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Dando Match no Web Summit

O que Startups, Investidores e Corporações estão ou deveriam estar buscando no evento

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Morse no Web Summit Rio 2023

Esta semana o Morse esteve presente no Web Summit Rio, versão brasileira do maior evento de tecnologia da Europa, o Web Summit, que acontece desde 2009 em Lisboa, Portugal. A versão carioca do evento, que inicialmente projetava 5.000 visitantes, acabou recebendo 21.367 participantes de 91 países durante os 4 dias de evento. Além de todo o conteúdo, inspiração e networking em geral, muitos dos presentes, principalmente as Startups que estavam ali expondo (cerca de 974 empresas de 42 países), ou mesmo visitando, estavam atrás de Match. Tanto que o App Oficial do evento (muito bom por sinal), ficou conhecido como o “Tinder das Startups”.

A matemática do Match

Em um café que tivemos no evento, envolvendo empreendedores e investidores, uma conta foi simples de fazer, se pensarmos apenas nas possibilidades de negócios e parcerias entre as 974 Startups presentes, matematicamente, são quase 1 milhão de possibilidades. Além disso, existiam as Corporações, em busca de oportunidades de inovação e os diversos investidores, de todos os tipos e tamanhos, de pessoas físicas e grupos de investidores anjo buscando oportunidades nas Startups Alpha (categoria de entrada) passando pelos investidores mais estruturados analisando as Startups Beta (categoria intermediária) até os grandes VC’s (Venture Capital Investors), estreitando relacionamento com as Startups Growth (categoria das empresas já em aceleração e ganho de escala). Com tantas possibilidades é preciso ter foco pois, como diz o dito popular “quem tudo quer, nada tem”, e ter foco nesses momentos é essencial para ter “um pássaro na mão e não dois voando”.

O impacto do case OpenAI + Microsoft

Até o começo deste ano, quando a Microsoft anunciou o seu investimento adicional de U$ 10 bilhões na OpenAI, o mercado de VC estava meio apático e cético com as “news technologies” e suas promessas transformadoras. Porém, o case OpenAI + Microsoft acabou virando um exemplo de como encontrar uma nova tecnologia e incorporá-la de forma correta pode mudar por completo uma empresa. A Microsoft conseguiu, apenas 2 meses após o lançamento do ChatGPT, implementar as soluções da OpenAi em diversos de seus produtos, começando pelo seu buscador (já quase obsoleto) Bing, passando pelo seu serviço de nuvem, Azure, e chegando até aos seus produtos core business, como o Pacote Office. Em todos os casos, a nova tecnologia fez com que os produtos entrassem em evidência, no caso do Bing literalmente ressurgindo, e com impacto em vendas, receita e, principalmente, valor das ações.

Em notícia recente, que divulgamos aqui no Morse, a Microsoft reportou que suas ações valorizaram cerca de 8,3% por impactos diretos relacionados ao movimento trazido pelas inovações incorporadas da OpenAI. Levando em consideração o valor de mercado da Microsoft, de U$ 2.000.000.000.000,00 (não erramos nos zeros não… Dois trilhões de dólares!!), um ganho de 8% em valor de mercado representa cerca de U$ 160.000.000.000,00 (cento e sessenta bilhões de dólares), ou seja, a conta está muito bem paga.

Patinho feio, cereja do bolo ou o bolo em si?

Falar sobre grandes empresas investindo em startups não é necessariamente uma novidade. O CVC, Corporate Venture Capital, ou apenas Corporate Venture, é um mercado já estabelecido globalmente e também aqui no Brasil, com uma série de cases como Natura Ventures, Bradesco Inovabra e Cubo Itaú. Em 2021 o mercado de CVC somou US$ 2 bilhões no Brasil, metade de toda a movimentação da América Latina, segundo o CB Insights.

Porém, executar o plano não é tarefa simples. Historicamente, quando grandes empresas começaram a fazer esse tipo de movimento, o maior risco é o de “abafar” a startup que está sendo adquirida; matar a cultura, burocratizar, perder agilidade, criar restrições de mercado etc, são pontos críticos que chegavam a afugentar empreendedores à seguirem com esse formato, com medo de virarem o “Patinho Feio” dentro de grandes empresas.

