Ghost Interview
And this is Triller, Triller app!!!!
Enquanto o TikTok está passando por todos os percalços jurídicos e políticos nos Estados Unidos (que sabemos bem), teve um outro aplicativo que acabou crescendo: o Triller. Também voltado para micro-vídeos com uso de trilha sonora, o aplicativo norte-americano chegou à marca dos 250 milhões de downloads. Mas nossa curiosidade cresceu mesmo quando uma série de influenciadores do TikTok migraram para o Triller. O Ghost Interview de hoje foi atrás de Bobby Sarnevesht, o chairman do Triller. Mas como tem mais sal nessa pipoca, a conversa também chegou a Ryan Kavanaugh, fundador da Proxima Media (e um nome conhecido do mundo das produtoras, já que ele foi produtor executivo de filmes como Velozes e Furiosos; A Rede Social e Mamma Mia).
Assim como o TikTok, o Triller foi lançado há um tempo, mas voltado para outra coisa: para dublagem de músicas. O app estreou em 2015, mas foi comprado em 2019 pela Proxima Media, de Ryan e Bobby. O que eles fizeram foi torná-lo mais aberto para a indústria musical – quase como um serviço de streaming de música – e também passaram a fazer parceira com outros apps, como o Snapchat. Neste ano, com as controvérsias em volta do seu principal concorrente, o Triller acabou crescendo em audiência e também chamando atenção de influencers. Mas, como eles pretendem crescer para além do buzz? Ryan e Bobby falam tudo por aqui….
Antes do Triller, vocês foram da Relativity, a primeira produtora que assinou acordo com o Netflix lá em 2010. Na época, muitos ficaram em dúvida sobre o poder do streaming. Agora que as tais “streaming wars” estão por aí, como vocês olham para o futuro do conteúdo em vídeo?
Ryan Kavanaugh: Nós achamos que as gigantes, as Disneys do mundo, estão tentando correr atrás da Netflix, mas estão apenas correndo para o passado e não para o futuro. O problema é que eles estão indo atrás de lançar conteúdos de formato longo – lançando streaming services com séries de muitos episódios ou filmes longos.
Como em 2010 e 2011, achamos que os estúdios que agora estão indo atrás de streaming estão olhando para o passado. Para a gente, o futuro terá só um conteúdo, e as pessoas vão assisti-los em uma única plataforma. Os usuários não querem dividir a atenção e ver apenas formato longo na televisão, um pedaço pelo telefone, eles querem tudo em um lugar só.
O que fizemos criamos um aplicativo chamado Triller, social streaming. Reconhecemos que consumidores querem plataforma que eles assistem o que querem, da forma que querem, mas também interagem com esse conteúdo. O futuro do entretenimento terá todas as peças – seja formato longo, curto ou médio, em um espaço só.(Apresentação no SALT Abu Dhabi 2019 em 11 de dezembro de 2019)
Mas o que é, exatamente, o modelo do Triller, e como ele se diferencia de outros aplicativos de vídeos curtos?
Bobby Sarnevesht: Criamos um modelo em que, pela primeira vez, o streaming consegue beneficiar todos os criadores de música. A gravadora, os artistas e os publishers ganham crédito e receita pelos streams feitos nos nossos videos curtos e ainda ganham as taxas associadas ao streaming. Um play de 30 segundos do vídeo é o mesmo que um stream completo no Spotify.
Diferente de outras plataformas, o Triller coloca o crescimento do artista no centro e ajuda os músicos nas charts da Billboard, elevando as contas de streaming deles. (Entrevista ao Musical Business em 20 de dezembro de 2019)
Ryan Kavanaugh: Nós estamos criando a MTV para a geração de hoje, e criando um espaço para crescimento de todo o ecossistema da música. Queremos ser um destino, e não apenas um aplicativo.(Entrevista ao Musical Business em 20 de dezembro de 2019)
Qual o engajamento que o componente da música traz ao Triller?
Bobby Sarnevesht: Se você olha a conversão do modelo freemium para premium no mundo dos games, está perto de 6%, se você olha para a conversão de streaming, como o Spotify, eles convertem do freemium para o premium em algo próximo de 50%.
Quando você usa a música interativamente,a chance de compartilhá-la aumenta em 100%.
(Apresentação no SALT Abu Dhabi 2019 em 11 de dezembro de 2019)
Bobby Sarnevesht: A música também abre espaço para uma série de outras features como eventos, séries de shows em lugares diferentes. O aplicativo se tornou um destino para um uso diverso tanto para produtores quanto para usuários “comuns”.
