Morse News
Medalha de Ouro em digital
Eles estão nas Olimpíadas de Tóquio. E também no Instagram, TikTok e Twitter. Será que ser influencer pode render dinheiro para os atletas?
Varamos a madrugada assistindo aos esportes nas Olimpíadas de Tóquio, de atletismo até badminton, passando por skate, surfe e maratona aquática! A gente comemora as medalhas como se fossem nossas e, obviamente, enaltecemos os atletas que as receberam como heróis. Mas sabemos que uma grande parte da dura estrada de quem escolhe ser atleta e de quem sonha em chegar ao pódio olímpico é, sem dúvidas, o investimento necessário para se chegar lá. Desde o começo das Olimpíadas pipocaram os números sobre os atletas do Time Brasil, um deles viralizou no Twitter: dos 309 atletas que foram para Tóquio, 42% não tem patrocínio, 13% fizeram vaquinha para ir aos jogos olímpicos, 10% sequer vivem do esporte que praticam e 15% destes são motoristas de app. Também veio do Twitter esse vídeo do local onde o quarto lugar Olímpico do arremesso de peso, o brasileiro Darlan Romani, treina. Sabemos que existe também uma grande ligação entre as medalhas e os grandes patrocínios que os atletas recebem. O que iremos falar por aqui é sobre como os últimos acontecimentos do mundo de Creators e Influenciadores Digitais podem ser uma forma de repensarmos como esses grandes financiamentos, muitas vezes restritos apenas aos atletas já em evidência, podem chegar naqueles que podem ser medalhistas (ou seria no “long tail”). Para pensar em soluções olhamos para o que já tem rolado nos Estados Unidos e também em outros mercados e, olha só, até aqui no Brasil, mostrando que existe um caminho digital para ganhar dinheiro que não apenas com publicidade direta.
Mas, não é só aqui!
E não ache que é algo só brasileiro, uma pesquisa feita com 500 atletas olímpicos de 48 países mostrou que 58% dos esportistas passam por algum tipo de instabilidade financeira, muitos deles responderam que o esporte não consegue pagá-los o bastante para ser um meio de vida. Nos Estados Unidos, há uma tentativa de mudança nesse cenário, pensando nos atletas universitários – que são a maioria dos que acabam indo para os jogos olímpicos. Até bem pouco tempo atrás (e bem pouco tempo mesmo, falamos de dois meses) os atletas universitários não podiam receber nada além de bolsa de estudos. Ou seja, estamos falando de esportistas olímpicos que ficaram sem poder receber patrocínios ou lucrar a partir de suas imagens. Agora, depois de uma batalha judicial que chegou ao Supremo Tribunal por lá, essa galera pode, pelo menos, faturar com o “N.I.L” – ou melhor: name, image e likeability – mais conhecido como: o principal pilar do branding.
Atletas influenciadores ou influenciadores atletas?
E aí entra um software! Porque, entre as aulas, os treinos e as competições, um atleta não tem lá muito tempo para gerenciar o seu “NIL”. Bem como, pode não ter grana para contratar um agente. Com isso em mente, a startup INFLCR trouxe inteligência artificial e reconhecimento facial para ajudar os atletas a ganharem dinheiro com o seu branding. Em uma única plataforma, o atleta consegue ter acesso às métricas de mídias sociais, às oportunidades de monetização nas redes e, mais importante, aos possíveis conteúdos que pode postar nela. Isso porque, como falamos, a INFLCR usa reconhecimento facial (e reconhecimento de número da camiseta, ou número do atleta), então consegue captar, dos vídeos de treinos e competições, os momentos em que o esportista está na ativa, o que dá a ele vídeos ou fotos para compartilhar nas redes, uma verdadeira mão na roda – ou seria na bola? – para essa galera. E não ache que presença em rede social não conta tanto, tem um pessoal que calculou que uma das atletas universitários mais famosos dos Estados Unidos, poderia faturar algo próximo de US$ 870 mil por ano apenas se usasse o poder da audiência de suas páginas em redes sociais. Também vem dos EUA a OpenSponsorship, um tipo de marketplace para que marcas e atletas se encontrem, e encontrem os melhores modelos de patrocínio.
Only (Sports) Fans
Mas há atletas que preferem gravar os seus próprios conteúdos para postar em redes pagas. Como no caso da tenista australiana, Angelina Graovac, que criou uma conta no OnlyFans para conseguir ter um apoio financeiro enquanto tenta se tornar profissional. Levando os 16 mil seguidores do Instagram a se tornarem mais do que o dobro de pagantes no OF. A rede também atrai atletas olímpicos: a esportista do salto com vara (e possível medalhista, inclusive), Alysha Newman, criou uma conta no OF poucas semanas antes do começo das Olimpíadas e, por ali, compartilha fotos de bastidores da competição. A Twitch é outro espaço digital dedicado aos esportes, só que os e-sports, que está atraindo atletas que querem não só conversar diretamente com a sua audiência como, também, monetizar as suas imagens. Durante o momento mais complicado da pandemia, enquanto todos os esportes foram pausados, alguns times acabaram indo para a Twitch, como o caso da seleção inglesa de Rugby, que participou de um campeonato de League of Legends. Os corredores Max Verstappen e Lando Norris fizeram uma live na Twitch ano passado para jogarem, exatamente, um game de fórmula Um. O resultado: mais de 70 mil visualizações ao vivo. Ah, ainda tem alguns outros esportistas apostando na Cameo, um espaço onde os fãs podem pagar para receber vídeos ou mensagens personalizadas de celebridades! De acordo com o Guardian, atletas podem chegar a receber algo em torno de US$ 3 mil por dia nessa plataforma.