A solução passou a ser criar núcleos externos de inovação, funcionando como laboratórios de ensaio, que são subsidiados pelas grandes corporações, mas que trazem liberdade para as startups. Esse modelo realmente criou uma série de oportunidades e atraiu diversos empreendedores que antes tinham receio de fazer parte de ecossistemas corporativos, porém acabou posicionando as startups como “Cereja do Bolo”. Ou seja, as startups tinham toda liberdade, mas por outro lado, ficavam tão distantes do dia a dia das grandes empresas, que muitas vezes suas soluções eram pouco, ou nada, aproveitadas pelas corporações no core e eram muito mais utilizadas para “dar um ar de inovação” no discurso. Já no caso da Microsoft, podemos dizer que a OpenAI se posicionou não apenas como uma simples “Cereja do Bolo”, mas sim como um ingrediente importante, senão o principal, para trazer a Microsoft de volta ao paladar dos seus clientes e acionistas.

A forma como a OpenAI, e sua solução ChatGPT, se encaixam nos produtos e serviços da Microsoft, acrescidos da velocidade de como foram incorporados, criaram uma reviravolta no mercado. Tanto que em search, mercado no qual o Bing (buscador da Microsoft) estava muito, mas muito distante da pole position, teve uma reviravolta a ponto de fazer com que o Google emitisse um “código vermelho”, chamando seus fundadores, Larry Page e Sergey Brin, para ajudar a combater os avanços da Microsoft.

Procurando Cereja ou Bolo no Web Summit?

Agora, voltando ao Web Summit, dentre as 974 Startups ali em exposição, será que existe alguma que poderia ser a nova receita do bolo de alguma grande empresa? É óbvio que um deal de U$ 10 bilhões de investimento que movimenta U$ 160 bilhões em valor de mercado não é para se achar em qualquer esquina dos corredores do evento, mas, na devida proporção, achar uma startup com uma tecnologia, inovação, ou mesmo uma ideia, que possa gerar um valor de 16x o investimento para uma grande empresa não é algo de outro mundo. Mas será que todos ali estavam preparados para essa lição de casa?

Em um papo com alguns empreendedores que estavam no evento, muitos deles estavam na busca de investimento, de olho nos VCs ali presentes. Os discursos estavam afiadíssimos para as perguntas padrão que ali chegariam: ARR, MRR, CAC, LTV, Churn, NPS, Run Rate, etc. Ou seja, todos os indicadores que são válidos na operação quando se olha para um investidor puramente financeiro. Mas como seria o deal de uma Healthtech sendo incorporada por uma Rede de Hospitais? Uma Fintech por um Banco? Será que as Startups ali presentes estão com o discurso afiado sobre como fazer a transformação do seu setor atuando por dentro de uma grande corporação? E será que as grandes corporações estavam ali com olhos não apenas para inovação adjacente, mas também para buscar uma forma de reinventar seus negócios?

Oi Microsoft, eu sou o ChatGPT

Se encontrássemos o Gênio da Lâmpada acho que gastaríamos um dos 3 pedidos para ter participado da reunião onde foi feito o Pitch de Sam Altman, CEO da OpenAI, para a Microsoft quando recebeu o primeiro aporte de U$ 1bi em Julho de 2019. Será que Sam falou mais sobre indicadores financeiros da OpenAI, como os que comentamos acima, ou será que apresentou como poderia transformar a Microsoft? E a Microsoft, ao avaliar o investimento, será que pensou mais no valuation da OpenAI ou no quanto isso poderia valer para o seu próprio negócio?

Ao se concentrar exclusivamente no valuation de uma startup, ou olhar apenas as oportunidades de inovação adjacentes, as grandes empresas correm o risco de perder oportunidades valiosas de inovações e evoluções que podem ajudá-las a se adaptar às mudanças do mercado ou até mesmo serem as repercurssoras destas mudanças. É essencial que as empresas abram suas mentes para novas possibilidades e estejam dispostas a serem criativas na construção em conjunto de soluções junto com as startup, não apenas investindo, mas abrindo espaço para cooperações estratégicas.

E você? Já pensou no quanto uma startup pode mudar a rota do seu negócio?

E se já pensou, deu algum match no Web Summit?


O Morse Trends de hoje foi enviado excepcionalmente no sábado pois nosso time estava na cobertura do Web Summit Rio e também com o stand do digitaliza.ai no evento.

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