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Não é sobre tecnologia, mas sobre ecossistemas

Você já tentou entender (de verdade) os novos ecossistemas digitais estão surgindo?

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Esses dias estava tomando banho e meu relógio tremeu com a mensagem de que o pintor que faria um serviço em casa havia sido liberado pela portaria, e já na tela do relógio aparece o nome e o RG da do profissional. Para alguns, uma situação como essa já pode ser algo corriqueiro, para outros nem tanto, mas independente de o seu prédio ou condomínio já ter ou não esse tipo de serviço, ele já está disponível e a preços super acessíveis para ser implementado. Mas a ideia aqui não é falar sobre como a tecnologia em si está cada vez mais acessível em valores, mas sim como os ecossistemas que foram sendo criados, muitas vezes com outros objetivos, permitiram essa evolução com a entrada de diversos players co-habitando as possibilidades que iam surgindo.

Se alguém comentasse num passado distante sobre um relógio que mostrasse na tela o nome da pessoa que chegasse na portaria do seu prédio, dificilmente nós pensaríamos no ecossistema e no fluxo que essa informação faz hoje em dia. Provavelmente imaginaríamos uma empresa que venderia um “Kit Campainha + Relógio”, que se comunicariam diretamente para disponibilizar essa informação. Parece algo estranho, mas ainda hoje temos esse conceito no dia a dia, de interações “fechadas” e não integradas em ecossistemas. Exemplo? O controle remoto da TV, do ar condicionado, ou mesmo do portão da garagem. Porém, a virtualização de cada etapa de uma cadeia de conexões vem se tornando algo cada vez mais cotidiano e quase imperceptível em nosso dia a dia. Aos poucos, todas as ações, de todos os objetos, terão a sua “alternativa” na nuvem. E entender essa cadeia e essas conexões pode ser importante não apenas para tentar imaginar o que pode estar por vir nos ecossistemas já existentes, mas também para tentar compreender como os novos ecossistemas que estão surgindo podem abrir oportunidades. No início é normalmente difícil compreender quando novos ecossistemas estão surgindo, assim como no passado não entendíamos como o nosso relógio poderia controlar o ar condicionado, então olhar para os aprendizados do passado é a melhor forma de tentar entender o futuro.

Voltando a cena do banho, a mensagem que chegou no relógio percorreu um caminho pautado por diversos players e tecnologias, dentro de um ecossistema que não foi criado especificamente para isso, mas que ao existir permitiu esse tipo de interação. O sistema de portaria que agora está ligado na nuvem, permite que a informação que outrora ficava apenas na portaria esteja disponível em qualquer lugar. Em paralelo, o conceito de aplicativos para smartphones, criado pela Apple lá em 2008, permite que qualquer empresa desenvolva uma aplicação que recebe no celular informações da nuvem. Além disso, a criação do Push Notification permitiu que qualquer App pudesse notificar seus usuários de novidades sem que fosse preciso acessar o aplicativo. Esse ecossistema se completa com IoT ou wearables no qual uma outra empresa pode criar um dispositivo, no caso um relógio, que pode se comunicar com um iPhone ou Android, para receber ali as informações da nuvem. Ufa! 🙂 Com isso, as informações que estavam na nuvem podem agora chegar no app do celular e migrar para um relógio que pode espelhar o push do smartphone em sua tela para avisar sobre o acontecimento de qualquer produto ou serviço que faça parte deste ecossistema, ali, direto na tela do relógio. Com esse ecossistema pronto, a empresa de portaria eletrônica, que recebeu o cadastro do pintor, não precisa se preocupar com o telefone, a conexão, e nem o relógio. Basta ter sua informação em tempo real na nuvem e ter um App para iOS ou Android. Com isso, cada novo cadastro da portaria pode chegar por push não apenas nos celulares e relógios, mas também no carro e até na tela da sua geladeira.