(Entrevista ao site dot.La em 21 de julho de 2020)
Vocês comentam que as licenças das músicas e as parcerias com grandes gravadoras são um diferencial do Triller, mas podemos também falar que existe um ponto chave quando juntamos personalização de um algoritmo e a música, não é?
Ryan Kavanaugh: Sim, a descoberta musical é um ponto que podemos destravar no aplicativo. Existem 20 mil músicas sendo colocadas no ar por dia nos Estados Unidos, a descoberta de música é um dos maiores desafios que a indústria passa hoje em dia. (Entrevista ao Music:)Ally em 19 de março de 2020)
E quando falamos de negócio, como anda a monetização do aplicativo?
Bobby Sarnevesht: Ainda não conseguimos monetizar o aplicativo por completo. Estamos pensando em ads, em eventos ao vivo, teremos a luta do Mike Tyson [que eles fizeram um stream ao vivo há alguns meses], além de parcerias, acredito que nossa receita fique em US$ 100 milhões este ano e deve triplicar o ano que vem, quando focarmos mais em ads. No momento, estamos focando muito no crescimento, e vemos o resultado disso, assim que virmos esse resultado.
Estamos esperando 100 milhões de downloads até o final do ano. O que estamos vendo no Triller é o capítulo dois do nosso product map. Estamos colocando mais pessoas, alguns influencers estão indo para o Triller do TikTok.(Entrevista ao Fox Business em 18 de agosto de 2020)
Sabendo disso, que a Charli D’Amelio, uma das maiores influencers do TikTok, foi para o Triller e é um caminho que outros estão tomando, é impossível não compará-los ao TikTok. Como vocês se veem em comparação a eles?
Ryan Kavanaugh: Nós nos vemos como a versão adulta do TikTok. Nós vemos o TikTok como um trampolim para o Triller. Antes dessa confusão toda, nós falávamos para os outros que não éramos competíamos com o TikTok.
Acabamos tendo que acrescentar algumas features ao nosso aplicativo quando o Josh Richards [um influencer do TikTok] se aproximou do Triller, falando que queria trocar de plataforma. No entanto, não temos planos de seguir a fórmula do TikTok.
(Entrevista à CNBC em 7 de agosto de 2020)
O Triller tem feito parcerias com outros aplicativos maiores, como com o Spotify, o Apple Music e o Snapchat. Fale um pouco sobre isso.
Bobby Sarnevesh: O Snapchat é o nosso parceiro ideal. A profundidade e a amplitude da sua base de usuários, junto com a sua capacidade de compreender a cultura de hoje, são incomparáveis. Nós compartilhamos uma audiência que marcas e marketers lutam para atingir e, juntos, o Snap e o Triller agora oferecem um pacote completo de audiência.
(Press release de 31 de março de 2020)
Na índia, onde o Triller está crescendo exponencialmente, vocês firmaram recentemente uma parceria com a Jio. O serviço de streaming de música da Jio, o JioSaavan, vão embedar os vídeos do Triller no streamer. Optar por fazer parceria com uma operadora é uma maneira interessante de crescer…
Bobby Sarnevesht: Nós não poderíamos estar mais felizes de ter feito parceria com, não só uma das maiores empresas da Índia, mas uma das maiores operadoras do mundo. Para a gente, se tornar um dos principais streamers de vídeos de música do JioSavaan é algo sem precedentes.
(Press release publicado em 24 de agosto de 2020)
Vocês chegaram a fazer um bid de US$ 20 bilhões pelo TikTok, mas acabou que a Oracle firmou parceria tecnológica. Vocês, de fato, cresceram enquanto o TikTok estava na zona cinzenta de ser banido nos Estados Unidos. Qual a opinião de vocês sobre a situação atual do app?
Bobby Sarnevesht: O TikTok permanecer [nos EUA] é bom para o Triller e para o ecossistema em geral.
(Publicado na sua página do LinkedIn em 22 de setembro de 2020)
Por último, vocês foram um dos negócios que cresceram durante a quarentena. E mesmo assim, estão lançando uma série de features para absorver a mudança de hábito dos usuários e da indústria – como os eventos ao vivo e as parcerias que fizeram para fazer festas da Pachá de Ibiza. Como vê esse momento para os negócios digitais em geral?
Bobby Sarnevesht: Honestamente, se você tem um negócio, e você está com ele de pé, nem precisa estar crescendo, apenas está com ele aberto em 2020, tanto você quanto o seu time merecem os parabéns!
(Conversa na live do site The Wrap em 24 de setembro de 2020)