse, como nosso papo sempre foi pensar em tecnologia e inovação aplicadas aos negócios, acreditamos que existe uma oportunidade para uma App Store do B2B… com foco em ajudar as empresas a se digitalizarem… Mas isso fica para uma outra newsletter, que você pode receber se cadastrando aqui: www.digitaliza.ai!
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