Acho que fica óbvio que nada disso foi criado para atender a demanda da empresa de portaria, mas entender esse ecossistema permite que a empresa se venda dizendo que agora o seu sistema permite que a sua geladeira saiba sempre que a porta da garagem for aberta.

Mas porque estamos trazendo esse racional aqui no Morse? O que parece óbvio para todos hoje não era tão óbvio assim no passado, e as empresas que foram entendendo como esses ecossistemas estavam sendo criados, as oportunidades que estavam surgindo, conseguiram criar ou adaptar seus negócios, gerando inovação, mas sem ter que arcar com todos os custos dessa cadeia.

Agora vamos para o mundo de hoje em dia: open finance, open banking, open health, blockchain, NFT, metaverso e tudo mais. Podem parecer palavras hypes que estão distantes do seu negócio, mas entender como esses ecossistemas estão sendo criados podem abrir seus olhos para como o seu negócio pode se expandir para novas frentes, muitas vezes com um custo muito pequeno frente o resultado que pode ter.

Em 1995, Bill Gates tentava explicar como a internet mudaria a vida de todos nós e neste famoso vídeo o que mais surpreende é a reação das pessoas ao subestimar o poder das novas tecnologias. Esse vídeo pode ser comparado aos dias de hoje quando falamos das temáticas acima. Será que a reação do público com a era da internet é a mesma na qual estamos tendo agora com temáticas como blockchain, metaverso e NFTs? 

É claro que não é simples. Há muito o que ser questionado e constantemente avaliado, afinal, as novas tecnologias permitem o surgimento de novos projetos e negócios disruptivos que precisam ser operados com seriedade. Mas isso não tira o mérito e relevância dos potenciais ecossistemas que podem surgir com estas novas tecnologias. 

No vídeo de Gates, onde o entrevistador o pergunta sobre os benefícios da internet, os “fins” pareciam o mesmo. Encontrar uma informação poderia ser feito na internet, mas também na assinatura de uma revista que possui as devidas informações. Se comunicar com alguém poderia ser feito via e-mail ou também através de cartas e telefonemas. No fim, a real necessidade da internet foi por um momento subestimada. Mas a grande diferença estava no “meio”, ou seja, em como todas aquelas atividades eram realizadas, seja de forma mais prática, fácil, eficiente, criando novos ecossistemas e interações. 

Como mencionamos acima, estas novas tecnologias podem e já estão mudando drasticamente a forma como realizamos este “meio”, seja interações sociais, finanças, compras, negócios, e muito mais! Ignorá-las, assim como no passado muitos ignoraram o poder da internet, só acarretará em um atraso no crescimento, evolução e principalmente adaptação do seu negócio. 

Além disso, um dos grandes erros dos profissionais e empreendedores é migrar de ecossistema com a cabeça de outro. Muitos valores e pilares que constituem a Web 2.0  são diferentes dos que constituem a Web 3.0, por exemplo. E o resultado desse erro é que vemos diversas marcas atuando de forma “descolada” com as novas tecnologias sem nem saber o real potencial delas, apenas desfilando soluções superficiais. Falamos sobre esse assunto aqui no Morse em ‘Vou ou não vou?’. Outra dica legal é a leitura do livro ‘Plataforma’ que contextualiza o ecossistema que envolve o poder das novas plataformas, sua arquitetura, os processos que levam à transformação de indústrias tradicionais. Os autores  aconselham líderes num movimento de transição de ecossistemas e plataformas. 

Não olhe para as tecnologias do momento como quem achava que o relógio que conversa com o ar condicionado seria um Kit único de um produto que funcionaria assim como o controle remoto de uma TV, tente entender cada ecossistema que está sendo criado, como ele funciona, quais os elos, quais as portas de entrada, os inputs e outputs. Empresas que criam ecossistemas e plataformas precisam de cases de sucesso, e nesse sentido, ser o pioneiro pode ajudar a catapultar a sua ideia para onde nem imagina.

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