Julia Hartz é cofundadora e CEO da Eventbrite, plataforma global de tecnologia de eventos e ingressos. Ela é conhecida por sua liderança na Eventbrite durante a pandemia de COVID-19 e por capacitar mulheres na indústria de tecnologia. Hartz foi selecionada como uma das mulheres empresárias mais poderosas da revista Fortune.
Hartz começou sua carreira como executiva de desenvolvimento na MTV, onde contribuiu para a série de TV Jackass de 2001 a 2003. Em 2006, ela cofundou a Eventbrite com Kevin Hartz e Renaud Visage. A empresa agora tem mais de 700 funcionários globais com escritórios em 12 países. Em abril de 2016, Hartz foi nomeada CEO e tornou-se membro do Conselho de Administração da Eventbrite. Em setembro de 2018, Hartz abriu o capital da empresa, “tornando-a uma das poucas mulheres a liderar a bem-sucedida oferta pública inicial de uma startup de tecnologia. Para falar sobre seus aprendizados na jornada empreendedora, Julia Harts é nossa entrevistada de hoje 🙂
Por quais razões vocês começaram a Eventbrite?
Começamos a Eventbrite porque acreditávamos genuinamente no poder dos eventos ao vivo para unir as pessoas e construir uma comunidade. E sabíamos que uma plataforma de autoatendimento independente de categoria poderia democratizar o espaço de eventos. Mas na época, as pessoas diziam: “Do que você está falando? Pequenos eventos não são valiosos.” Tínhamos que ser implacáveis para ajudar outras pessoas a entender e acreditar em nossa missão, e isso seria impossível sem convicção.
(Sequoia)
Quais eram as expectativas com a Eventbrite?
Sempre esperávamos apoiar empreendedores por meio de nossa plataforma, mas não sabíamos a magnitude. Realmente não tínhamos ideia da força dessa comunidade empreendedora na criação de eventos, bem como de nossa capacidade de criar uma plataforma que os ajudasse a expandir seus negócios além de apenas vender ingressos para seus eventos.
(Master of Scale – 2019)
Que conselho você daria a alguém que está abrindo uma empresa?
Não faça isso a menos que você tenha uma quantidade insana de convicção. Isso não significa ter certeza de que o produto funcionará, mas significa acreditar plenamente na missão. Se você começar um negócio dizendo: “Vamos ver se isso funciona, senão eu farei outra coisa”, por que se preocupar? Porque não vai ser fácil. Para enfrentar todos os altos e baixos de abrir uma empresa, você precisa incorporar uma mentalidade de crescimento e ter coragem para continuar.
(Sequoia)
Como foi a construção do produto da Eventbrite?
Então, quando iniciamos a Eventbrite, desenvolvemos o produto de mãos dadas com nossos primeiros usuários. E esses primeiros usuários eram principalmente blogueiros de tecnologia, que estavam usando a plataforma para hospedar encontros. E parte desse processo foi criar uma espécie de ciclo de feedback estreito com literalmente as pessoas mais críticas que você poderia ter usando seu produto.
Tivemos o benefício de um ciclo de feedback constante, mas quando isso aconteceu – quando começamos a ver a plataforma ser adotada organicamente por criadores de eventos em diferentes categorias em diferentes regiões geográficas – foi quando realmente começamos a entender que apenas seguiríamos nossos criadores de eventos.
(Master of Scale – 2019)
Como você visualiza a cultura de uma empresa?
A cultura é uma manifestação das pessoas que estão na empresa naquele momento. Não pode ser algo parado no tempo… está em constante evolução. É mais como um organismo vivo que respira do que um inseto preso em âmbar.
Cultura no local de trabalho dificilmente era uma palavra da moda quando construímo a empresa. Foi considerado um “bom ter”. Como presidente da empresa antes de se tornar CEO, eu me aprofndei no conceito, apesar de saber pouco sobre recursos humanos. E enquanto aumentava a empresa de 30 pessoas para quase 1.000, eu estudei a evolução da cultura.
(Inc – 2022)
Que pequena mudança fez uma grande diferença em sua vida?
Mais leitura e reflexão. Ultimamente, tenho participado de uma odisseia de livros, deixando que os insights de um livro me levem organicamente ao próximo. Tudo começou com a autobiografia de Katharine Graham, História Pessoal . Isso me levou a reler The Outsiders de William Thorndike, porque Graham é abordado nesse livro. Então The Outsiders me fez pensar em Mindset de Carol Dweck, então eu reli isso também.
(Sequoia)
E diante disso, o que você aconselha para os empreendedores criarem em sua rotina?
É importante reservar um tempo para refletir, pensar sobre o desenvolvimento pessoal e o que significa construir uma grande empresa. Já percebi que consigo falar melhor a verdade e isso está gerando mais confiança em nossa equipe. Meu instinto inicial é fazer com que todos se sintam bem consigo mesmos o tempo todo, mas percebi que um feedback vago e inatingível não é uma gentileza. Posso mostrar a alguém que me importo, dando-lhes um feedback específico, honesto e acionável.
(Sequoia)
Uma tendência que vocês notaram foi a forma como os organizadores promoviam eventos fora da Eventbrite, certo?
Sim, um exemplo foi em 2009 quando começamos a ver o Facebook aparecer como uma das 10 principais fontes de tráfego para o site. Este foi o feed de notícias dos primeiros dias. O Facebook Connect ainda não foi lançado…
Nosso chefe de produto na época disse: “Ei, dê uma olhada nisso. Eu me pergunto como as pessoas estão usando o Eventbrite e o Facebook.” Nós investigamos. Descobrimos que os criadores de eventos estavam publicando sua listagem de eventos Eventbrite e, em seguida, pegando a descrição e copiando e colando manualmente no Facebook, em um evento do Facebook para promover seu evento no feed de notícias.
(Master of Scale – 2019)
E aí surgiu uma parceria com o Facebook, certo?
Levamos nossos dados e descobertas para o Facebook. Nós os demos a Dave Morin. Nós dissemos: “Ei, veja isso.” Por sua vez, ele nos deu a chave de API de eventos que ninguém mais tinha para o Facebook Connect. Construímos a ponte para que os criadores de eventos possam enviar seu conteúdo para o Facebook com apenas um botão. Participamos do lançamento do Facebook Connect.
(Master of Scale – 2019)
O que é algo que você aprendeu que você se apoia diariamente?
A importância de dormir o suficiente – especialmente durante os horários de pico. Em semanas, por exemplo, quando estou tomando algumas decisões difíceis e tentando comunicar o contexto ao seu redor – seria fácil queimar a vela pelos dois lados. Em vez disso, chego em casa todos os dias a tempo de jantar com minhas filhas e vou para a cama quando elas chegam, às 20h30 ou 21h. Dormir o suficiente me ajuda a manter o foco.
(Sequoia)