Motivation as a Business
OnlyFans, Close Friends etc, são possibilidades de monetização de conteúdo no formato 1 para N, ou seja, o mesmo conteúdo é compartilhado para todos os seguidores pagantes. Porém, existe uma outra tendência que vem dos mundo dos Creators e Influenciadores e faz todo sentido para os atletas. A produção de conteúdos curtos customizados. StartUps como Cameo, Tribute dentre várias outras, já possuem esse modelo, permitindo que seguidores comprem vídeos com mensagens curtas em vídeo com conteúdos e textos personalizados. O próprio TikTok já está criando sua versão do Cameo. Aqui no Brasil temos a Polen que tem como CEO o Sobhan, ex-CEO da NZN com um sistema parecido.
Learning as a BusinsessAqui cabe a pergunta: você não gostaria de receber um curso ou aprender a arremessar peso com o quarto melhor atleta do mundo da modalidade? Ou aprender a surfar com a mesma equipe que treinou o medalhista de ouro do surfe?! Ou descobrir como andar de skate com a medalhista de prata? Ou treinar como uma semifinalista do boxe olímpico? Ou, até mesmo, aprender sobre motivação, foco, persistência e objetividade com quem treina esse pessoal todo? O modelo 1 para N, que já falamos ali em cima, permite que atletas ganhem escala com palestras ou aulas. Plataformas como o Curseria, que costumam trazer personalidades para dar cursos sobre os assuntos que são especialistas, poderiam contratar atletas e seus times.Trazendo, assim, uma renda recorrente para essas pessoas, sem necessariamente passar pelo filtro do patrocínio.
Olimpíadas digitais
De volta ao Japão, este ano, devido a particularidades que bem conhecemos, o comitê olímpico abriu um pouco mais as regras para esportistas postarem conteúdos antes e durante a competição. Além disso, houve uma pequena brecha para patrocinadores dos atletas aparecerem durante os jogos. Para a gente, isso apareceu em forma de vídeos nos stories, YouTube e TikTok. Por aqui, atletas como a fadinha Rayssa Leal ganhou mais do que a medalha de prata em skate street, ela pulou de 704 mil seguidores para 6,5 milhões de seguidores em suas redes. A ginasta artística Rebeca Andrade também teve um crescimento gigantesco nas suas redes, passando a 2,2 milhões de seguidores.
Medalhista de prata no street, Kelvin Hoefler também viveu o mesmo fenômeno nas redes. Em menos de 10 horas, o número de seguidores dobrou. Até o momento, seu perfil no Instagram contabiliza um aumento de 243%. Todos esses dados são de uma pesquisa recente da Spark, que inclusive já esteve em um podcast aqui conosco. Thanks Rapha! 🙂 Lá fora, a atleta paralímpica Hunter Wodhall tem mais de 2 milhões de segudores no TikTok, e costuma postar tudo sobre sua preparação para os jogos paralímpicos e um dos medalhistas de ouro no salto ornamental, Tom Dailey, é bastante conhecido por seu canal no YouTube, onde tem 900 mil assinantes. Por lá, ele usa o espaço para conversar com os fãs, mas também para mostrar bastidores, incluindo aí o das Olimpíadas de Tóquio. Falando em mostrar os bastidores, foi por aí que a nossa fadinha, Rayssa Leal ganhou destaque antes da medalha. E também temos que falar de Douglas Souza, jogador da seleção brasileira de vôlei masculino, que acabou conseguindo fechar um contrato de patrocínio com a XP Investimentos (que pode levá-lo a faturar R$ 25 mil por postagem) depois de fazer sucesso com seus vídeos de bastidores dos jogos e de danças nas redes sociais.
Caminho para Paris
Estamos no meio de uma transformação no mundo da monetização e valorização de conteúdos e propriedade intelectual. Até empresas como Google e Facebook, que até então entendiam que os conteúdos ali distribuídos criavam um ecossistema apenas para eles mesmos monetizarem, estão agora abrindo novas formas de recompensar as pessoas que trabalham para gerar os conteúdos que garantem essas audiências. O Google já anunciou que o YouTube separou uma verba específica para pagar aos geradores de conteúdo e também falamos na semana passada sobre o Marketplace criado no YouTube para os Influenciadores venderem produtos e serviços diretamente em suas Lives. O Facebook indo na mesma direção com as mudanças no Instagram, seja para pagamento de conteúdo, seja para criação de lojas para os Creators. Além da versão substack do Facebook para newsletters.
No final do dia, os Jogos Olímpicos, assim como a Copa do Mundo, a NFL etc, são um grande negócio, que gera dezenas e centenas de milhões de dólares para os organizadores. Porém, nos esportes individuais, onde temos o maior efeito longtail e desigualdade de financiamento, a conta pode não estar fechando para quem garante que os eventos aconteçam. Então, assim como no mundo dos Creators e Big Techs, onde a conta precisa fechar para quem gera conteúdo e garante a audiência que empresas como Google e Facebook monetizam aos bilhões, cabe aqui uma reflexão, e uma oportunidade, com a criação de novos negócios que possam gerar possibilidades para o longtail dos futuros medalhistas. E no final, é Ouro para quem puder ajudar nessa equação.
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