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(Quase) Tudo sob controle

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Os dados que geramos moldam as nossas experiências no mundo Mobile. Se você já deixou alguém usar o seu Spotify ou Deezer e se deparou com uma música (ou artista) que nunca escutou na sua vida nas playlists personalizadas sabe do que estamos falando! E aí que entra uma questão complicada: se quanto mais usamos as plataformas digitais melhores elas ficam, qual é o incentivo que temos para experimentar novos serviços? No mundo ditado por algoritmos hiper-inteligentes, onde fica o seu poder de escolha? E, principalmente, como o mercado pode crescer nesse ambiente?

A vida invisível

A gente pode até não perceber, mas a personalização já chegou nas plataformas digitais. E é exatamente o fato de a gente não perceber que torna mais difícil ainda fazer com que as pessoas entendam seu poder: você só descobre que a Netflix, de fato, muda as indicações e a página principal quando entra na conta de outra pessoa! E isso que a gente chama de “experiência comportamental” faz toda a diferença no final das contas: as suas séries preferidas já ficam lá em cima e você consegue saber, exatamente, quando as novas temporadas chegam. A questão que colocamos é, e ainda usando esse exemplo da Netflix: a entrada de novos Streaming cria uma possibilidade de o usuário ter vários perfis diferentes em serviços, mas a personalização real dependerá daquele que tem mais dados históricos sobre você – ou seja, um novo entrante vai ter que rebolar para poder oferecer a melhor experiência sem ter essa personalização. O segredo pouco falado desse sistema focado no usuário e data-cêntrico é que ele acaba privilegiando plataformas estabelecidas. 

Uma nova portabilidade

Parece um beco sem saída, não? Na verdade, não. Para isso, a gente vai lembrar do que aconteceu com o celular. Logo no começo, o usuário era dono do aparelho, mas não do número. Se quisesse trocar de operadora, você perdia o seu número. Para muita gente, isso foi um grande “lock-in”: os mantinham usando o mesmo plano – na mesma operadora – simplesmente para não passar pelo transtorno que é mudar de número (principalmente profissionais que dependiam do telefone em questão). Do lado dos negócios: novas operadoras tinham essa grande “parede” para transpor, só podiam depender de novos usuários, já que os antigos muito provavelmenre não migrariam para elas. Então veio a portabilidade: ao dar o número nas mãos dos usuários, a flexibilidade aumentou, bem como os serviços – e tipos de planos e serviços oferecidos pela telco. Para muita gente, isso também poderia acontecer com os dados comportamentais: eles se tornam de posse do usuário e não da plataforma.  

Control room

A discussão em torno da portabilidade dos dados já está presente nas legislações de privacidade, mas precisamos também acrescentar um aspecto importante: o entendimento. Para o usuário, de fato, ter posse de seus dados de comportamento, é preciso que ele também entenda o que eles querem dizer. Só assim o usuário pode ter posse E controle dos dados. Você sabe como o Spotify te vê? Você sabe qual é o seu perfil no Google ou nas redes sociais, em comparação com seus pares? Se o usuário tiver esse tipo de informação em mãos, ele poderá imputá-la no serviço que quiser. Imagina só: seus dados de perfil do Globoplay – ou da Netflix – podem servir para criar um perfil num novo plano de streaming de áudio. Ou a partir do seu perfil musical, um Gympass sabe qual tipo de exercício e academia melhor pra te indicar? As possibilidades são infinitas. 

O conversado não sai caro

Para o cenário que falamos ali em cima funcionar, é necessário também falar sobre a interoperabilidade desses dados – ou seja, a capacidade deles de conversar entre si. Com isso em mente, senadores norte-americanos apresentaram neste ano o “Augmenting Compatibility and Competition by Enabling Service Switching” Act, mais conhecido como ACCESS Act. Nesse projeto de lei, seria exigido que as grandes empresas de tecnologia tornem seus dados interoperáveis para que outras, menores, possam acessá-los (e para que os usuários possam colocá-los onde quiserem). A regra  tem o intuito de encorajar a competição no meio digital, já que cria um ambiente parecido para que companhias criem novos negócios. A proposta é ousada, já que chega na raiz do que nós conhecemos como digital até hoje. Afinal, o valor das empresas digitais (e Mobile) está na plataforma ou nos dados que elas coletam?!

Same level

Para o professor de Oxford e co-autor do livro “Reinventing Capitalism in the Age of Big Data”, Viktor Mayer-Schönberger, o compartilhamento de dados será o caminho para criar competição no mercado digital num futuro muito próximo. “A inovação está se afastando parcialmente da engenhosidade humana em direção ao machine learning orientado por dados. Aqueles com maior acesso a mais dados serão os mais inovadores e, devido aos ciclos de feedback, eles estão se tornando cada vez maiores, comprometendo a competitividade e a inovação. Portanto, se forçarmos aqueles que possuem grandes quantidades de dados a compartilhar partes deles com outras pessoas e empresas, podemos reintroduzir a competitividade ao mercado e espalhar inovação ”.  Para o usuário, essa nova forma de ver os dados poderia significar maior controle e maior diversidade de serviços, bem como uma liberdade de escolha muito maior. 

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